Discussão

A franquia Lego como substituta das adaptações de filmes

Diversão e carisma tornam os jogos com os bloquinhos a melhor forma de se produzir um bom jogo baseado em um filme.


Lembro-me bem de minha época dedicada ao PlayStation 1. Ainda muito novo, gastava a maior parte de meu tempo me aventurando em jogos baseados em animações lançadas no começo dos anos 2000. A Bug’s Life (Multi) e Toy Story 2: Buzz Lightyear to the Rescue (Multi) animaram muito minhas sessões de jogatina. Jogos baseados em filmes foram muito frequentes durante a quinta e a sexta geração de consoles, mas tiveram presença consideravelmente diminuta na sétima e oitava (atual) geração. O gosto do público amadureceu com o tempo, e hoje ele está cada vez mais exigente, não dando espaço para adaptações simples ou de qualidade questionável.

Guerra nas Estrelas era apenas o começo

A franquia Lego é majoritariamente desenvolvida pela Traveller’s Tale, uma produtora de jogos britânica, hoje subsidiária da TT Games, e que possui um vasto currículo de desenvolvimento de games, especialmente em adaptações de filmes como os já mencionados A Bug’s Life e Toy Story 2, e também Finding Nemo (Multi)  e Transformers: The Game (Multi). O primeiro jogo da franquia Lego como a conhecemos hoje foi lançado em março de 2005. Lego Star Wars: The Video Game (Multi) chegava com uma jogabilidade simples, controles fáceis para todos e quebra-cabeças divertidos, compilando a trilogia de filmes que formavam a prequela da saga Star Wars. Com uma recepção moderadamente positiva, o game caiu no gosto do público, dando sinal verde para que sua produtora seguisse por esse caminho.



Desde o lançamento de Lego Star Wars, a Traveler’s Tale lançou diversos jogos com no mesmo estilo, focando sempre na acessibilidade dos jogadores e buscando sempre aumentar o escopo de suas produções em aspectos diferentes, como número de personagens e maior quantidade de conteúdo. Dessa forma, sempre tivemos algum tipo de evolução nos games LEGO, como a inclusão de elenco de vozes e atuação em Lego Batman 2: DC Super Heroes (Multi), lançado em 2012.

Se antigamente os jogos baseados em filmes eram sinônimo de qualidade duvidosa, não pode-se dizer o mesmo da franquia Lego, que começou com adaptações da série  Star Wars, mas hoje possui jogos totalmente baseados em franquias de sucesso como Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Vingadores e Jurassic World. É mais correto esperar que a  sua animação favorita ganhe uma versão em Lego para videogames do que uma versão “comum”.

A ideia deste texto surgiu muito por conta de minha experiência com Lego Marvel Vingadores (Multi). O game compreende filmes do Universo Cinematográfico Marvel de maneira extremamente competente, recriando os principais eventos de filmes como Vingadores e Vingadores 2: Era de Ultron. Muito do que acontece na tela é reflexo do que vimos nos filmes, com o jogo tendo licença poética de adicionar pitadas de comédia no meio de tudo, dando um tom de leveza e carisma ao que estamos jogando. Quando jogado com áudio em inglês, Lego Vingadores possui até mesmo as vozes dos atores originais dos filmes da Marvel, com falas marcantes usadas por personagens como Homem de Ferro e Capitão América.

Uma grandeza na simplicidade

Com um tom de comédia e leveza, a franquia Lego consolida seu sucesso ao apresentar um estilo de jogo acessível a todas as idades, tornando-a ideal para se jogar com os filhos ou amigos. Os quebra-cabeças envolvem sempre algum objeto quebrável do cenário, explorando a montagem dos bloquinhos de forma automática, sendo fácil descobrir o caminho a ser seguido. E mesmo quando achamos que estamos presos, o jogo nos presta auxílio, provando mais uma vez sua acessibilidade.

A vasta quantidade de personagens não está ali apenas para “encher linguiça”. Cada um possui habilidades específicas que são exigidas na hora de se completar um quebra-cabeça ou descobrir segredos, dando uma variedade ainda maior aos jogos. Além disso, a seleção de personagens dentro das fases só é permitida após concluí-las no Modo História, desbloqueando então o Modo Livre, permitindo repetir as fases com personagens diferentes dos predeterminados no Modo História.



Para aqueles que sempre almejam completar 100% de um jogo, a franquia Lego sempre trouxe uma quantidade de conteúdo consideravelmente alta, dando um fator replay altíssimo aos seus jogos ao exigir que os jogadores explorem suas fases diversas vezes com personagens diferentes para coletar novos personagens, blocos vermelhos que liberam truques, dentre outros colecionáveis. Esta tarefa é praticamente comum a todos os jogos Lego e algo que todo caçador de conquistas e troféus já fez.

Tecnicamente falando, os jogos Lego são todos muito parecidos, principalmente no aspecto gráfico, evoluindo aos poucos a cada jogo lançado. Adota novas mecânicas com o passar dos lançamentos, especialmente no que diz respeito às áreas de HUB do jogo, que passaram a ter uma cara de open-world, especialmente em Lego Marvel Super Heroes (Multi) e no já mencionado Lego Vingadores.

Há sim uma constância na qualidade dos jogos Lego, sendo inegável seu sucesso. Mas os lançamentos constantes acabam minando as chances de inovação dentro da franquia, tornando suas iterações cada vez mais parecidas. A qualidade é a mesma, claro, mas os jogos acabam parecendo sempre os mesmos, apenas mais refinados.

O futuro da franquia Lego nos games parece ser incrivelmente positivo. Recentemente tivemos o lançamento de Lego Marvel Super Heroes 2 (Multi), e rumores apontam para um possível game baseado no universo da animação Os Incríveis, da Pixar. Cada vez mais as adaptações de filmes dão espaço para o “estilo Lego”, e mesmo sendo um pouco repetitivo, no que diz respeito à qualidade de adaptação e diversão, quem sai ganhando são os jogadores

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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