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Análise: The Division 2 (Multi): Salvando Washington D.C.

Muito o que fazer por toda a capital americana.


The Division 2 (Multi) é o mais novo capítulo da franquia de MMO/shooter da Ubisoft. Após instalar uma base sólida com o primeiro título, a desenvolvedora utilizou o feedback dos fãs e todo o aprendizado absorvido desde 2015 para trazer um título de altíssima qualidade e com bastante conteúdo.

Pano de fundo para o resto

The Division 2 coloca o jogador na pele de um agente da Division, um grupo de elite especial do governo que foi ativado após a grande infecção espalhada em uma Black Friday através de dólares contaminados (também conhecida como Gripe do Dólar). Após um momento de personalização breve (e completo), a missão se torna atender a um chamado de Washington D.C., capital dos Estados Unidos da América, que se encontra em imenso perigo.

A história de The Division 2 serve apenas como pano de fundo para o restante do jogo. Durante a jornada, o jogador é apresentado a diversos personagens importantes, como a agente da Division Alani Kelso e o Presidente Ellis. Eles servem de condutores para a trama, apresentado muito do lore de The Division em diálogos e momentos de ação. A interação com o agente criado pelo jogador é, no máximo, satisfatória, visto que o mesmo não abre a boca nem para pedir um gole de água.

Washington D.C. é brilhantemente recriada, com um visual incrivelmente detalhado e cenários repletos de elementos, o que torna o título bastante imersivo. Ambientes externos elucidam bem a ruína em que se encontra a sociedade atual, com a natureza tomando de volta o que é seu com sua fauna e flora selvagens. É um ponto interessante, pois tal conceito é comumente visto em títulos pós-apocalípticos com temática zumbi ou afins. Aqui não. O ser humano é o próprio monstro.

Ambientações internas receberam tratamento de gala. Diversas missões colocam o jogador em localidades únicas, como o Quartel General do Banco, as docas da região e um museu cujas exibições vão desde expedições espaciais a recriação de selvas vietnamitas. A variedade é o ponto alto do jogo nesse aspecto, trazendo uma sensação de novidade muito bem-vinda, especialmente durante as primeiras 20 horas de jogo.

Partindo para o confronto

Como um jogo de tiro em terceira pessoa, The Division 2 é uma bênção para o jogador. Sua principal mecânica, baseada em "troca de tiros em coberturas" funciona de maneira competente, tornando os combates responsivos e divertidos. 

O game oferece uma boa gama de inimigos, que variam dependendo da facção enfrentada. Os Hyenas são selvagens e focam em combates corpo a corpo e à distância; os Herdeiros possuem poderio militar de alta potência, preferindo combates armados e contando com soldados altamente protegidos por armaduras e armados com lança-granadas e afins; já os Exilados são praticamente suicidas, com inimigos kamikaze e armados com lança-chamas.



Há uma imensa variedade de armas, indo desde pistolas e escopetas, até rifles de assalto, submetralhadoras e rifles de precisão. Cada arma se comporta de maneira singular, o que exige adaptação por parte do jogador. Podem ser equipadas com diferentes anexos que modificam suas características principais, como dano e taxa de disparo. Cabe ao jogador decidir qual a melhor opção para seu estilo de jogo. Ainda assim, mesmo com tal liberdade, a sensação é de que o jogo prioriza confrontos à média e longa distância, tornando escopetas apenas um "bônus" dentro do game, visto sua inutilidade na maioria dos embates.

Como uma unidade altamente especial, a Division conta com tecnologia alta potência. Há oito habilidades principais atreladas a aparelhos tecnológicos de combate que podem ser desbloqueadas no quartel-general instalado na Casa Branca. Minas perseguidoras, drones automatizados de ataque e proteção e lançadores químicos são apenas algumas das opções presentes. Todas elas possuem funções bastante distintas, que se adaptam bem a diversos estilos de jogo e necessidades. E para completar, tais habilidades possuem novas variações que podem ser desbloqueadas ao utilizar pontos de tecnologia Shade, que são coletados pelo mundo o ganhos em missões.

RPG e looter shooter

Subir de nível é fundamental em The Division 2. Toda ação realizada pelo mundo concede pontos de experiência. Novos itens vão sendo desbloqueados de acordo com o nível do jogador, bem como novas missões. O número de missões apresentado já no jogo-base é imenso, variando desde missões principais e secundárias, até atividades que ocorrem em tempo real espalhadas por Washington D.C. Pontos de controle inimigos, resgate de reféns e controle de território são algumas das atividades disponíveis, e intercalar as missões mais lineares com tais atividades ajuda a manter o jogo dinâmico e menos repetitivo.

The Division 2 também pode ser chamado de "looter shooter". O grande foco do game se encontra na evolução do personagem e na busca por saques (loot) de maior qualidade. São cinco tipos de saques: Desgastado (branco), Comum (verde), Especializado (azul), Superior (rosa) e Raro (amarelo). Os saques Lendários (laranja) são saques de raridade extrema e que possuem características únicas, como taxa e modo de disparo, no caso de armas.

A liberdade conferida ao jogador se estende também na hora de montar seu conjunto de equipamentos. Não basta apenas equipar coletes de proteção, joelheiras e luvas focando apenas na defesa que oferecem. Há outros atributos que devem ser levados em consideração, como aumento de vida máximo e potência de aparelhos. Há inúmeras possibilidades, que se ampliam graças à possibilidade de se acoplar anexos de modificação também nas peças de armadura.

Habilidades passivas também fazem parte do arsenal do jogador. É possível comprá-las com a tecnologia Shade, melhorando a proficiência em campo e concedendo melhorias de capacidade de inventário e maior ganho de pontos de experiência, dentre outros benefícios.



Explorando e coletando recursos

Por toda Washington D.C. é possível encontrar locais seguros e assentamentos de aliados e refugiados. É papel do jogador buscar a segurança e melhorar esses ambientes, seja através de missões secundárias, seja na doação de recursos como comida e água. Cumprir as metas de abastecimento e missões desses locais seguros rende não apenas pontos de experiência, mas também diagramas de criação de equipamentos.

O sistema de criação itens é simples e fácil de usar. Basta coletar os recursos necessários pelo mundo ou obtê-los ao desmontar itens que não possuem mais utilidade. O nível de criação acompanha o nível do jogador, permitindo que ele crie novas armas e equipamentos de defesa atualizados.

A presença de uma grande variedade de itens e a possibilidade de ajudar os assentamentos aliados com água, comida e suprimentos diversos elevam a necessidade dão uma razão a mais e um propósito para a exploração e coleta de recursos, não vista antes no título anterior.

A invasão da Pata-negra

Ao finalizar a campanha e atingir o nível 30, o jogador verá um novo exército dominar o mapa de Washington D.C., chamado Pata-negra. Os Pata-negra são soldados extremamente bem treinados e equipados com o que há de melhor em poderio tecnológico, oferecendo um desafio diferenciado para aqueles que quiserem continuar jogando além da campanha principal.

O mundo de The Division 2 passa a ser classificado em Tiers, ou níveis de mundo, por assim dizer. Os equipamentos aqui possuem pontuação, e a soma de cada item equipado fornece uma pontuação média, que será utilizada como nível jogador. São quatro Tiers de mundo disponíveis até o momento. Para avançar de Tier, é preciso subir a pontuação geral do agente e completar novamente as missões da campanha, agora chamadas de Invadidas e tomadas pela Pata-negra.

A existência dos Tiers de mundo e o conteúdo presente pós-campanha principal é um dos pontos mais fortes de The Division 2, oferecendo dezenas de horas de conteúdo para o jogador sem o mesmo ter de esperar o lançamento de atualizações imensas em datas futuras. É um diferencial positivo quando comparado com seus concorrentes diretos, como Anthem (Multi), que chegou com pouquíssimas atividades disponíveis.

A presença da Pata-negra muda a dinâmica das missões, especialmente pelos novos desafios que chegam com o novo exército, munido não apenas de armas comuns, mas de equipamentos como drones, mini-tanques de guerra e até mesmo um robô de quatro patas que parece muito ter saído de algum título da série Metal Gear.

Muito melhor em grupo

Embora The Division 2 possa ser encarado jogando sozinho, a experiência tem maior qualidade quando em um grupo, seja com apenas mais um amigo ou em um grupo fechado de quatro jogadores. 

O nível de dificuldade em The Division 2 é bom o suficiente para proporcionar um desafio à altura. O mapa é dividido em regiões, e cada região possui níveis próprios de inimigos, que só poderão ser enfrentados de igual para igual caso o jogador esteja no mesmo nível. Com a adição de uma barra de armadura que se quebra durante os combates, é preciso ficar atento para os melhores momentos de sair da cobertura para atirar. O dano causado pelos oponentes é bem alto e pode acabar com a proteção do jogador com extrema facilidade, exigindo que use um kit de reparo o mais rápido possível.

A inteligência artificial, no geral, contribui para que o desafio citado acima seja ainda mais real. Os inimigos são agressivos e sempre possuem alguma carta na manga para fazer com que o jogador saia de sua zona de segurança, como molotovs e granadas. Além disso, estão sempre mudando de posição e avançando pelos flancos, trazendo a necessidade de uma maior coordenação do protagonista e uma atenção redobrada nos arredores. Ficar em apenas uma posição não é a melhor opção, principalmente nos ambientes externos e mais abertos do game.



Realizar atividades em grupo rende bonificações de pontos de experiência. Indo além, é possível criar e participar de clãs, o que aumenta ainda mais a bonificação concedida, bem como permite angariar pontos de experiência para o clã, subindo-o de nível e desbloqueando novos benefícios de grupo.

Além da experiência PvE dominante, The Division 2 oferece duas modalidades PvP: uma mais tradicional, através do modo Conflito, que abrange partidas de Mata-Mata de times e Dominação; e o mais interessante de todos, que é a Zona Cega.

As Zonas Cegas, apesar de oferecerem itens bastante valiosos, conferem bastante tensão entre os jogadores. Isso por conta dos status que podem ser designados aos agentes que atuam ali. São três status: Traidor, Revogado e Caçada. Para sr um Traidor, basta realizar ações de furto de itens de outros jogadores ou arrombar baús espalhados pelas Zonas Cegas. Cada ação irá contribuir para a título de Traidor. Nesse status, é possível obter acesso ao Covil dos Ladrões, que conta com vendedores exclusivos. A entrada para o Covil muda constantemente.

Revogado e Caçada são os dois últimos níveis de Traidor. Revogado é o título dado a jogadores que matam outros de forma desenfreada. Quanto mais eliminações, maior a chance de ativar Caçada. Aqueles que são caçados possuem um prêmio em sua cabeça e devem limpar sua reputação em um dos três terminais de acesso das Zonas Cegas. Cumprir esse objetivo rende itens e pontos de experiência, e é possível aumentar ainda mais os ganhos se o jogador em questão tiver coragem de aumentar os prêmios por sua morte.

Um probleminha aqui e acolá

The Division 2 rodou de maneira mais do que tranquila nos últimos dias, tendo eu desconectado do servidor apenas uma vez. Em nenhum momento o jogo deu algum tipo de erro mais grave que comprometesse a experiência, como crashes de sistema. 

Um elogio, no entanto, há de ser feito. Servidores brasileiros estão presentes em The Division 2, e a experiência é mais do que "lisa" graças à excelente conexão que o jogo oferece. Além disso, havia uma característica incômoda no The Division original com relação aos inimigos: eles eram como bullet sponges. Agora, os projéteis das armas parecem ter mais efeito no corpo dos inimigos, com animações distintas para danos em partes específicas do oponente.

Há de se notar, porém, que na versão de PlayStation 4, ao menos, há a presença de objetos que surgem e somem do nada (pop-ins), ocorrendo inclusive com inimigos; e lentidão de carregamento de texturas. Nada que quebre o jogo, mas que pode ser melhorado em futuras atualizações.

The Division 2 (Multi) é a experiência definitiva para um shooter com elementos MMO. Sua maios vitória é oferecer variedade e quantidade de conteúdo suficientes para agradar até o mesmo o jogador mais voraz.

Prós

  • Jogabilidade gostosa, divertida e precisa;
  • Diversidade de habilidades especiais e tecnológicas;
  • Grande variedade de itens e equipamentos;
  • Vasta quantidade de conteúdo presente já no jogo-base;
  • Visualmente incrível;
  • Servidores brasileiros são um diferencial positivo.

Contras

  • Pop-ins de objetos e texturas que demoram a carregar não são coisas incomuns, ao menos na versão analisada.
The Division 2 - PS4/XBO/PC - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital gentilmente cedida pela Ubisoft 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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