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Análise: Just Shapes & Beats (PC) — estilo, ritmo e alto desafio

Escape de perigos no ritmo da música nesse energético título indie.


Just Shapes & Beats chama a atenção com seu visual vibrante e estiloso. Tendo como inspiração música eletrônica, o jogo transforma a trilha sonora em em uma experiência que mistura elementos de bullet hell e ritmo. O resultado é um título de conceito simples, mas de alta dificuldade. Com opções de multiplayer e muitas composições, o Just Shapes & Beats é uma ótima pedida para um encontro entre amigos.

Escapando no ritmo

A premissa de Just Shapes & Beats é bem simples. No controle de um quadrado (ou outro padrão geométrico), o objetivo é escapar de objetos, obstáculos e tiros — tudo que é perigoso tem a cor rosa. Para ajudar na tarefa de sobreviver, contamos com uma esquiva que deixa o personagem invencível por toda a duração do movimento. Os comandos são muito acessíveis e em poucos segundos já entendemos como controlar o quadradinho azul.

A música é o elemento central do jogo: os padrões e obstáculos aparecem e se movimentam de acordo com o andamento da composição. Sendo assim, precisamos nos mover e escapar no ritmo da música, que também dá dicas do tipo de obstáculo virá a seguir. Além de reflexos rápidos, Just Shapes & Beats exige, também, ficar atento ao ritmo. O conceito central é simples, contudo a dificuldade é alta. O motivo disso é a grande quantidade de elementos na tela, que resulta em momentos que lembram bastante o subgênero bullet hell (ou “chuva de balas”). É muito raro um momento em que a área de jogo não esteja repleta de objetos e perigos, sendo necessária bastante atenção para sobreviver.


As fases são divididas em dois tipos. Os estágios normais têm checkpoints e, quando morremos, voltamos para algum desses pontos. Já os confrontos contra os chefes não têm trechos intermediários, o que significa recomeçar desde o início ao morrer. Os estágios são distribuídos em três modos. No Story, jogamos as músicas em sequência em uma trama simples — uma espécie de monstro corrompe o mundo e precisamos derrotá-lo. Já o Challenge oferece desafios compostos de quatro fases aleatórias em sequência, com direito à multiplayer online e local para até quatro jogadores. Por fim, há o modo Party que, como o nome indica, tem foco em festas: as fases aparecem em sequência e as vidas são infinitas, perfeito para animar encontros casuais com amigos.

Destes modos, o mais interessante é o Challenge por oferecer desafios diferentes e ter opção de multiplayer. Jogar com os amigos muda bastante a dinâmica do jogo, pois é possível reviver os outros participantes — por mais que, na maioria das vezes, eles morram em lugares repletos de perigos, o que torna difícil trazê-los de volta para a partida. No fim das contas, fiquei com a sensação que os modos de jogo não oferecem muitos incentivos para revisitá-los, afinal não existem versões diferentes das fases e nem muitos desbloqueáveis.


Beleza e frustração

Pode parecer estranho, mas é bem divertido escapar de objetos letais. Os padrões são complexos e é bastante recompensador conseguir se esquivar de uma sequência complicada de perigos, principalmente quando nossos movimentos sincronizam com a música. Além disso, o visual estiloso com muitos elementos em rosa brilhante e luzes trazem uma sensação de energia e animação, praticamente uma festa de música eletrônica. Algumas fases em especial apresentam estruturas bem criativas: “Vindicate Me” me conquistou com seu tema industrial repleto de pistões e esteiras, já “Dubwoofer Substep” me impressionou com uma espécie de oceano que reage aos objetos criando ondas e outros obstáculos.

A trilha sonora é composta de músicas dos estilos chiptune, dubstep e eletrônica, não há grande variedade, porém as composições são de qualidade. O trabalho visual é interessante, pois os elementos retratam bem a atmosfera de cada música. Mais de 30 faixas estão disponíveis e algumas precisam ser desbloqueadas ao realizar tarefas no modo Challenge. Eu gostei bastante da música de Just Shapes & Beats por também apreciar os gêneros sonoros representados — gostar do tipo de som presente no jogo é essencial para aproveitar a experiência.


Mesmo com controles acessíveis, Just Shapes & Beats apresenta momentos irritantes. Às vezes, é praticamente impossível não ser atingido por algo que aparece do nada rapidamente — e isso é recorrente em algumas músicas mais complicadas. As fases dos chefes, em especial, podem ser bastante frustrantes: morrer perto do final significa ter que jogar tudo de novo do zero (algo bem desagradável, já que esses estágios são mais difíceis e bem longos). Mesmo com algumas dicas visuais, fiquei com a sensação de que é necessário memorizar alguns trechos para sair ileso, ou seja, há bastante tentativa e erro aqui, não sendo raro só conseguir terminar uma fase depois de morrer bastante.

Uma festa inusitada

O apelo visual e sonoro de Just Shapes & Beats oferece uma experiência sem igual. É divertido escapar de perigos ao som de música eletrônica, principalmente por causa da ambientação energética e estilosa. Os comandos são simples, porém as partidas são bem difíceis e exigem muita destreza — algumas fases beiram o frustrante de tão intensas. O maior destaque é o multiplayer — é bem mais legal tentar superar os desafios na companhia de amigos. Just Shapes & Beats é justamente como uma festa: simples e colorido, divertindo enquanto dura.

Prós

  • Mecânicas de jogo simples e intuitivas;
  • Dificuldade intensa;
  • Ótima combinação de padrões visuais e música;
  • Trilha sonora boa, repleta de composições chiptune, eletrônica e dubstep.

Contras

  • Alguns momentos em que é impossível prever de onde vão vir os perigos;
  • Batalhas contra os chefes podem ser frustrantes por não terem checkpoints;
  • Poucos incentivos para revisitar os modos.
Just Shapes & Beats — PC/Switch— Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ana Krishna Peixoto
Análise produzida com cópia digital cedida pela Berzerk Studio

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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