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Análise: Bayonetta (Multi) traz novamente muita ação com a bruxa mais famosa dos games

A remasterização é uma ótima pedida para quem curte jogos dinâmicos e cheios de estilo.

A cada nova geração de videogames, uma das dúvidas que sempre aparece é: quais jogos já lançados irão receber uma nova versão? Afinal, são muitos os sucessos que merecem ser jogados novamente e conhecidos por um novo público. Bayonetta (Multi) é um ótimo exemplo, pois a sua aventura cheia de ação frenética, que marcou a sétima geração, agora pode ser conferida na oitava, como veremos nesta análise. Prepare o pirulito de framboesa e as pistolas mágicas, porque a matéria vai começar.

Feliz aniversário!

Lançado inicialmente em outubro de 2009 com versões para PlayStation 3 e Xbox 360, o título Bayonetta (Multi) foi bem recebido pela sua ação, visual e jogabilidade estilosos e de muita qualidade. Posteriormente, o game chegou para PC, Wii U, e Switch. Vale lembrar que os consoles da Nintendo receberam o game juntamente com a sua sequência, Bayonetta 2 (Wii U/Switch).
Parabéns para esses dois ótimos games da produtora PlatinumGames!
Para comemorar o aniversário (ainda que de forma aproximada) de dez anos, o game foi remasterizado para os consoles da nova geração. Mas ele não veio sozinho: Bayonetta & Vanquish 10th Anniversary Bundle (PS4/XBO), com lançamento no dia 18 de fevereiro de 2020, trouxe dois títulos em um só pacote: Bayonetta, do tipo hack and slash mais clássico, e Vanquish (Multi), do tipo ação e tiro.

Os dois jogos foram remasterizados e podem chegar a rodar em resolução 4K com 60 FPS nos consoles PlayStation 4 Pro e Xbox One X. Mas mesmo quem não tem uma dessas versões do PS4 e do Xbox One poderá notar as melhorias técnicas nas duas produções. A versão física traz uma caixa de metal com artes especiais dos dois games; no mundo digital, os jogos poderão obtidos em conjunto ou separadamente. Temas exclusivos para o PS4 serão disponibilizados na pré-venda e em compras até duas semanas após o lançamento.
Publicada pela Sega, a versão física tem uma bela caixa metálica
Dirigido e escrito por Hideki Kamiya, Bayonetta é um título de sucesso sobretudo graças à sua excelente jogabilidade, que consegue equilibrar desafio e diversão de uma forma variada e dinâmica. Logo, acredito que o game mereceu a oportunidade que recebeu na nova geração de consoles. Eu tive o prazer de jogar a versão de PS3, e, apesar dessa remasterização ter ficado devendo em alguns pontos, ela ainda é uma ótima forma de curtir o título.

Mais do que um simples hack n’ slash

A campanha do game conta a história das bruxas, chamadas de Umbra Witches, e dos sábios, chamados Lumen Sages. Com duas joias chamadas de “Olhos do Mundo”, cada grupo é responsável por manter o equilíbrio do mundo através do seu respectivo elemento: escuridão e luz. O título começa muito tempo depois do desaparecimento das duas facções, sendo que Bayonetta não recorda sobre seu passado.
A relação de Bayonetta (direita) com a misteriosa Jeane (esquerda) é revelada ao longo do game
Logo, a bruxa precisa descobrir a sua relação com os grupos, o porquê do desaparecimento e como esse fato está ligado ao seu passado até então esquecido. Embora fantasiosa demais em alguns pontos e um pouco confusa no começo, a história é cheia de bom humor, ação, charme e reviravoltas interessantes. Boa parte dessa qualidade se deve aos personagens, criativos e cheios de vida.
Cereza (esquerda) e Luka (direita) também participam da história
Bayonetta precisa enfrentar monstros e criaturas que se assemelham a anjos, utilizando várias opções diferentes: espada, armas de fogo, chicote, luta corpo-a-corpo, ataques especiais e até seu poderoso cabelo mágico. Para quem não sabe, as quase infinitas madeixas da bruxa podem assumir a forma de punhos, sapatos e até monstros gigantes para realizar ataques devastadores.
Pronto para a luta?
Certamente um dos maiores destaques é a habilidade Witch Time. Ela é ativada quando Bayonetta esquiva de ataques inimigos no último instante, tornando o tempo mais lento. Assim, a bruxa consegue se mover em alta velocidade, aumentar sua barra de magia e desferir golpes poderosos. Essa mecânica é chave para o sucesso do game e, particularmente, uma delícia de ser utilizada durante os combates.
Utilizar o Witch Time é um ótimo recurso

Todas as qualidades do game original...

Além dos combates, que são a parte principal do game, Bayonetta também oferece elementos de plataforma e quebra-cabeça. Embora o último seja bem modesto, os segmentos do primeiro são mais numerosos e interessantes. Quick time events também estão presentes, embora sejam injustos algumas vezes. Destaque para uma fase onde a bruxa deve pilotar uma motocicleta por uma estrada movimentada que, assim como as demais partes, ajuda a quebrar o ritmo intenso das lutas.
Ação em alta velocidade
Os gráficos do jogo são bons, mesmo após quase 10 anos. Destaque para o estilo gótico, com um bom trabalho em lidar com luz e escuridão. A ambientação europeia com elementos mágicos, as criaturas fantásticas e as cenas cheias de ação são charmosas e divertidas. É uma pena que a remasterização não trouxe alguma melhoria, conforme vamos discutir mais adiante.
Bayonetta tem um visual belíssimo
As animações de cada equipamento são originais e têm efeitos bem distintos, tornando a jogabilidade única para cada caso. O título tem muitos colecionáveis, roupas e missões secretas para serem encontrados, desbloqueados e completados. Ao final de cada segmento, o game determina a nota do jogador baseado no tempo utilizado, combos elaborados e dano recebido.
Os golpes especiais com o cabelo são uma atração a parte
Também vale um destaque para o trabalho de som do game. A trilha sonora é dinâmica e embala os combates com perfeição. Ela eventualmente pode se tornar repetitiva, mas nada que comprometa. Os efeitos sonoros são agradáveis, representando bem os gritos dos monstros e os ataques da bruxa. Já a dublagem, embora tenha um volume menor do que o ideal, é cativante. O destaque é Bayonetta: sua voz é charmosa e provocante, mas também convicta e segura de si.

... mas poucas novidade significativas

Mesmo com todas as qualidades do título, a remasterização de Bayonetta acabou deixando a desejar. E o problema é basicamente um: a ausência de novidades e melhorias em relação ao título original. Um exemplo são os gráficos; embora durante a jogatina em si seja mais difícil de perceber, as cutscenes e as cenas com zoom deixam claro que estão um pouco datadas.
Algumas cenas entregam a idade do game
Não é nada exagerado, mas as texturas e os modelos são claramente “da geração passada”. Os cabelos dos personagens e as árvores ilustram bem essa questão. Eles não têm fluidez e muitas vezes ficam estáticos ou realizam movimentos estranhos, exatamente como nas suas versões originais. Os designs interessantes e o belo estilo utilizado conseguem compensar, em parte, esse problema, mas creio que ficou faltando esmero nesse quesito.

Por outro lado, problemas técnicos como demoras no carregamento e quedas na taxa de quadros, sobretudo em fases com muitos inimigos e elementos na tela, foram devidamente corrigidos. Isso, inclusive, praticamente impossibilita o treinamento de combos oferecido nas telas de loading, antes comuns e demoradas na versão de PS3. Nesse ponto, Bayonetta é rápido e responde bem, igualando-se à sua jogabilidade dinâmica.
O game roda tão rápido quanto as suas lutas frenéticas
Apesar do game original já possuir vários colecionáveis e segredos para serem descobertos, creio que a remasterização poderia ter oferecido alguma coisa a mais. Se o jogador já conhecer razoavelmente o título, esse ponto ficará ainda mais evidente. Como esse game é lançado como uma celebração de aniversário, um presente mais caprichado como artes exclusivas ou vídeos inéditos teria enriquecido mais o pacote.

Uma remasterização OK para um jogo incrível

Recebendo uma nova oportunidade depois de 10 anos do seu lançamento original, Bayonetta (Multi) continua sendo uma experiência cheia de ação e charme. Seu estilo único, jogabilidade incrível, desafios equilibrados e boa quantidade de conteúdo o tornam uma pérola do gênero hack and slash. Apesar da remasterização ter ficado devendo melhorias e novidades, o título em si é tão bom que vale a pena tê-lo na sua biblioteca, seja você um fã antigo ou novo da bruxa mais famosa dos games.
Um game cheio de charme e ação com a bruxa Bayonetta

Prós

  • Do ponto de vista de desempenho, a remasterização funciona perfeitamente;
  • Game é divertido e desafiador, com jogabilidade excelente que se sobressai até hoje;
  • Embora pudessem ter sido melhorados, gráficos ainda tem qualidades e belos designs;
  • História curiosa e original, com personagens interessantes;
  • Muitos desafios, colecionáveis e segredos estendem a vida do game.

Contras

  • Remasterização poderia ter trazido mais atrações, como melhoria nas texturas, artes exclusivas, mais roupas, etc;
  • Problemas inerentes ao próprio jogo: alguns quick time events são injustos, vozes tem volume baixo e músicas podem ser um pouco repetitivas.
Bayonetta - PS4/Xbox One - Nota 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
 E você, leitor? Já havia curtido Bayonetta? Será que essa remasterização foi digna da bruxa e sua incrível aventura? Deixe a sua opinião.

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital fornecida pela Sega 

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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