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PlayStation Portable: 15 anos do portátil que garantiu seu lugar nos corações dos jogadores

Com mais de 76 milhões de unidades vendidas até o encerramento oficial de sua produção, o portátil garantiu seu lugar como um dos melhores consoles de todos os tempos.

em 15/04/2020
Quem diria que um portátil finalmente colocaria em xeque a supremacia da Nintendo neste ramo de consoles? Após diversas tentativas de Sega, Neo Geo, Nokia e Linux — apenas a título de exemplo —, a Sony viria firme e forte com seu PlayStation Portable em plena disputa com um dos consoles mais populares de todos os tempos: o Nintendo DS. Quer saber como foi? Acompanhe conosco!



Um portátil de respeito

Ninguém nega que todo console possui a função primordial de divertir seu público— especial (e obviamente) mediante jogos. Lançado originalmente em dezembro de 2004 no Japão, o PSP possuía um hardware considerável para a época. Para começar, sua CPU era baseada em um MIPS R4000, 1-333 MHz, tela de LCD de 4.3 polegadas e resolução de vídeo de 480x272 megapixels, com capacidade para gerar mais de 20 milhões de cores.

No que tange ao restante do hardware, o PSP possui os tradicionais botões de ação Triângulo, Círculo, X e Quadrado e gatilhos “L” e “R”, além dos típicos botões START, SELECT, Volume e HOME — substituído na série 2000 (nos últimos aparelhos dessa "linhagem") em diante pelo atual botão PlayStation —  e um botão analógico.

O portátil  conta ainda com conectividade Wi-Fi para partidas online e locais, saída para cabos de S-Vídeo, vídeo composto e vídeo componente, a fim de conectar o portátil a televisores. O único porém é a ausência de uma função upscale, o que significa que a imagem refletida na TV terá o exato tamanho da tela do console.
O pequeno notável.


Algumas funcionalidades variam entre a série 1000 e as seguintes, como a utilização da conexão Wi-Fi para acesso à Internet — atividade possível somente a partir de consoles da série 2000 em diante, e da memória interna para armazenamento interno de dados e jogos, sendo de 32 MB para a série 1000 e 64 MB para as seguintes.

Para explorar ao máximo o potencial de seu console, a Sony desenvolveu uma mídia única para processamento de jogos e vídeos: o UMDUniversal Media Disc —, com capacidade de armazenamento de incríveis 1,8 GB, algo nunca antes visto num portátil, e uso de cartões de memória expansíveis, denominados Memory Stick Duo e PRO Duo.

Novas mídias: já vimos essa novela antes

O desenvolvimento de mídias exclusivas para processamento de dados não é algo recente no mundo dos games. A Sega e a própria Nintendo já tinham desenvolvido formatos específicos para fugir dos limitados CDs no  Dreamcast e GameCube, respectivamente e, de quebra, tentar driblar a falsificação de jogos — e todos sabemos que o VCD não apenas foi insuficiente para superar a mídia DVD (utilizada no novíssimo PlayStation 2 da Sony), como eventualmente os pirateadores encontraram meios de driblar tais dificuldades.

Dado o sucesso do PSP, não se descarta que o UMD não foi, de todo, rejeitado pelos consumidores. Neste mesmo sentido, a despeito dos cartões de jogos do DS possuírem capacidade de armazenamento de 2 GB, foi justamente a possibilidade de inserção de mídia digital no UMD que favoreceu o portátil, semelhante às limitações do Nintendo 64 em comparação com o PlayStation na escolha das mídias.

Como nem tudo são flores, o UMD sofria de sérios aspectos negativos: eram desajeitados, a face de leitura era facilmente danificada por arranhões e a necessidade de um leitor de disco e um rotor para girá-lo não apenas aquece em demasia o PSP como também consome considerável carga de bateria.

Isso faz com que a bateria do console dure em torno de cinco horas, enquanto a de seu principal concorrente poderia chegar a até dez horas de funcionamento. No entanto, é importante considerar que a bateria do portátil da Nintendo possuía 860 mAh, ao passo que a do PSP tinha 1800 mAh (série 1000), ambas exigindo em torno de três horas para uma recarga completa.

Ainda que possua alguns aspectos negativos, o UMD se provou, ao menos à época, uma mídia de armazenamento adequada ao PSP, visto que, dada sua natureza digital, permitiu títulos com gráficos muito próximos aos desenvolvidos no PS2, como Grand Theft Auto: Vice City Stories, God of War - Ghost of Sparta e Gran Turismo.
Jogos para todos os gostos.


A mídia desenvolvida e escolhida pela Sony proporcionou ainda a possibilidade de usuários assistirem diversos filmes de sucesso em seus portáteis, sendo Final Fantasy: Advent Children, Big Daddy e The Simpsons: The Movie alguns dos títulos adaptados para o console.

Outro aspecto crítico ao PSP é o fato da Sony optar pela utilização obrigatória de cartões proprietários para a expansão de armazenamento de seu portátil, como os já citados Memory Stick Duo e PRO Duo.

Visivelmente a Sony aprendeu absolutamente nada quando exigiu, para o sucessor PlayStation Vita, que os usuários adquirissem caríssimos cartões proprietários para um console que necessita que seus jogos sejam instalados, não possuindo  qualquer espaço de armazenamento interno (algo levemente corrigido na série 2000 do Vita).

A despeito de tais imbróglios, proprietários de filmadoras Sony podem utilizar tais cartões junto ao portátil, visto que são basicamente o mesmo modelo. A problemática se centraliza no fato de que, a despeito da possibilidade de “compartilhamento”, cartões do tipo SD já se popularizavam junto ao público, eram consideravelmente mais baratos e fáceis de encontrar, tornando a ideia de um cartão proprietário uma péssima escolha comercial.

Tudo bem, mas vamos ao que interessa: jogos!

Há um consenso geral de que um console poderoso, a despeito de suas múltiplas funções multimídia, significa absolutamente nada se não estiver acompanhado de títulos que ganhem a confiança e o amor do público.

Neste quesito, o PSP agraciou jogadores de todos os estilos: dos esportes aos jogos de luta, dos sandbox aos FPS, ninguém foi excluído. Além dos títulos mencionados acima — principalmente os da série Grand Theft Auto, campeões de vendas do portátil —, o console ainda recebeu títulos como Kingdom Hearts Birth by Sleep, Monster Hunter Freedom Unite, Assassin’s Creed Bloodlines, Need for Speed: Most Wanted (2005), Spider-Man Friend or Foe, diversos jogos da série FIFA, Ace Combat: Joint Assault, Tony Hawk's Underground 2 Remix, entre outros — a lista é bastante extensa.
Monster Hunter Freedom Unite era um dos títulos suprasumos dos portáteis à época.


Graficamente, os jogos se assemelhavam a muitos títulos do PS2 e atenderam à demanda de títulos cada vez mais técnicos e visualmente mais bonitos. Com o apoio de estúdios da própria Sony e de desenvolvedoras externas, o PSP garantiu vendas que ultrapassaram as 80 milhões de unidades — um número considerável, dada a inexperiência da fabricante em lançar um produto portátil dedicado a jogos em plena concorrência com uma veterana do ramo, como a Nintendo.

Os vários modelos de PSP

Ao longo deste especial citamos por diversas vezes algumas especificidades das séries 1000 e 2000. No entanto, a Sony lançou ainda a série 3000 e um portátil completamente remodelado, denominado PSP GO.

As alterações no console vão desde a inclusão de algumas funções, como a inserção da conectividade para navegar na Internet além das funções multiplayer em jogos (a partir da série 2000) e até mesmo tecnologia antirreflexo, como nos portáteis da série 3000.

O PSP GO é a última versão do portátil e tentou (de forma um tanto “torta”) mitigar muitas das reclamações referentes aos UMDs, além de promover a loja virtual da Sony, já que o novo console não possuiria acesso a jogos mediante mídia física. Por outro lado, boa parte do catálogo PlayStation (denominado Classics) seria acessível a ele.

Visualmente falando, o portátil remetia à linha de telefones móveis Xperia (modelos antigos), cuja tela do console se deslocaria para cima, apresentando então todos os botões mencionados no início deste artigo, incluindo o analógico.

Não tardaram a surgir diversas reclamações concernentes ao novo produto. Todos aqueles que possuíam jogos físicos no amplo catálogo do PSP só teriam acesso aos mesmos mediante o PSP GO caso os adquirissem novamente junto à PSN. Do mesmo modo, o portátil não possuía a mesma ergonomia ou facilidade na utilização dos botões de ação ou gatilhos como nos modelos anteriores.
PSP GO: pouco prático para jogos e com tela menor.


Para todos os fins, essa nova versão acabou por ser uma opção àqueles que não possuíam qualquer dos modelos anteriores ou que optassem por readquirir seus títulos favoritos ao invés de carregar diversas mídias UMD, sob risco de perdê-las ou danificá-las.

Por se tratar de um console que empregava exclusivamente mídias digitais, eventuais doações ou vendas de jogos usados estariam materialmente impraticáveis, fazendo com que o portátil se tornasse rapidamente o menos popular entre todos os modelos.

O portátil debutante

No mundo dos eletrônicos, 15 anos são mais do que suficientes para tornar um produto obsoleto. O PSP, no entanto, jamais receberá tal estigma de forma justa, dado o momento em que foi lançado e a qualidade dos jogos disponíveis.Seu sucesso foi tamanho que foi descontinuado oficialmente apenas no ano de 2016, inclusive com o encerramento da loja virtual do portátil.

Infelizmente, a Sony pouco absorveu dessa década e meia para implementar uma estratégia inteligente para o sucessor, Vita, optando por deixar o novo portátil à sombra de seu irmão menor e seu inconteste sucesso.
Um mundo de diversão na palma da mão.


À essa altura, poucos jogadores desconhecem o poder que o pequeno notável da Sony oferece e, para estes poucos, bons títulos é o que não falta para compensar o tempo perdido.  Os mencionados ao longo do texto são o mínimo necessário para apresentar o PSP, despertar o interesse dos jogadores que o desconhecem e arrebatar os corações dos fãs de consoles portáteis.

Por tudo o que representou e representa, foram 15 anos muito bem vividos, tanto para o produto quanto para seus consumidores e fãs. Nada menos justo, então, que aplaudamos o aniversariante com o fervor que ele merece. Como dizia o slogan do portátil em seu lançamento: PSP; it's like a nut you can play outside.

Revisão: Davi Sousa

Mineiro, apaixonado por livros, música, filmes, discussões, Magic: The Gathering e, claro, jogos eletrônicos.
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