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Análise: Necrosphere Deluxe (Multi) é simples e desafiador na medida certa

Desenvolvido por uma produtora brasileira, escape do mundo dos mortos com uma roupa de balé e usando apenas dois botões.

Os jogos indies, de maneira geral, revitalizaram o gênero metroidvania, onde temos um mapa que pode ser revisitado e áreas que só se tornam acessíveis após adquirir algum equipamento ou habilidade. A desenvolvedora brasileira Cat Nigiri conseguiu ampliar o desafio de uma maneira inteligente e simples em Necrosphere Deluxe (Multi)

Preso no limbo

O jogador vive a morte de Terry Cooper. Sim, é isso mesmo. A aventura começa exatamente no momento em que o intrépido agente é baleado e enviado para “necrosfera”, onde as pessoas ficam vagando após serem mandadas desta para melhor. Para escapar desse labirinto infernal, só podemos nos deslocar para a esquerda e para a direita e usamos pequenas bolhas que nos jogam para cima. Esses são os recursos básicos disponíveis para voltarmos para a nossa dimensão.

Além das bolhas, o funcionamento básico desse labirinto se dá através de portas, que se levantam após serem acionadas por chaves específicas. As vermelhas ficam abertas desde a primeira vez que são encontradas. As amarelas duram apenas um tempo, precisando ser acionadas toda vez que seu sinal sonoro é emitido. Tem também as verdes, que só abrem com mais de uma chave e que tem uma ordem certa para serem ligadas.

Ao longo do cenário estão espalhadas algumas tochas que se acendem quando passamos. Isso marca os caminhos já visitados e facilita um pouco para não nos perdermos. Além delas, existem 20 DVDs colecionáveis que estão espalhados para serem coletados. Pegá-los não será tarefa fácil, pois alguns estão em locais de difícil acesso, que podem fazer o jogador se perder por aí.  Pegando pelo menos cinco já nos dá direito a acessar o episódio bônus “Sonho de Terry”, que apesar de ser bem curto, é um desafio perfeito para quem curte algo mais hardcore.

Veste tudo de uma vez

Assim como todo bom metroidvania, Necrosphere conta com power-ups espalhados pelo labirinto. A roupa de balé nos ajuda a dar um leve dash para os lados, tanto no chão quanto no ar. As botas invisíveis fazem com que quebremos pedras e matemos alguns zumbis que estão pelo caminho durante o dash. O jet pack é uma mão na roda por permitir o deslocamento vertical, por um curto espaço de tempo.

Entretanto, não ache que o jogo fica mais fácil ao coletar os poderes. A medida que a aventura avança, a dificuldade aumenta consideravelmente, exigindo do jogador uma precisão absurda em cada salto. Será necessário combinar muito bem o uso das três habilidades para superar o desafio crescente. Existe uma quarta habilidade secreta que pode ser encontrada, mas não daremos spoilers aqui.

Escapar do Inferno não é para qualquer um

Necrosphere é um jogo direto no que se propõe. Sem enrolações, tutoriais ou demonstrações. Tudo acontece na hora, de maneira intuitiva. A simplicidade da sua mecânica facilita em muito o aprendizado dos comandos, então entender o funcionamento de tudo com poucos segundos de jogo é possível. Ele pode ser finalizado em pouco mais de duas horas, mas os speedrunners de plantão podem conseguir essa proeza em menos de um quarto desse tempo.

Porém, a dificuldade gradual da aventura pode assustar os jogadores mais casuais, que não têm o costume com esse gênero. O fato de morrer em algum ponto, reaparecer instantaneamente e continuar esse ciclo até superar um obstáculo, pode se tornar algo bastante frustrante e até motivo para deixar o game de lado.

Dois pontos fortíssimos a favor são os visuais e a trilha sonora. Cores vivas, estilo 8-bit e design simples se tornaram um ponto seguro para os desenvolvedores indies trabalharem. Nesse caso não é diferente, com partes do labirinto identificadas por colorações distintas e vibrantes. Já a trilha sonora é grudenta e viciante, combinando com a tensão gerada por cada área. Inclusive ela está disponível no Spotify, para quem quiser curtir.

Na medida certa

Esse tipo de jogo realmente não é indicado para quem quer algo tranquilo ou espera achar um jogo de plataforma. Porém, Necrosphere é uma ótima indicação como porta de entrada para esse gênero um pouco mais desafiador. Sua jogabilidade simples e curva de aprendizado rápida e intuitiva fazem dele uma ótima escolha, além de ter um preço bastante convidativo.



Prós

  • Jogabilidade simples e intuitiva;
  • Episódio bônus eleva a dificuldade na medida certa;
  • Quebra-cabeças desafiadores;
  • Trilha sonora viciante.

Contras

  • A repetição contínua de certos enigmas pode tornar o desafio exaustivo e frustrante;
  • Falta de um troféu de platina e/ou mais algumas conquistas.
Necrosphere Deluxe— PS4/PSVita/PC/Switch — Nota: 8.0
Versão usada para análise: PS4
Análise feita com cópia digital cedida pela Cat Nigiri
Revisão: Francisco Camilo

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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