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Análise: Euclidean Skies (PC) — blocos e estratégia em um puzzle surreal

Manipule o cenário para resolver enigmas nesse curioso título indie.


Pegue um Cubo Mágico, adicione aspectos estratégicos e estruturas elaboradas e pronto, você tem Euclidean Skies. O jogo utiliza conceitos muito simples para montar um puzzle variado, complexo e muito criativo. Lançado anteriormente para iOS, o título, que é o segundo de uma série, chega ao PC com conteúdo inédito.

Manipulando ruínas flutuantes

Em Euclidean Skies, controlamos uma guerreira que explora um mundo repleto de ruínas flutuantes. O objetivo sempre é derrotar todos os inimigos e depois ir para a saída. Para isso, além de movimentar a heroína, precisamos manipular os cenários ao girar, deslocar e rodar blocos e estruturas. Naturalmente, as coisas não são tão simples: inimigos perseguem e atacam a garota, exigindo fazer cada movimento com cuidado.

A aventura começa com fases bem simples no formato de cubos simétricos, com soluções relativamente fáceis. No entanto, aos poucos, estruturas complexas aparecem, exigindo observar com cuidado diferentes ângulos de câmera em busca de possibilidades. Vários tipos de blocos, inimigos com comportamentos distintos e diferentes eixos de movimentação expandem as opções, tornando os desafios bem complicados.


A combinação desses elementos faz com que o jogo seja uma mescla de estratégia e puzzle com grande foco em experimentação. Estão disponíveis 55 níveis, sendo possível pular aquelas fases que não conseguimos solucionar. Há também um modo infinito com estágios gerados proceduralmente para aqueles que procuram ainda mais desafios.

A diversão e a complicação da liberdade

Jogar Euclidean Skies me lembrou bastante a experiência de manipular um Cubo Mágico. No começo você não tem muita ideia do que deve ser feito e as soluções acontecem quase de maneira aleatória. No entanto, com observação e cuidado, as regras fazem sentido e as partidas ficam mais divertidas por causa dos movimentos deliberados e conscientes — é muito recompensador quando os passos que montamos na mente funcionam perfeitamente para concluir um estágio. As fases contam com objetivos opcionais para aqueles que querem um desafio adicional, como chegar no final executando uma quantidade específica de movimentos.

Um dos meus pontos favoritos no jogo é como o conceito principal é explorado de maneira criativa. Rapidamente os simples cubos dão lugar a ruínas complexas e assimétricas nas quais os movimentos mudam tudo, possibilitando soluções variadas — plataformas flutuantes podem virar um caminho com os passos corretos. Em um estágio, por exemplo, ao invés de atacar diretamente um inimigo, utilizei um bloco solto para destruí-lo. Já em outro puzzle, o problema era que uma ponte estava bloqueada por um monstro, precisei manipular o cenário para criar um caminho alternativo na lateral da construção.

A liberdade incentiva a criatividade, mas é também um grande problema. Nas estruturas mais complicadas, é muito fácil acabar em um estado tão bagunçado que é difícil chegar na solução sem recomeçar tudo do início. A movimentação livre faz com que alguns puzzles não tenha solução clara, o que pode deixar a experiência um pouco frustrante. Cada estágio até conta com uma dica, mas elas são bem genéricas e pouco ajudam. Também senti a falta de um comando para desfazer os últimos passos, ele seria de grande ajuda.

Muita beleza em construções surreais

A criatividade também está presente nos cenários de Euclidean Skies. Cada um dos estágios é uma ruína flutuante composta de blocos que lembra uma pequena maquete — é como se um Cubo Mágico fosse uma miniatura de castelo. Além disso, há um ar surreal com arcos impressionantes, torres de formato curiosos e esqueletos gigantes, reforçado pela organização curiosa após movimentar elementos dos estágios. O uso de cores vibrantes e muitos pequenos detalhes torna o visual marcante e único.

Interagir com as ruínas é fácil com os controles intuitivos via mouse, no entanto a precisão não é das melhores: foram várias as vezes que tentei arrastar um eixo e acabei mexendo em outro sem querer. Por sorte isso afeta pouco as partidas, pois elas são tranquilas e não exigem agilidade, mas não deixa de incomodar.


Outra questão é a interface, que apresenta algumas decisões não muito legais. Para escolher um estágio, por exemplo, precisamos ir clicando em uma seta até chegar no desejado — todas as fases em uma única tela seria mais prático. Informações do estágio, como dica ou condições da medalha, só podem ser acessadas no menu de pausa. Essa interface faz sentido em smartphones por causa da área de jogo limitada, acredito que esses detalhes poderiam ter sido alterados na adaptação para PCs.

Perdendo-se em um universo envolvente

Euclidean Skies conquista ao explorar criativamente regras simples e intuitivas. Apreciei bastante os vários estágios com puzzles que exigem manipular os cenários e fazer movimentos de forma inteligente, principalmente por causa da presença de experimentação e liberdade. O universo vibrante, com belas ruínas que lembram pequenas maquetes, é convidativo e dá mesmo vontade de mexer em tudo. Para alguns, a experiência pode ser um pouco frustrante por causa de soluções obscuras e situações muito abertas, no entanto não deixa de ser recompensador conseguir completar um enigma. Estiloso, surreal e inventivo, Euclidean Skies é um puzzle que vale a pena conferir.

Prós

  • Conceito simples aplicado em puzzles inteligentes e interessantes;
  • Boa variedade de situações e soluções;
  • Belo visual com cenários coloridos e surreais.

Contras

  • Alguns puzzles têm soluções muito obscuras;
  • Pequenos problemas nos controles e na interface.
Euclidean Skies — PC — Nota: 8.0
Análise produzida com cópia digital cedida por Miro Straka

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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