Jogamos

Análise: Touhou: Scarlet Curiosity (PC/PS4) é uma combinação dinâmica de RPG de ação com shoot’em-up

Spin-off da série Touhou Project focado na vampira Remilia Scarlet mostra que combinar RPG de ação e shoot'em-up dá muito certo.

Iniciada em 1996 com um jogo independente de NEC PC-98, a série Touhou Project é um sucesso entre o público japonês e conta com mais de uma dezena de jogos. Além dos jogos desenvolvidos por seu criador original ZUN e a equipe Shanghai Alice, vários projetos de fãs foram lançados no mercado japonês de doujins (obras desenvolvidas e publicadas de forma independente). Um desses doujins é Touhou: Scarlet Curiosity, um RPG de ação desenvolvido pelo grupo Ankake Spa para PC e lançado no Japão em 2014, que chegou este mês ao Steam pelas mãos da publicadora XSEED Games.

Uma história simples de acompanhar


Scarlet Curiosity é uma aventura da vampira entediada Remilia Scarlet e sua leal empregada Sakuya Izayoi. Um dia Remilia decide investigar rumores de um monstro que está causando pânico nos moradores de Gensokyo. Ao retornar para a mansão, a vampira a encontra em ruínas, destruída por um monstro gigante. Movida por vingança, ela agora procura descobrir o responsável pelo ataque.

Apesar de ter algumas referências ao universo de Touhou, a história é simples de acompanhar mesmo para jogadores que não conhecem nada sobre a série. Os relacionamentos entre os personagens são fáceis de compreender e nada no decorrer do enredo demanda informações externas ao jogo.

É importante ressaltar também que não há diferenças significativas entre as histórias das duas personagens, apenas alterações em algumas falas. Tanto a progressão entre as fases quanto o enredo são iguais.

Raízes de shoot'em-up

Em termos do gameplay, Scarlet Curiosity é um RPG de ação que se assemelha aos jogos da série Ys. Controlando Remilia ou Sakuya, o jogador pode utilizar ataques normais com curta distância ou ataques especiais, que podem ser atribuídos a três botões de atalho. Ao ganhar experiência derrotando os inimigos, as personagens ganham novos ataques especiais. 

Cada ataque possui um padrão diferente de área e efeito: ataques circulares de curta distância, bombas e projéteis de média distância, flechas de longa distância, etc. A utilização da maioria deles implica no gasto de SP, que é recuperado rapidamente. Já os ataques mais fortes somente podem ser ativados quando o jogador enche uma barra específica, tornando-se recursos estratégicos que podem ser utilizados, por exemplo, para virar o jogo contra um chefão.

Ao longo das fases é possível encontrar inimigos cujos ataques seguem padrões diversos, claramente inspirados em jogos de shoot’em-up. Além de desviar, é possível anular os projéteis inimigos com os ataques. Apesar de haver momentos em que há vários monstros em uma mesma área, a dificuldade das fases é baixa e conta com vários itens de recuperação. 

Em alguns estágios há também armadilhas variadas e plataformas que o jogador pode errar o timing e cair em um buraco. Ao morrer por dano ou por queda em um desses buracos, a personagem perde dinheiro, que pode ser usado para comprar equipamentos em uma loja.

Os equipamentos alteram status como HP, SP, ataque e chance de crítico, e também permite aumentar a chance de obter mais equipamentos com a morte dos inimigos. Um detalhe importante é que mesmo aqueles que possuem o mesmo nome têm variações nos valores que aumentam no status, ou seja, ao receber um novo item é interessante sempre checar se a versão obtida não é melhor que as anteriores.


Ao final de todas as fases há um chefão cujos ataques são mais difíceis de desviar. Nesses momentos, o jogador precisa utilizar bem a movimentação pela área para poder atacar, evitar dano e se recuperar quando necessário. Mas analisando os ataques dos chefes a dificuldade também é baixa, com exceção da chefe opcional.

Uma experiência dinâmica

Quando se fala de RPG de ação, uma das coisas que considero mais importante é justamente ter um bom leque de habilidades para lutar contra os inimigos. Nesse sentido, Touhou: Scarlet Curiosity é um jogo bastante competente cuja ideia de utilizar elementos de shoot’em-up ao gênero adicionou diversidade ao combate e permitiu uma experiência dinâmica fundamental para um bom jogo de ação.

Outro fator que gostaria de ressaltar é a trilha sonora do grupo Hachimitsu-Lemon, cujo tom épico muitas vezes tornou a experiência ainda mais prazerosa. Também destaco que o jogo possui várias opções gráficas no seu launcher, que permitiram até mesmo o meu computador bastante velho rodar o jogo.

No entanto, em termos de dificuldade, acredito que os fãs da série Touhou provavelmente considerarão o jogo muito fácil. A série é famosa por sua dificuldade, mas Scarlet Curiosity mesmo em seu modo “bullet hell” não é tão desafiador. Mesmo assim, para quaisquer outros jogadores em busca de um bom e simples RPG de ação, o jogo é recomendado.

Prós

  • Opções gráficas robustas permitem até computadores mais velhos rodarem o jogo;
  • Uso de padrões de ataque de shoot’em-up adiciona diversidade ao combate;
  • Roteiro e personagens simples de compreender mesmo para jogadores que nunca tiveram contato com outros jogos da série Touhou;
  • Trilha sonora eleva a experiência.

Contras

  • Há pouca variedade de inimigos e áreas;
  • Há apenas duas opções de dificuldade (Normal e Bullet Hell), que alteram o número de projéteis inimigos.
Touhou: Scarlet Curiosity – PC/PS4 – Nota: 8
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Diogo Mendes
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games.

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google