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Análise: Gabbuchi (Multi): um jogo de puzzle simples e carismático

Jogo de puzzle e plataforma sobre uma criatura comilona é um ótimo exemplar do gênero.

Desenvolvido pela japonesa h.a.n.d, Gabbuchi é um jogo de puzzle e plataforma originalmente lançado no Switch e que depois chegou ao PS4 e PC. Nele devemos guiar uma criaturinha esfomeada por fases cujas regras de funcionamento são simples. Mas não se deixe enganar, pois se trata de um clássico jogo que é fácil para aprender, mas difícil de dominar, oferecendo bons desafios conforme o jogador avança.

Uma criatura comilona


Gabbuchi é um monstrinho faminto que come biscoitos e blocos. Os blocos que ele come dependem da sua cor, que pode ser alternada entre branco e vermelho com o toque de um botão. O objetivo em todas as fases é alcançar o cookie em forma de coração, mas o jogo também oferece os desafios adicionais de satisfazer a fome da criatura e de fazer isso mudando de cor o mínimo possível.

Graças a essas metas, mesmo estágios em que obter o coração é fácil podem colocar o jogador em uma interessante situação onde ele precisa aprender a fazer boas jogadas. Para conseguir isso, é necessário dominar as regras e também a movimentação do personagem. Fazer as fases é uma forma também de aprender a pensar nos problemas propostos e a sua divisão em mundos temáticos ajuda nesse sentido.

Em geral, boas jogadas passam principalmente pela capacidade de julgar quais blocos comer e quando isso deve ser feito. Afinal, o personagem come os blocos de forma automática, criando um dilema em que o jogador precisa tomar cuidado para não perder a plataforma em que está pisando e ser morto por isso ou ficar impossibilitado de avançar.

A movimentação do Gabbuchi é bastante específica também, o que por um lado é importante para os puzzles e, por outro, pode incomodar por sua restritividade. Seu pulo só permite que o personagem alcance plataformas a 2 tiles de altura em relação ao ponto de onde salta, mas ele ainda bate um pouco acima disso podendo quebrar um bloco acima desse nível, algo que pode ser útil ou acabar com uma jogada se feito de forma impensada.

Ao longo das fases também são adicionados alguns elementos como gabbuchis pretos que não devem ser encostados ou blocos que se materializam apenas depois que o personagem passa por eles. Apesar do segundo em particular causar uma boa confusão mental na hora de avaliar o problema e procurar uma solução, eles trazem uma boa variedade pros estágios.

Vale destacar que o jogador não precisa fechar todos os estágios para avançar. Isso é uma escolha muito acertada, pois em se tratando de um jogo de puzzle, é muito comum agarrar em uma determinada fase e só conseguir lidar com ela jogando-a em outro momento. Dessa forma, o jogador pode desbloquear novas fases e avançar mesmo quando não está com cabeça para resolver um desafio específico.

Um mundo minimalista e carismático


Um aspecto bastante positivo do jogo é sua ambientação minimalista. O jogo utiliza apenas branco, preto e vermelho em suas fases que são compostas por blocos simples com poucos detalhes, mas agradáveis de olhar.

Essa estética também é bem representada na trilha sonora, baseada em flauta e cujos tons agudos ressaltam o aspecto alegre do jogo (algo que também é visível nos sorrisos dos blocos). Apesar da escolha ser bastante coerente e adicionar um certo charme ao jogo, as músicas podem ser um pouco maçantes, já que há pouca variação e os tons agudos chegam a níveis um tanto estridentes.

Outro aspecto que acaba pesando contra o jogo é o modo de criação de fases. Apesar de ser possível fazer seu próprio estágio, não há opção de compartilhá-lo online. Dessa forma, o modo acaba não tendo sentido e sendo muito mal aproveitado. Esse é o único defeito realmente grave do jogo, já que a experiência principal é sólida.

De forma geral, me diverti bastante com o jogo. É uma pena que o sistema de criação de fases não permite compartilhá-las, pois seria bastante interessante ver a criatividade dos jogadores. Mas fora isso, a experiência é muito bem apresentada e fãs do gênero certamente terão boas horas quebrando a cabeça com seus desafios.

Prós

  • Puzzles seguem um pensamento "fácil de aprender, difícil de dominar";
  • Objetivos adicionais fazem a experiência das fases ser mais do que passar por elas;
  • Estética minimalista combina bem com a proposta;
  • Mundos temáticos ajudam o jogador a aprender as mecânicas;
  • Não é necessário terminar todas as fases para avançar.

Contras

  • Sistema de criação de fases sem opção de compartilhá-las com amigos;
  • Movimentação pode incomodar por ser um pouco travada;
  • Trilha sonora simples pode ser cansativa com o tempo.
Gabbuchi — PC/PS4/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Raphael Barbosa
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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