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Análise: Giraffe and Annika (Multi): um singelo conto de fadas

A jornada da garota Annika pela ilha Spica mistura plataforma 3D e ritmo em um jogo simples e carismático.

De autoria da pequena desenvolvedora japonesa Atelier Mimina, Giraffe and Annika é um jogo que mistura trechos de plataforma 3D com momentos de ritmo. Com uma ambientação leve de fantasia que em muito lembra contos de fadas, o jogo é simples, mas carismático.

A jornada da garota Annika

No seu cerne, Giraffe and Annika conta uma história singela, que em muito parece um conto de fadas. Em meio ao campo na ilha Spica, a jovem Annika acorda confusa. Ela está em frente à casa de Lisa, que está trancada. Depois de abri-la, a garota nota que não há ninguém e pega a bela bolsa que está na sala.


Ao sair, ela logo encontra o jovem Giraffe, o qual ela não reconhece, mas, de acordo com o rapaz, os dois são conhecidos de longa data. Ele pede a sua ajuda para encontrar três fragmentos de estrela que se encontram escondidos nas dungeons da ilha, afirmando que ela é a única capaz de obter os itens. Ela decide ajudá-lo e parte em sua pequena jornada. Esse início da história é um tanto forçado, mas, conforme o jogo ganha forma, a atmosfera fofa que lembra um conto de fadas faz com que a jornada tenha momentos bastante carismáticos.

Depois desse ponto, o jogador irá às áreas que Giraffe sugere, mas elas são habitadas por fantasmas, e será necessário lidar com uma variedade de desafios de plataforma. Ao final de cada área, há uma batalha de chefe e vencê-la implica em obter o fragmento e uma nova habilidade (pular, aguentar mais tempo debaixo da água, correr). De forma geral, elas são bem básicas, mas há caminhos alternativos com tesouros escondidos (as Meowsterpieces) para o jogador procurar.

Chefes mágicos rítmicos


O curioso é que enquanto as dungeons são um labirinto que o jogador deve explorar no estilo plataforma 3D, as batalhas de chefe são rítmicas. Em cenas coreografadas, cada uma com sua própria música, os vilões atiram bolas de energia em direção ao jogador. Ou, mais especificamente, elas são atiradas para acertar dois alvos no chão. Cabe ao jogador então movimentar Annika para que a garota encoste no alvo no timing correto para não tomar dano.

Simplificando, o gameplay dessas batalhas funciona como em Guitar Hero, mas o jogador tem Annika como cursor e as notas são esferas mágicas tridimensionais que são atiradas apenas em duas posições. Movimentar a garota e apertar o botão de ataque no timing correto são as ações necessárias para poder vencer. Conforme as fases ficam mais avançadas, os inimigos passam também a atirar bolas para causar dano e paralisar Annika, quebrando o seu combo.

Assim como é comum em jogos de ritmo, as batalhas são avaliadas de acordo com a performance do jogador. O timing é dividido em quatro classificações: Great, Good, Ok e Miss (ou seja, errar a nota). Todas as três primeiras valem para manter um combo, mas um Great é um timing bem mais preciso e oferece mais pontos do que um Good, que ainda é melhor que um Ok. Conseguir boas avaliações implica na obtenção de ilustrações especiais e achievements, mas não há nenhum tipo de recompensa significativa para a aventura.

Vale destacar que o jogo oferece a opção de calibrar o timing, atrasando ou adiantando todas as notas. Esse tipo de ajuste pode ajudar o jogador a encontrar um ritmo de acerto que melhor se encaixa em como ele percebe o ritmo e enxerga as bolas de energia chegando. Todas as batalhas também possuem três opções de dificuldade (Fácil, Normal e Difícil) para que o jogador possa aproveitar melhor a experiência com aquela que mais se adequa ao seu perfil.

Essas batalhas são um ponto alto do jogo, com cenas coreografada que destacam a qualidade visual do jogo. O jogo tem modelos de personagens muito bem feitos e a iluminação ambiental da ilha (que varia de acordo com um ciclo de dia e noite) também é detalhada e interessante. É uma obra visualmente deslumbrante, especialmente considerando-se que o orçamento foi certamente modesto.

Um jogo, em essência, simples

No entanto, em todos os outros quesitos, o jogo é bastante simples. Não chega a ser um grande defeito, mas nem a trilha sonora (com exceção das músicas das batalhas) nem o design dos ambientes nem as pequenas missões opcionais chamam atenção. E isso significa que a maior parte da experiência é pouco inspirada. Além disso, o jogo também faz algumas pequenas decisões ruins.


Giraffe and Annika é um jogo em que é fácil morrer por coisas básicas de plataforma, como cair de um ponto alto ou mergulhar por um tempo prolongado, ou seja, pequenos descuidos podem ser fatais. Em geral, quando isso acontece o jogador é restaurado para um ponto próximo de onde morreu, mas existem exceções. Em especial, nas últimas áreas, há alguns pontos em que os checkpoints ficam bem distantes, forçando o jogador a refazer uma grande parte do desafio por qualquer vacilo.

Mas pior do que isso é o fato de que o jogo exige que o jogador tenha coletado metade das Meowsterpieces para poder abrir a última área. Considerando que esses objetos são opcionais e o local dessa dungeon é de difícil acesso (um local bem distante num horário específico da tarde), receber a notícia de que seria necessário explorar mais as áreas antigas até conseguir colecionáveis opcionais o suficiente é um processo desnecessário de alongar a sobrevida do jogo.

De forma geral, Giraffe and Annika ainda vale a experiência. É uma obra esteticamente agradável e sua simplicidade pode não ser um problema tão grande para alguns jogadores. As batalhas de boss são um show à parte e a obra tem uma atmosfera fofa encantadora. Com a expectativa de encontrar uma obra básica, um pequeno conto de fadas em forma de jogo, ele oferecerá boas horas de diversão.

Prós

  • Modelos dos personagens e iluminação da ilha são visualmente deslumbrantes;
  • Atmosfera simples de conto de fada;
  • Batalhas de boss rítmicas bem executadas e coreografadas;
  • Possibilidade de atrasar ou adiantar o timing.

Contras

  • Partes de exploração e plataforma 3D não são nada inspiradas;
  • Alguns checkpoints distantes forçam o jogador a refazer muita coisa quando morre;
  • Última área exige que o jogador tenha coletado objetos teoricamente opcionais;
  • História no início é um tanto forçada.
Giraffe and Annika - PC/PS4/Switch/XBO - Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Farley Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela PLAYISM

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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