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Análise: The Dark Pictures Anthology: Man of Medan (Multi): tensão em um navio fantasma no Pacífico Sul

Primeiro jogo da antologia de terror abre a série com um mistério envolvente e personagens interessantes.

 Antologias de terror existem em vários tipos de mídia, incluindo livros e animações. Elas reúnem histórias variadas e independentes entre si, explorando várias situações sinistras e horripilantes. Essa é a intenção da desenvolvedora Supermassive Games (Until Dawn) e da publicadora Bandai Namco com The Dark Pictures Anthology.

Em sua estreia, Man of Medan, temos um conto fechado que mostra bem a capacidade da equipe de trabalhar com histórias cheias de tensão. Com foco mais narrativo, é um jogo onde as escolhas dos jogadores podem levar a diversos resultados que podem variar desde “ninguém sobrevive” a “todo mundo sobrevive”.

Uma viagem ao Pacífico Sul


Tudo começa com uma reunião entre amigos. Alex e sua namorada Julia costumam mergulhar em busca de aventura e decidem realizar uma nova expedição junto com seus respectivos irmãos, Brad e Conrad. Para isso contrataram os serviços de Fliss, capitã do barco Duke of Milan. No entanto, o que deveria ser um passeio tranquilo logo se torna um pesadelo quando, após uma série de eventos, eles acabam explorando um navio fantasma da Segunda Guerra Mundial.

Durante a história, o jogo alterna entre a perspectiva dos cinco personagens e o jogador deve escolher como eles reagem às várias situações. De acordo com suas escolhas, é possível ter eventos diferentes. Uma das diferenças inclui a possibilidade dos personagens morrerem, sendo possível que ninguém sobreviva aos eventos no navio.


Como um jogo de terror, ele faz um bom trabalho de atmosfera.  ngulos de câmera e iluminação causam desconforto e a sensação de estar sendo perseguido por algo misterioso e desconhecido. O uso de silêncio como "BGM" (fundo sonoro) durante boa parte do jogo adicionam camadas de tensão que são então bem aproveitados por efeitos sonoros em momentos adequados, ocasionando alguns jumpscares.

A história é bem conduzida, com um mistério envolvente, Um elemento importante disso são os itens colecionáveis que podem ser descobertos explorando as áreas e que ajudam a entender melhor o que está acontecendo, quais as suas causas e os seus efeitos. Apesar dos corredores do navio serem estreitos e pouco ramificados, vale a pena avançar mais lentamente e pesquisar todos os cantos para conseguir itens e pistas que possam ajudar no desenrolar da trama.


Além dos itens, os personagens também são fundamentais para conduzir a história. Suas personalidades são claras e interessantes e é fácil sentir empatia por eles. Apesar de não ser algo necessário para qualquer jogo do gênero, esse nível de envolvimento com os personagens pode ser muito interessante para um jogo de terror.

Isso faz com que a situação carregue também um peso pessoal para o jogador. Essa camada extra de desejar o melhor para os personagens faz com que os eventos sejam mais do que algo para testar a capacidade do jogador, aumenta a sensação de risco e desespero. Man of Medan consegue trabalhar bem com isso.

Vale destacar também que após terminá-lo uma vez, o jogador abre uma versão do curador onde é possível explorar o outro lado de alguns eventos. Nele há novas cenas e é possível ver algumas antigas por outros ângulos com detalhes que não estavam presentes no primeiro playthrough.

Um jogo para aproveitar sozinho ou acompanhado

Além do single-player, o jogo conta com dois modos multiplayer: “Noite do cinema” e “História Compartilhada”. O primeiro é um modo local onde até cinco jogadores podem alternar o uso do controle. Assim cada pessoa controla certo número de personagens e o jogo avisa de quem é o turno. As cenas são idênticas às de jogar sozinho, mas é interessante ver as repercussões que as escolhas de cada jogador tem para si mesmo e para os outros.

Em alguns casos, como quando se joga com duas pessoas, as sessões de cada um podem ser bastante longas, deixando o outro jogador sem nada para fazer além de acompanhar. Isso faz parte da experiência, mas pode ser bastante desbalanceado dependendo das escolhas de personagens de cada um.

Já em “História Compartilhada”, é possível jogar online com um amigo que possua o jogo. Infelizmente isso acaba sendo um pouco complicado já que não há salas públicas para que jogadores possam explorar o modo com estranhos nem formas de jogar com alguém que ainda não possui o jogo. De fato, não tive a oportunidade de testá-lo justamente por não conhecer ninguém que o possui. Mas a ideia é que cada jogador tem cenas próprias separadas e algumas em que ambos estão jogando ao mesmo tempo.

Vale a pena destacar também que a tradução em português tem alguns bugs em que os textos extrapolam os limites da tela ou estão inacessíveis e um código aleatório aparece no lugar. Essas ocasiões são mais frequentes do que deveriam, mas fora isso, a tradução é bem feita com expressões coloquiais adequadas e poucas escolhas estranhas de termos e expressões.


Considerando que o jogo tem foco narrativo e muitos diálogos e textos, é bom ver que houve um esforço em fazer um texto fluido e natural em português. Apesar do problema mencionado, a qualidade da tradução de forma geral certamente tornará a experiência mais imersiva e agradável para os jogadores brasileiros.


Para fãs de jogos mais narrativos que querem uma experiência de terror, Man of Medan é uma excelente pedida. Além disso, vale a pena ficar de olho nos próximos jogos dessa antologia cujos títulos tem potencial de serem tão ou mais envolventes ainda do que este primeiro experimento de grande valor.

Prós

  • História bem conduzida;
  • Personagens com personalidade e fáceis de empatizar;
  • Boa variedade de itens para obter no navio e descobrir mais sobre o que está acontecendo;
  • Multiplayer local oferece uma camada interessante às ações e suas repercussões;

Contras

  • Tradução em português possui uma série de bugs;
  • Multiplayer online restrito apenas a amigos que tenham o jogo.
The Dark Pictures Anthology: Man of Medan - PC/PS4/XBO - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
 Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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