Game Music

Os compositores do cinema e televisão que já colaboraram para os videogames

Dotados de um enorme talento musical, conheça um pouco dos gênios criadores de trilhas marcantes de grandes sucessos do cinema e televisão, e suas contribuições para os games.

A arte da música é dominada por poucos, mas apreciada pela grande maioria das pessoas. Uma das manifestações de arte mais antigas da humanidade, atravessou séculos de história se reinventando, com direito a pérolas tão geniais quanto seus autores e algumas outras que não costumam durar mais que um verão. Gêneros que nascem de tempos em tempos, desde a música folclórica, passando por clássicos imortais e chegando a melodias características de cada gênero conhecido pela sociedade.




Dentro de tantos gêneros, a música de games, popularmente chamada de video game music, ou VGmusic, surgiu e também evoluiu como os demais com o passar das décadas. O que começou como simples sons sintetizados e robóticos, hoje potencializa nossas experiências como jogadores em verdadeiras obras dignas de serem executadas por uma grandiosa orquestra.


E para criar essas verdadeiras sinfonias, a indústria conta com mentes brilhantes capazes de criar melodias capazes de despertar até mesmo sentimentos que às vezes desconhecemos até sentirmos as primeiras notas da composição. Hoje vamos apresentar um pouco mais sobre algumas dessas mentes criativas e geniais que criaram trilhas igualmente emocionantes para vários jogos famosos, com seu trabalho não dedicado apenas a nos emocionar nos games, mas tem seus principais trabalhos nos grandes sucessos do cinema e da televisão.

Recomendamos o uso de fones de ouvido e que você esteja logado no Spotify para uma melhor experiência.

Bear McCreary

Nascido em 1971 em Fort Lauderdale, no estado norte-americano da Flórida, Bear se graduou em composição na USC Thornton School of Music. Foi aluno de Elmer Bernstein, uma lenda da composição para o cinema e autor da famosa trilha de “Sete Homens e um Destino” (1960). Um apaixonado declarado por cinema, começou sua carreira compondo para filmes independentes. Seus trabalhos mais recentes para a sétima arte são as trilhas do reboot de “Brinquedo Assassino” (2019) e do filme “Godzilla: Rei dos Monstros” (2019).



Muito de seu trabalho também pode ser conferido na televisão, assinando a composição de várias séries, como “Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D.”, “The Walking Dead” e “Da Vinci Demons”, que lhe rendeu um Emmy em 2013. Atualmente é responsável pela trilha sonora da adaptação para a TV de “Outlander”, que já está em sua sexta temporada.


Nos games, um de seus primeiros trabalhos foi em 2013, com a trilha sonora de Defiance (Multi). Mas foi em 2018 que seu nome entrou para o hall dos grandes dentro da composição para os games, criando a emocionante trilha sonora de God of War (PS4), que lhe rendeu o prêmio de melhor música do BAFTA Games Award em 2019.


Brian Tyler

O norte-americano Brian Theodore Tyler não só compõe como também conduz e produz muitas de suas obras. Seu currículo é recheado de grandes sucessos do cinema, em especial os títulos de ação como “Power Rangers” (2017), os filmes da franquia Velozes e Furiosos e alguns do universo cinematográfico Marvel, como “Thor: O Mundo Sombrio” (2013), “Homem de Ferro 3” (2013) e “Vingadores: Era de Ultron” (2015).



Na televisão, Tyler também tem seu nome ligado à composição das trilhas das séries “Sleepy Hollow”, “Yellowstone” e “Monstro do Pântano”, mas uma de suas obras mais conhecidas está ligada aos amantes do automobilismo, pois ele é o autor do tema musical oficial da Fórmula 1.


Apesar de seu forte ser as composições para o cinema, Tyler já teve a oportunidade de trabalhar em algumas ocasiões na indústria de games, e ambas em sua zona de conforto, as composições energéticas e injetoras de adrenalina. Brian foi o autor das composições musicais de Call of Duty: Modern Warfare 3 (Multi) e Need for Speed: The Run, um dos títulos mais eletrizantes da franquia da EA.



Mas talvez uma das mais marcantes de sua carreira nos jogos, foi a impressionante e fortemente característica trilha de Assassin’s Creed IV: Black Flag (Multi). Brian consegue transmitir com maestria o clima de ação e aventura dos tempos da pirataria com generosos toques de modernidade.

Christopher Drake

Dos compositores desta matéria, vocês ainda verão outros que trabalharam com obras relacionadas a heróis dos quadrinhos, mas no caso de Christopher Drake, foi onde ele sempre depositou o talento para suas obras musicais. Seus principais trabalhos foram as trilhas da maioria das animações da DC, produzidas pelos estúdios da Warner Bros., o que inclui “Superman e Batman: Inimigos Públicos” (2009), “Batman Contra o Capuz Vermelho” (2010) e a adaptação da obra de Frank Miller, “Batman: O Cavaleiro das Trevas” (2012).



Por consequência de sua grande afinidade com o universo dos heróis da DC, Drake foi convidado para compor a trilha de Batman: Arkham Origins (Multi) que, apesar de muitos jogadores considerarem este o menos interessante dos jogos da série Arkham, possui uma trilha sonora única e que me atrevo a dizer ser o ponto forte do game, conseguindo o mesmo nível de impacto das trilhas dos demais jogos produzidas por Nick Arundel.


Coroando sua participação, até então, nas obras da DC nos games, mais de suas composições podem ser ouvidas em Injustice: Gods Among Us (Multi) e Injustice 2 (Multi), onde trabalhou com outros compositores para a criação dos heroicos temas dos jogos da Netherrealm. As músicas tema dos dois títulos são de sua autoria.


Gustavo Santaolalla

O argentino Gustavo Santaolalla dispensa apresentações para os fãs da aclamada série da Naughty Dog, The Last of Us (PS3/PS4). Mas sua sutileza nas composições, sempre tendo como protagonista um violão, não rendeu apenas um lugar no coração dos fãs mas também muitos prêmios, incluindo um Bafta, um Globo de Ouro e dois Oscar.

Os dois prêmios da Academia foram resultados de suas composições para os filmes “O Mistério de Brokeback Mountain” (2005) e “Babel” (2006). O Globo de Ouro foi pela composição da canção original “A Love That Will Never Grow Old”, do filme de 2005. Além disso, a famosa música que todos conhecem do filme, “The Wings”, também é de autoria do artista.



Eu quero abrir um parêntese aqui para uma música em particular que eu adoro, e que descobri durante minha pesquisa para a produção desta matéria que os dedos de Gustavo estão envolvidos nela. A canção se chama “Te Amo y Más” e faz parte da trilha sonora do filme “Festa no Céu” (2014).


Mas calma, não vamos deixar de inserir aqui pelo menos uma das músicas de The Last of Us (PS3/PS4). O nome de Gustavo é tão influente quanto o de Joel e Ellie nesta história, pois não estamos apenas na companhia dos dois protagonistas durante sua violenta jornada. As músicas de Santaolalla são o terceiro integrante em nossa viagem. E ele estará de volta na Parte II em junho.

Harry Gregson-Williams

Aqui temos um dos grandes nomes da música nos cinemas. Harry Gregson-Williams possui uma enorme lista de filmes que levam sua assinatura nas composições. Comédias, ação, suspense e até animações. Os filmes do Shrek estão no meio dessa lista e outros títulos da carreira do artista são “Perdido em Marte” (2015), “O Protetor” (2014), “Cowboys & Aliens” (2011), a adaptação para o cinema de “Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo” (2010), dentre outros.



Mas um dos trabalhos mais notórios do compositor foi com uma das mais consagradas franquias dos videogames. Harry começou a trabalhar com Hideo Kojima na produção da trilha de Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty (Multi), e desde então sempre colaborou com o produtor para ajudar a dar mais intensidade aos momentos cinematográficos do game até o quinto título, lançado em 2015.



Henry Jackman

O britânico Henry Jackman é outro dos grandes nomes em Hollywood quando o assunto é composição para sucessos do cinema. Vencedor de vários prêmios, a maioria foi obtida pelos filmes “Jack Reacher: Sem Retorno” (2016), “Kingsman: Serviço Secreto” (2014), “Capitão Phillips” (2013), “Detona Ralph” (2012), “Gato de Botas (2011)”, “X-Men: Primeira Classe” (2011) e “Monstros vs. Alienígenas” (2009). Também assina as trilhas de “Capitão América: Guerra Civil” (2016), “Pokémon: Detetive Pikachu” (2019) e da série “The Man in the High Castle”, exclusiva do Amazon Prime Video.




Raramente saiu da produção de trilhas para o cinema, mas quando o fez, não foi para qualquer trabalho. Henry foi o responsável na composição para o final da saga de Nathan Drake em Uncharted 4: A Thief’s End (PS4), e agraciou os fãs do herói com uma das mais intensas, emocionantes e marcantes produções da indústria com sua música. Um breve retorno foi feito em Uncharted: The Lost Legacy (PS4) e desde então ainda não tivemos a honra de apreciar seu trabalho novamente.

Johan Söderqvist

Ao contrário da maioria dos compositores que já vimos até aqui, o sueco Johan Söderqvist não assinou composições em blockbusters, mas é dono de vários prêmios, principalmente no cinema europeu. Foi o compositor dos filmes “Inferno na Ilha” (2010) e “Departamento Q: O Ausente” (2016), dois ótimos filmes para quem aprecia o circuito europeu.



Mas é nos games que Johan apresenta um trabalho considerado excepcional. Ele foi autor das trilhas de dois épicos dentro do gênero de tiro em primeira pessoa. A primeira entrada do músico foi em Battlefield 1 (Multi). Seu trabalho foi tão significante no projeto que um retorno foi necessário para trazer a mesma intensidade no departamento musical para Battlefield V (Multi), novamente repetindo a parceria com Patrik Andrén.


John Paesano

John é um cara mais humilde no currículo, mas igualmente grandioso em suas composições. O norte-americano tem muito do seu trabalho nas séries de TV, como “Demolidor” e “Penny Dreadful”. Também assina as trilhas das adaptações para o cinema dos livros da série Maze Runner.



Mass Effect Andromeda (Multi), o controverso título da EA da famosa franquia de RPG espacial, também carrega o trabalho de John. Apesar dos vários problemas e críticas que massacraram o título na época de seu lançamento, felizmente o mesmo não pode ser dito sobre o seu trabalho na composição da trilha do game.


Quando disse que Paesano pode até ser pequeno se comparado aos demais artistas já citados até aqui, também enfatizei que seu trabalho é igualmente grandioso e a prova disso estão em dois de seus trabalhos mais recentes nos games. Em Detroit: Become Human (PC/PS4), John divide a tarefa de criar uma intensa trilha sonora com Philip Sheppard e Nima Fakhara. Cada compositor ficou responsável pela trilha de um dos três protagonistas e John foi o responsável pelas composições do personagem Markus. O resultado é uma das três peças de uma das melhores trilhas já apresentadas em um videogame.


E com grandes poderes vem grandes responsabilidades. A frase se adequou bem ao excelente trabalho apresentado por John na composição do excelente Marvel’s Spider-Man (PS4). O tom heróico que já estamos acostumado a ver no cinema foi reproduzido de uma forma tão bem feita no game que nos passa a sensação de que estamos assistindo mais uma aventura do Aranha no cinema.

Ramin Djawadi

O alemão Ramin Djawadi é um homem intenso. Digo isso baseado em suas composições com tom forte e épico. É dono de dois Emmy por seu trabalho em uma das séries de maior audiência da história da televisão. É autor das trilhas das séries “Westworld” e “Person of Interest”, e caso você não soubesse disso até então, tenho a honra de lhe apresentar o autor do tema de “Game of Thrones”.


Seguindo o tom épico de “Game of Thrones”, alguns dos trabalhos de Ramin no cinema envolvem as trilhas dos filmes “Círculo de Fogo” (2013), “Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos” (2016) e o remake do clássico de 1981, “Fúria de Titãs” (2010).



A intensidade de Djawadi só foi aproveitada uma vez nos games até então. Sua colaboração nesta mídia foi na composição da trilha da mais recente entrada da série Gears of War. O trabalho de Ramin pode ser apreciado durante o intenso Gears 5 (PC/XBO).

Trevor Morris

O canadense Trevor Morris é dono de dois prêmios Emmy por suas composições nas séries “The Borgias” e “The Tudors”. Outro trabalho mais extenso do compositor também pode ser conferido na série “Vikings”. No cinema alguns trabalhos de Morris foram nos filmes “Imortais” (2011) e “Invasão a Londres” (2016).



Juntando o útil ao agradável, Morris atualmente também trabalha compondo para uma obra que é uma adaptação dos games para a televisão. A trilha sonora de “Castlevania” também leva a assinatura do artista e ajuda muito a criar a identidade sombria e violenta que está sendo apresentada no show.


Nos games, Trevor também não é do tipo que se envolve com frequência no meio. Seus trabalhos incluem produções da EA. Dentre elas as séries Command & Conquer e o que mais se destacou foi, sem dúvidas, a da trilha de Dragon Age: Inquisition (Multi).


É interessante ver como diferentes mídias compartilham da importância da música em suas produções. Distintos em vários processos, mas igualmente interessadas em fazer aflorar o sentimento do que vemos na tela do cinema, da TV ou do monitor. A música se tornou uma ferramenta importantíssima na experiência do jogador e estamos vendo cada vez mais trabalhos marcantes compartilhando da genialidade de artistas que trabalham tanto no cinema e TV quanto nos games.

Conhecia todos eles? Compartilhe suas opiniões sobre o tema nos comentários e convide seus amigos para esta experiência musical. Até a próxima!

Revisão: Thiago Monte

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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