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Análise: Steins;Gate Elite (Multi): um anime jogável para quebrar o tempo

Remake traz uma ótima apresentação visual mantendo todas suas qualidades

Então você chegou até aqui? Meus parabéns! Porém agora só existem duas alternativas: ou leia essa análise ou você irá sentir toda a fúria de Hououin Kyouma.





Bom, você parece uma boa pessoa, então lhe contarei tudo que sei. Vamos falar de Steins;Gate Elite, remake da Visual Novel lançada em 2009. Uma década depois, o jogo foi todo retrabalhando e podemos dizer que se torna um marco dentro do gênero. Não que já não fosse um ótimo título, mas sua apresentação atual é o mais perto de um anime jogável que já tivemos.

Essas coisas de viagem no tempo podem ser meio confusas, então irei explicar tudo do começo, assim você saberá onde está se metendo.


Hackeando o portão

O protagonista dessa história é Okabe Rintaro, mas você pode chamá-lo de Hououin Kyouma, seu alter ego (na verdade, só ele se chama por esse nome). Okabe lidera um “laboratório” no qual realiza uma série de pesquisas não muito definidas. Junto a ele estão sua amiga de infância Mayuri Shiina e o super hacker Itaru "Daru" Hashida. Na verdade nunca nenhum experimento deu resultado, mas Okabe insiste em continuar sua luta contra a “Organização”.

Logo no começo da trama, após conhecer a jovem cientista Makise Kurisu, algo estranho acontece. Uma série de eventos levam Okabe a acreditar que, de alguma forma, ele realizou acidentalmente uma viagem no tempo.

Okabe começa a investigar sobre assunto, descobrindo que talvez tenha entrado em um esquema muito maior. Supostos viajantes do tempo, organizações secretas e experimentos de ética duvidosas não são mais só coisas da cabeça dele, conforme evidências surgem de seus trabalhos.

Todas as escolhas do jogo se dão por meio de mensagens de email

É com a mistura de ficção, lendas urbanas e teorias físicas e fatos reais que Steins;Gate traz uma história bastante sólida, especialmente tratando de um tema como viagens temporais. Logo no começo você entende como ela funciona naquele universo e sabe o que dá e não dá para fazer. E isso tem grande impacto no evoluir da narrativa.

O núcleo principal de personagens também compartilha dessa qualidade, sendo um grupo diverso e que consegue interagir muito bem entre si. Destaque para Okabe que, de longe, é o que mais evolui dentro da história. No começo ele parece ser só um jovem estranho. Mas a medida que a trama evolui, e situações mais sérias se tornam frequentes, o protagonista entende a situação na qual se coloca e vai de frente a suas responsabilidades. Embora nunca abandone o papel de cientista louco, mesmo que quase ninguém caia nele.

A outra estrela é Makise Kurisu, que serve como ótimo contra-ponto de Okabe. Uma cientista inteligentíssima apesar da pouca idade, cética e que sempre coloca em xeque os planos do rapaz. Embora adorem discutir, ambos enxergam um no outro algo diferente. Algo que os coloca em dúvida sobre o que acreditam. É o que acaba sendo o motor da trama.



Além deles temos Mayuri (tuturuuu), Daru, Lukako e outros, cada um tem seu histórico, seus conflitos e seu momento de destaque. E vamos lembrar que falamos de uma trama que mexe com viagens temporais, o que pode revirar muitas coisas que acontecem ao longo do tempo.

Talvez o único defeito da trama seja seu começo um tanto quanto arrastado. O jogo dá algumas voltas até engrenar com os grandes problemas a serem resolvidos. Para mim não foi problema, até por já conhecer os personagens e a história, mas é algo que poderia ser revisado.

É anime ou jogo?

Quando falamos que um título irá ganhar um remake/remaster, geralmente isso implica em uma melhoria na qualidade gráfica. Mas como fazer isso em uma visual novel que traz somente ilustrações 2D? Uma resposta possível é transformando tudo em animação.

Para quem não sabe, Steins;Gate ganhou um anime de 24 episódios em 2011 — que eu recomendo bastante, por sinal. O mesmo traço foi usado para essa atualização e o resultado é fabuloso. Algumas sequências são praticamente idênticas ao que foi exibido na TV.

O jogo conta com uma lista de explicações de diferentes termos

Mas o jogo é muito maior do que a série. Para comparação, com umas 12 horas de jogo eu estava no equivalente aos episódios 9 e 10. Considerando que cada capítulo do anime tem uns 20 minutos, a discrepância é tremenda. Aliás, Steins;Gate é um jogo bem longo.

Voltando a comparar com a série de TV, é preciso dizer que ela segue um dos desfechos possíveis, mas o jogo tem outras rotas, especialmente na sua reta final. Todas elas foram animadas da mesma forma. E vale citar que todos os diálogos do game são dublados em japonês.

Provavelmente Elite não é a primeira tentativa de fazer um “anime interativo”, mas certamente é a mais ousada e, digo com tranquilidade, a mais bem feita. Mesmo já existindo uma animação para servir de base, transformar toda uma visual novel em anime é um trabalho gigantesco.


El Psy Kongroo

Steins;Gate já era um ótimo jogo quando foi lançado. É até difícil pensar que precisava de uma repaginada, até vermos como ficou essa versão Elite.

Sem sombra de dúvidas esse lançamento será uma marca dentro do gênero, por conta de sua apresentação impecável na forma de um anime. Acho difícil que se torne padrão, pois envolve um custo de produção maior, algo que geralmente Visual Novels não tem, mas gostaria muito que outras produtoras tentassem trilhar esse caminho.

Acaba sendo uma ótima porta de entrada para novos fans, e pessoas que viram a cara para o visual desse tipo de jogo. Infelizmente Elite não conta com legendas em português, mas se isso não for uma barreira, Steins;Gate é uma ótima pedida. Mesmo para quem jogou o original e/ou acompanhou a série de TV.

Prós

  • Ótima história de ficção científica
  • Personagens bem construídos
  • Ótima produção de animação e dublagem

Contras


  • O começo é um pouco arrastado
  • Não tem tradução para o português


Steins;Gate Elite — PS4/PC/Switch — Nota: 9.5
Plataforma usada para análise: PlayStation 4

Análise produzida com cópia digital cedida pela Spike Chunsoft




Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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