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Análise: The Messenger (PS4) - O Herói do Oeste em 8 e 16 bits

Lá e cá outra vez... e outra vez, e outra vez.


The Messenger (PS4/PC) é um jogo de ação e plataforma que coloca o jogador no papel de um ninja mensageiro, cuja missão é levar o pergaminho confiado a ti ao topo de uma montanha. Com belíssimos visuais que alternam entre estéticas 8 e 16 bits, The Messenger é uma aventura cheia de surpresas, ótimas batalhas contra chefes e uma triste exigência de backtracking.

O Herói do Oeste

Quando uma vila de ninjas é atacada pelo Rei Demônio, é dito que um ser muito poderoso seria a salvação do mundo e impediria que o Rei Demônio e suas hostes infernais trouxessem o caos. O dito Herói do Oeste chega e consegue impedir maiores devastações, incumbindo a um jovem ninja novato a missão de levar um pergaminho sagrado ao topo de uma montanha, para cumprir a profecia. Passa a ser chamado, então, de Mensageiro.

Durante a jornada, o Mensageiro é auxiliado por um vendedor misterioso que fornece informações, dicas, histórias com lições de moral por vezes duvidosas e novas habilidades para compra. Também é acompanhado por um pequeno demônio chamado Quarble, que usa suas magias para impedir que o Mensageiro morra em situações letais.

É possível coletar cacos de tempo (cristais amarelos que servem como moeda do jogo) espalhados pelo cenário ou destruindo objetos e derrotando inimigos. Cada vez que o Mensageiro morre, Quarble cobra uma quantia dos futuros cacos de tempo coletados como taxa pela ajuda.



Todo o aspecto visual do jogo possui um charme único, com cenários vastos e repletos de desafios em sessões de plataforma gostosas de superar, Florestas de bambu com cores vibrantes dividem espaço com catacumbas escuras e montanhas nevadas, e cada uma conta com inimigos únicos, dando variedade visual e de jogabilidade na hora de se enfrentar as criaturas do mal.

Mesclando estilos de jogo

A primeira parte do jogo, que compreende em torno de três a quatro horas de jogatina, é oferecida através de um estilo tradicional de aventura e plataforma, e visuais em 8 bits em que o jogador deve guiar o Mensageiro e superar obstáculos através de golpes certeiros e pulos precisos.

Conforme a história progride, o vendedor misterioso fornece novos equipamentos que conferem habilidades únicas para certos desafios, como o planador e o gancho. Estes equipamentos são utilizados não apenas na travessia dos cenários, mas também durante batalhas contra chefes e em salas secretas com pequenos “quebra-cabeças” em forma de percurso.



Já na segunda parte da aventura, o game utiliza um artifício na história para apresentar viagem temporal e mesclar a mudança de visual para 16 bits com a narrativa. E não apenas isso muda, pois o jogo se transforma em um metroidvania bastante competente, permitindo que o jogador explore os mundos em um outro período, com novos desafios, inimigos e objetivos.

Por todo o mapa, fendas temporais permitem a troca instantânea entre passado (8 bits) e presente (16 bits), oferecendo momentos interessantes e quebra-cabeças baseados em viagem temporal. Mas, se por um lado a troca temporal oferece variedade e novos desafios, por outro ela acaba trazendo um problema incômodo ao game: o backtracking.

Passar pelos mesmos cenários repetidas vezes e explorá-los com novas habilidades recém adquiridas é praticamente uma característica inerente aos jogos do estilo metroidvania, Mas The Messenger acaba tornando esse vai e vem enfadonho, com obstáculos relativamente mais difíceis que antes. Em diversas seções, tive a impressão de que o layout do cenário era composto de elementos alocados para que o jogador se desloque para a direita na tela, por exemplo. Ao exigir que ele retorne, a dificuldade dessa seção parece excessivamente elevada, e às vezes não fazendo muito sentido.



Além do que já foi citado, o backtracking de The Messenger utiliza enigmas proféticos concedidos pelo vendedor misterioso, que indicam levemente o próximo destino. Porém, em certos momentos, os enigmas são chatos de se resolver e não casam bem com a jogabilidade do título, que se mostrou muito eficiente e divertida na primeira parte, quando era apenas um jogo de ação e plataforma. O vai e vem sem saber para onde ir, procurando incansavelmente por um novo local e não obtendo sucesso, é o que mina um pouco o potencial do estilo metroidvania aqui, especialmente pelo fato de as regiões serem bastante extensas. Mais uma vez: passar inúmeras vezes pelos mesmos locais acaba se tornando enfadonho.

The Messenger (PS4/PC) oferece uma jogabilidade bastante divertida, com controles extremamente precisos e que fazem com o que o jogador se sinta um verdadeiro ninja habilidoso. Conta com interações cômicas e descontraídas entre os personagens, impondo um clima mais leve para a história de fim do mundo pelos demônios. A mescla de visuais em 8 e 16 bits é muito bem implementada na narrativa do título, e os visuais são lindos, com animações do Mensageiro e dos inimigos bastante competentes e bem produzidas. Peca ao oferecer uma segunda parte de jogo enfadonha, mas conta com excelentes desafios de percurso e ótimas batalhas contra chefes. Definitivamente uma joia rara dos indies e que merece toda atenção.

Prós

  • Mescla de visuais e narrativa;
  • Controles precisos;
  • Excelentes batalhas contra chefes;
  • Variedade de cenários e inimigos;
  • Ótimos desafios de percurso e travessia.

Contras

  • Backtracking enfadonho na segunda parte do jogo.
The Messenger - PS4/PC - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital gentilmente cedida pela Devolver Digital 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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