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Análise: Crimson Keep (PS4) é um roguelike que flerta com a diversão e a repetição

Lançado para PC em 2018, Crimson Keep é bem simples e consegue divertir, mas o entretenimento não prende por tempo o suficiente.

Crimson Keep (PS4) é um jogo desenvolvido pela Team Crimson lançado para PCs em 2018 que chegou recentemente ao PS4. Com aspectos de subgêneros interessantes, o título é uma mescla de RPG de ação com mecânicas roguelike e estilo de câmera em primeira pessoa. A mescla pode agradar ao primeiro olhar, mas tudo na verdade depende da execução disso durante o jogo, o que infelizmente deixa a desejar em alguns pontos. Mas claro que vamos falar disso pouco a pouco nessa análise completa.


No geral, o importante é pensar que o jogo é um projeto de pequeno porte, sem uma ideia muito ambiciosa ou inovadora. Assim, o que mais pesa na avaliação e análise de Crimson Keep é a execução de suas ideias, bem como a mescla de mecânicas já combinadas em muitos outros jogos anteriormente. E é principalmente sobre esses aspectos que vamos falar abaixo.


Uma fortaleza em ruínas

Crimson Keep apresenta uma poderosa fortaleza que foi sucumbida por magias malignas, sendo dominada por criaturas sombrias e demoníacas de todos os tipos que você possa imaginar ao ser engolida pela terra. O jogador, por sua vez, é uma pessoa comum que foi engolida junto com o castelo pelas profundezas, estando preso em suas masmorras.

Assim começamos o jogo, com nenhum equipamento e precisando sobreviver já aos primeiros passos dentro das cavernas e masmorras recheadas de criaturas malignas. Pelo caminho encontramos itens randomizados e alimentos que se mostrarão bem necessários ao longo do caminho. Ainda podemos escolher entre três classes, das quais falaremos mais adiante.



O game visivelmente pega embalo na nostalgia ao trazer alguns aspectos conhecidos de jogos antigos. O desenvolvimento randomizado de suas masmorras, bem como o esquema de combate que lembra um pouco a franquia Doom no que tange os projéteis, e os menus pouco aprimorados e mais focados em texto. Tudo dá um ar de anos 90 bem agradável a primeira vista.

Desafiante e pouco instigante

Os desafios de Crimson Keep não são focados somente no fato das masmorras serem geradas de forma randômica. Junto a isso, temos a controversa mecânica de morte permanente, assim como os roguelikes clássicos, com todo o avanço do jogador sendo perdido assim que ele morre. Com isso, começar o jogo do zero é algo bem recorrente que vira uma faca de dois gumes ao longo da jogatina.



Isso porque a mecânica que torna o jogo mais desafiante também faz sua experiência se tornar bem repetitiva depois de algumas poucas horas de jogo. Isso por conta da variação randômica não ser tão variada assim, caindo em certos padrões ao longo do caminho. Além disso, algumas soluções de masmorras não são nada inteligentes, com um número absurdo de criaturas surgindo logo nos primeiros andares e corredores que não dão em lugar nenhum.

O problema da morte permanente somada com a baixa variedade é principalmente o fato do jogador não se ver encorajado a continuar insistindo para que consiga superar os desafios do jogo. Isso porque ele pode simplesmente dar sorte de avançar vários andares sem enfrentar muitas criaturas ou então morrer já no segundo andar com uma horda absurda de inimigos.



A morte permanente só fortalece esse senso de desistência, junto a classes totalmente desbalanceadas. Enquanto jogar com o mago pode ser bem proveitoso por conta da distância que você mantém dos inimigos e das poderosas magias em área, jogar com um berserker somente lhe dá a capacidade de aguentar mais golpes antes de morrer, o que é bem fácil com essa classe.

Falta de polimento e problemas de execução

Um elementos que pode incomodar bastante durante a jogatina de Crimson Keep é a sua interface de usuário com algumas soluções bem desnecessárias. Um bom exemplo é a dificuldade que temos para uma tarefa simples como trocar de arma durante a exploração, nos deixando completamente vulneráveis e levanto mais tempo do que seria necessário para a tarefa.



Fora isso as artes de interface não são nada agradáveis, com janelas pretas com letras brancas bem desagradáveis ao olhar. As habilidades de cada classe também ficam na mesma tela que o inventário, poluindo bastante a visão e aumentando a vulnerabilidade desnecessária durante a exploração das masmorras.

Quanto aos combates, estes são bastante desajeitados, com mãos flutuantes que são muito comuns em jogos de realidade virtual, mas bem rudimentares se considerarmos que Crimson Keep não possui quaisquer relações com os óculos de RV. O sistema de combate até lembra um pouco o que vemos em The Elder Scrolls V: Skyrim (Multi), porém muito mais rudimentar e com bugs.

Com o tempo, um jogador dedicado consegue superar essas barreiras de problemas e até se acostumar com o tempo de ação das criaturas e a mecânica problemática de desvio e bloqueio que o jogo traz. Entretanto, isso tudo gera certa diversão que dura pouquíssimo tempo, pois a curva de desafio do jogo é tão aleatória quanto suas masmorras, causando uma terrível falta de senso de evolução.

Um jogo para matar o tempo

Se é possível resumir Crimson Keep em algumas palavras, poderíamos dizer que o jogo é um apanhado de ideias até interessantes, mas com um desenvolvimento bem limitado e previsível. Para um lançamento para PCs e PS4 datados do final de 2018 e início de 2019, esperava-se muito mais de um jogo deste, mesmo sendo desenvolvido por uma empresa bem pequena.



A soma de ideias legais mal implementadas, level design repetitivo mesmo que randomizado, combates cheios de problema de física e curva de desafio completamente caótica faz da experiência divertida do jogo algo muito curto e passageiro. Ao menos os monstros são criativos, o que dá um pouquinho mais de vida pro jogo.

Prós


  • Design de monstros interessante;
  • Alto desafio pode agradar alguns;
  • Masmorras agradam nas primeiras horas de jogo.

Contras


  • Randomização repetitiva atrapalha a diversão;
  • Combates com problemas graves de desvio e bloqueio;
  • Nível de desafio se altera de uma tentativa para a outra;
  • Praticamente nenhum atrativo para manter o jogador explorando as masmorras;
  • História rasa demais não instiga a jogatina;
  • Layout de jogo simples demais e ao mesmo tempo poluído;
  • Lógica por trás dos desafios de cada masmorra pode ser frustrante.

Crimson Keep — PS4 — Nota: 4.0
Análise produzida com cópia digital cedida pela Merge Games.

Gilson Peres é Psicólogo e Mestre em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014 e começou sua vida gamer bem cedo no NES. Atualmente divide seu tempo entre games de sobrevivência e a realidade virtual.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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