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Análise: RESIDENT EVIL 2 (Multi) cumpre as expectativas e se torna um dos melhores da série

Remake do clássico de 98 possui alta qualidade visual e sonora, criando uma atmosfera única de terror e medo.


Anunciado ainda em 2015, RESIDENT EVIL 2 (Multi) finalmente chegará para os consoles da atual geração no dia 25 de janeiro deste ano. Totalmente construído do zero com a RE Engine, a Capcom entrega uma experiência incrivelmente assustadora e de alta qualidade, em um jogo que possivelmente se tornará um marco e uma referência para os futuros títulos da franquia.

Bem-vindos à Raccoon City, seu maior pesadelo

RESIDENT EVIL 2 segue de perto a história de Leon Kennedy e Claire Redfield. Leon é um cadete novato do Departamento de Polícia de Raccoon que está indo para seu primeiro dia de serviço; Claire é uma jovem que busca descobrir o paradeiro do irmão, Chris Redfield, também membro do DPR. Ao chegarem juntos em Raccoon City, se deparam com uma cidade tomada por zumbis. O objetivo principal de ambos se torna um: sobreviver a qualquer custo e escapar daquele pesadelo.



A narrativa do game é clássica, trazendo informações a respeito da trama através de cutscenes e diálogos durante a jogatina. Além disso, documentos em escrito podem ser encontrados por todo o cenário, que ampliam o conhecimento do jogador acerca do universo ao qual estão inseridos.

É possível jogar a campanha principal de RE2 com Leon ou Claire. Embora o grosso da história seja bastante semelhante para ambos, há certos eventos que são únicos para cada um deles.

Finalizar a campanha uma vez desbloqueia o modo Segunda Jornada, que permite seguir a história principal à partir do personagem oposto à primeira jornada. Esse modo conta com itens e quebra-cabeças em disposições diferentes, ampliando o desafio aos jogadores e oferecendo complementos à história como um todo. É um excelente fator replay.

Se os RESIDENT EVIL clássicos da década de 90 contavam com dublagens e atuações horrendas, não se pode dizer o mesmo desta nova versão. O destaque fica por conta dos atores de Leon e Claire, que passam bastante credibilidade ao elucidar a personalidade dos protagonistas e sua ingenuidade sobre tudo que está acontecendo.


Leon é um agente do bem que não se curva diante do mal e preza pelo bem-estar de todos. Claire é determinada, sagaz e forte e, apesar de jovem, sabe se cuidar muito bem. A relação entre ambos, nas cenas em que aparecem juntos, é bem construída e conduzida, tendo uma delicadeza nos diálogos que faz com que os jogadores se preocupem, de fato, com os personagens na tela.

Diversas cenas icônicas do RESIDENT EVIL 2 original estão presentes, sendo recriadas de maneiras diferentes mas que não ofendem a nostalgia de nenhum fã veterano. Ao contrário, são momentos que saltam da tela, tamanha a qualidade visual e sonora do título.

Survival Horror

O gênero ao qual RESIDENT EVIL sempre pertenceu e nunca deveria ter deixado de lado. Ainda que a nova câmera em perspectiva sobre os ombros seja proveniente de jogos de tiro, é utilizada de maneira que os jogadores nunca saibam os perigos que os aguardam. Virar um corredor pode ser uma surpresa e tanto, na maioria das vezes bastante desagradável.

A liberdade conferida graças à nova câmera não apenas permite uma maior exploração de cenários, mas também a alocação de inimigos em áreas bem escondidas. Imaginem-se tentando localizar os temidos Lickers apenas através de seus grunhidos. Eles podem estar nas paredes e até mesmo no teto, esperando para devorar Leon e Claire.

Atirar nos zumbis e demais inimigos é uma possibilidade, mas não é a atitude mais sábia. Munição e itens de cura são recursos escassos, e preservá-los é essencial para concluir certas partes do jogo. No modo de dificuldade padrão, pouco dano é o suficiente para que mortes visualmente grotescas recaiam sobre os jogadores. O ideal é correr e sobreviver, aproveitando a lentidão dos zumbis para escapar de suas investidas.



O recurso de combinar itens está presente. Combine ervas para obter versões com maior potencial de cura, ou frascos de pólvora para criar munição. O inventário possui espaço limitado, mas que pode ser aumentado através de melhorias de bolsos encontradas em certos locais. Armas também podem ser melhoradas, e a grande maioria das melhorias fica atrás de portas trancadas que exigem itens especiais de acesso ou solução de quebra-cabeças.

O vai e vem típico da franquia

RE2 conta com uma progressão semi-linear. Através do mapa, é possível ver pontos de interesse. Esses pontos indicam locais que itens especiais de progresso podem ser utilizados para desbloquear passagens a novas áreas.

Coletar os itens de acesso exige uma boa dose de andanças pelos cenários. O vai e vem é constante, então esperem passar pela mesma área diversas vezes para acessar uma sala antes bloqueada por correntes ou chave específica. Os quebra-cabeças são bem elaborados e intuitivos. Não há nenhum relacionado à história que seja deveras complexo, mas a maioria exige uma solução além do óbvio, colocando os jogadores para esquentar a cuca.

Alguns elementos e disposição de salas foram alterados da versão original. Embora há muito a ser reconhecido pelos fãs de carteirinha, o fator novidade se faz presente de forma bastante satisfatória.

Maravilhosamente belo e genuinamente aterrorizante

Construído com a RE Engine, RESIDENT EVIL 2 possui um nível de detalhes absurdo, indo desde a modelagem dos personagens principais e inimigos até os cenários. Leon, Claire e outros personagens possuem expressões faciais bastante fidedignas. E isso não é apenas nas cenas de corte. Experimentem deixá-los feridos e verão expressões de dor em seus rostos.

Os zumbis são seres humanos de carne pútrida e sem vida inteligente. Seus grunhidos são amedrontadores e sua aparência são de dar nojo. Seus corpos reagem de maneira realista aos ataques de Leon e Claire. Atire nas pernas, e irão cambalear; atire no nariz e verão o buraco da bala; ataquem-os com a faca e verão os cortes da lâmina em sua carne apodrecida. É lindo. Ou melhor, horrível, mas de uma maneira boa.



Os cenários de RE2 são propositalmente bem escuros. Leon e Claire quase sempre precisam estar com suas lanternas empunhadas. A escuridão e os corredores apertados e claustrofóbicos criam uma imersão altíssima, trazendo tensão e pavor aos jogadores. Aliado a isso, temos um trabalho sonoro que utiliza bastante de ambientes silenciosos e uma trilha sonora quieta e suave para criar uma atmosfera de terror e medo pelo desconhecido. Taquicardia foi algo comum em minhas jogatinas.

RESIDENT EVIL 2 (Multi) não apenas retorna às suas raízes da melhor maneira possível. É RESIDENT EVIL em sua forma ideal, embasado  no gênero survival horror. A atmosfera criada pela ambientação e quietude sonora é um dos maiores destaques, assim como a excelente atuação dos atores que dão à Leon, Claire, Ada e outros personagens. Consegue atingir a nostalgia de fãs veteranos, assim como serve como uma excelente porta de entrada para novatos.

Prós

  • Atuações de alto nível;
  • Atmosfera de medo e terror constante;
  • Visual belíssimo e realista em todos os aspectos;
  • Bom fator replay;
  • Excelente jogo para veteranos e novatos.

Contras

  • A utilização das jornadas no modo Campanha pode criar incongruências na história, mas nada que tire o brilho do jogo.
RESIDENT EVIL 2 — PS4/XBO/PC — Nota: 10
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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