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Análise: Beat Saber (PSVR) é uma energética e viciante experiência musical na realidade virtual

Lançado para PC em maio de 2018, o game chegou ao PSVR alguns meses depois e o resultado não poderia ser mais incrível.

Se tem um game que poderíamos considerar como a “cara” da realidade virtual quando conversamos com algum leigo no assunto, este jogo seria Beat Saber (PC/PSVR). Lançado para os óculos de realidade virtual de PC em maio de 2018, foi só no final de novembro do mesmo ano que os usuários do PlayStation VR tiveram acesso a ele. Entre pontos positivos e negativos da versão para console do jogo rítmico, temos uma experiência precisa, divertida e viciante para fazer altas sessões de party game com seus amigos.


O jogo é uma junção de jogabilidades conhecidas das franquias Guitar Hero, Just Dance e, pasmem, Fruit Ninja. Para quem ainda não entendeu do que estamos falando, segure bem seus sabres de luz, pois vamos te mostrar um jogo que tira qualquer um do lugar. Infelizmente, a versão de PSVR tem alguns pontos faltosos em comparação a de PC, mas vamos falar disso tudo com calma nesta análise.

Tudo fica melhor com sabres de luz

Quando falamos de jogos rítmicos ou musicais, a maioria exorbitante lembrará da franquia Just Dance, da Ubisoft popular principalmente entre jogadores de Xbox e Wii. Mas outros, talvez um pouco mais velhos, lembrarão também de Guitar Hero e Rock Band, que fizeram bastante sucesso respectivamente no PS2 e PS3. Agora, como uma espécie de legado destes excelentes jogos que revolucionaram o gênero rítmico que começou a se popularizar em fliperamas de dança, temos em mãos algo um pouco mais revolucionário.

Na base da jogabilidade de Beat Saber, o jogador fica centralizado em uma plataforma portando dois sabres de luz no melhor estilo Star Wars. Da sua frente surgirão cubos com as cores específicas de cada sabre de luz, com setas ou outros símbolos. Tudo muito sugestivo. A ideia, logicamente, é cortar estes cubos na direção que cada um pede. Porém, tudo isso ao som de músicas eletrônicas ou pop com batidas contagiantes.

Como todo jogo mais voltado para o arcade, com o tempo as coisas vão se dificultando em Beat Saber, com mais regras impostas, obstáculos que obrigam o jogador a se mover pela plataforma, bombas que proíbem que os sabres fiquem em determinadas posições, cubos na diagonal, cubos com cores trocadas ou então em posições um pouco mais desconfortáveis.


A proposta do jogo é um misto de inovação, criatividade, ótimo level design e senso de desafio preciso. Tudo isso com uma jogabilidade afiada que não deixa nada a desejar e usa ao máximo tanto a resolução do PSVR como a captação de movimento da PS Camera. Com algumas horas de jogo qualquer um vai se sentir o máximo jogando, e também um caco de tanto que vai suar, o que também faz parte da proposta.


Modo campanha de primeira

Para além da jogabilidade básica do jogo, que por si só já merece um texto inteiro cheio de elogios, temos o modo campanha que aumenta ainda mais a qualidade da jogatina. Isso porque em Beat Saber não temos apenas uma sequência específica de músicas de acordo com o seu nível de complexidade ou tempo de duração, como ocorria e ocorre em games como Just Dance e Guitar Hero. Aqui o modo campanha é bem mais complexo que isso.

Em Beat Saber o modo campanha serve como uma grande jornada de aprendizado e aprimoramento das suas habilidades de ritmo, dança e preparo físico para encarar os níveis mais difíceis das suas músicas favoritas. Isso graças ao excelente sistema de desafios e missões que foram introduzidos neste modo de jogo.



Para além de simplesmente jogar as músicas em uma determinada sequência, na campanha precisamos cumprir determinados objetivos que inicialmente são mais óbvios como “fazer pelo menos 50 mil pontos” em uma determinada música, mas depois começa a ficar bem mais complicado, indo desde a marcação da sua pontuação de acordo com a precisão do seu corte nos cubos até a quantidade de metros que seus braços percorrem durante a música, sempre incentivando o jogador a cada vez se mover mais e mais.

Além disso, a campanha apresenta aos jogadores modificadores das músicas como um que apaga as setas de cada cubo logo após eles aparecerem, exercitando a memória de curto prazo do jogador (ao mesmo tempo que ele treina coordenação motora e vários outros tipos de atenção e reação a estímulos). Temos também o aumento de velocidade das músicas (que não é a mesma coisa que aumentar a dificuldade) e também a lentidão em alguns momentos, que pode ser um incrível desafio para alguns.

O perfeito equilíbrio entre conforto e desconforto

Beat Saber é surpreendentemente confortável para um jogo de realidade virtual. Digo isso pois a maioria dos jogos pode causar incômodo em jogadores que ainda não estão exatamente acostumados com a plataforma. Mas, ao contrário da maioria dos outros jogos, Beat Saber é muito agradável de ser jogado, mesmo por pessoas que talvez nunca tenham experimentado a realidade virtual antes. 

Primeiramente temos a já citada nitidez do jogo que, mesmo com gráficos bem simples, traz uma resolução muito bem apresentada, sem os comuns efeitos de embaçamento que vemos em tantos outros jogos em realidade virtual. Além disso, como todo o jogo nos deixa sem uma sensação de que estamos nos movendo pois, na verdade, são somente os cubos que se movem em nossa direção, as possibilidades de cinetose são bem baixas.



Some a tudo isso uma precisão sem igual de seus controles de movimento, que melhoram ainda mais a sensação de ritmo e imersão no jogo. Parece até bobeira falar em imersão quando cortamos cubos no ritmo de alguma música, mas realmente faz bastante diferença estarmos imersos em Beat Saber, inclusive, é altamente recomendado o uso de um bom headset junto com o PSVR para melhorar ainda mais a experiência de jogo.

Mas além de todo esse conforto, Beat Saber jamais te deixa cair na mesmice ou na monotonia. Isso porque a combinação de nada menos que cinco níveis de dificuldade diferentes combinadas com mais de uma dezena de modificadores de música que aumentam ainda mais os desafios de cada experiência fazem com que a todo momentos saiamos da zona de conforto estabelecida pelo aumento das nossas habilidades de jogo, dando uma incrível longevidade para o título.


Coletânea não tão grande

Um dos poucos pontos negativos que podemos citar em Beat Saber é a presença de bem poucas músicas em seu jogo base (sem a presença de DLCs). São ao todo 16 músicas que fazem parte da campanha do jogo, além de mais quatro consideradas como “extras”. Entre todas essas, a única um pouco mais conhecida é a extra POP/STARS da banda de K/DA formada por heroínas do MOBA League of Legends (PC), onde Evelynn e Kai'Sa são dubladas pelas cantoras Madison Beer e Jaira Burns, respectivamente, enquanto Ahri e Akali são dubladas por Miyeon e Soyeon.

Porém, mesmo que esta seja uma das músicas mais divertidas do jogo, as demais não ficam muito atrás, mesmo sendo mais desconhecidas. O problema aqui é realmente a falta de variedade de músicas, algo que não acontece na versão de PC por conta das inúmeras possibilidades que o Steam Workshop possibilitam para a comunidade montar suas próprias músicas de forma gratuita, como é o caso da altamente desafiadora versão da música Rap God de Eminem para o jogo.

Felizmente, mesmo sendo lançado há apenas 7 meses, o game já conta com dois pacotes de DLCs na PSN, incluindo o mais recente Imagine Dragons Music Pack, com as 10 músicas mais conhecidas da bem popular banda de pop rock. Mesmo que não seja digno de comparação com o Steam Workshop, ao menos os produtores não pretendem deixar os jogadores de PSVR sem novidades no título.

Um jogo para suar a camisa

Beat Saber (PC/PSVR) sem dúvidas pode entrar em qualquer lista dos “x melhores jogos de PSVR” ou até em uma possível lista dos melhores jogos de realidade virtual já feitos. Seja pela sua inovação, pela sua criatividade de mecânicas, a qualidade da jogabilidade ou o conjunto de todas essas coisas. Não poderíamos ter um jogo mais fantástico para ser a “cara” dos jogos de realidade virtual, até porque quem pode achar ruim a possibilidade de cortar inúmeros cubos coloridos com um par de sabres de luz enquanto dança, desvia de blocos maciços e curte músicas contagiantes? 



Se a versão de PSVR do game peca com uma biblioteca bem limitada de músicas, toda a experiência que Beat Saber proporciona compensa bastante isso. Até porque, qualquer um vai precisar de bastante tempo para se aperfeiçoar no game o suficiente para encarar a incrível dificuldade de Expert+. E esse aperfeiçoamento não é só no domínio das mecânicas do jogo, mas também do seu preparo físico para tal façanha, afinal, Beat Saber é isso!

Prós

  • Jogabilidade muito precisa;
  • Músicas com ritmo contagiante animam a jogatina;
  • Modo campanha excelente;
  • Senso de aprendizado incrível;
  • Curva de desafio instigante;
  • Nitidez muito confortável;
  • Quase nenhuma iminência de cinetose;
  • Incentivo e tanto para fazer atividades físicas de forma lúdica;
  • Altíssimo fator replay;
  • Modificações de músicas aumentam ainda mais o fator replay.

Contras

  • Poucas músicas na base do jogo;
  • Músicas mais desconhecidas podem não agradar todos;
  • Ausência de um modo “faça você mesmo” no PSVR.
Beat Saber - PC/PSVR - Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: PSVR
Análise produzida com cópia digital adquirida por conta do redator.

Gilson Peres é Psicólogo e Mestre em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014 e começou sua vida gamer bem cedo no NES. Atualmente divide seu tempo entre games de sobrevivência e a realidade virtual.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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