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Análise: Tokyo Xanadu ex+ (PS4/PC) uma grande aventura entre escola e sobrenatural

Jogo é RPG que mistura o cotidiano da vida escolar com a caça de monstros e criaturas sobrenaturais.

Tokyo Xanadu ex+ é mais um título da nossa querida Nihon Falcom. Essa edição do game é uma versão mais completa do jogo original, lançado em 2015 no Japão para PS Vita. Elementos clássicos de títulos da Falcon estão presentes, como batalhas em tempo real com bastante ação e uma boa trilha sonora. Porém, aqui a empresa resolveu largar mão dos mundos fantásticos e trouxe uma aventura para a época atual, com jovens do ensino médio como protagonistas e o relacionamento entre personagens sendo parte fundamental no desenvolvimento da trama

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Conceitualmente, podemos dizer que a narrativa de Tokyo Xanadu ex+ se assemelha com Persona no sentido que temos duas frentes: uma mundana, que retrata o dia a dia dos personagens na escola, e outra sobrenatural — algo que, na verdade, é um recurso que vários outros jogos também usam.

O protagonista da história é Kou Tokisaga, aluno do segundo ano do ensino médio  da Morimiya High School. Ele costuma fazer pequenos bicos, trabalhando meio período em alguns estabelecimentos. Certo dia, saindo de um café onde estava como garçom, ele reconhece ao longe uma garota conhecida,Asuka Hiiragi, estudante que acabou de ser transferida para sua sala, sendo perseguida por dois sujeitos suspeitos.

Quando Tokisaga alcança o grupo e tenta intervir, um portal se abre pegando todo mundo de surpresa, menos Hiiragi que aparentemente já previa que aquilo aconteceria. No desenrolar dos fatos, descobrimos que a jovem faz parte de uma organização chamada Nemesis, que tem como objetivo controlar Eclipses, passagens dimensionais que levam a mundos repletos de monstros.Para combater esses demônios, Hiiragi usa uma arma chamada Soul Device que, no caso dela, assume a forma de uma espada e se surpreende ao ver que Tokisaga acaba também conseguindo invocar uma, mas no formato de uma corrente.


Enquanto Tokisaga tenta entender essa nova realidade e Asuka continua seu trabalho, ainda mantendo um certo ar de mistério, o grupo de heróis vai aumentando com novas pessoas se mostrando capazes de invocar Soul Devices, como Sora Ikushima, amiga de infância do protagonista e um prodígio no karatê; Yuuki Shinomiya, um jovem extremamente habilidoso com computadores, e Shio Takahata, o delinquente com cara de mau.

Quanto aos personagens no geral, apesar de os tipos clássicos de animes se fazerem presentes aqui, eles são mais do que isso. Cada um a seu tempo: todos os heróis ganham espaço para se desenvolverem suas próprias histórias o suficiente para que possamos facilmente nos simpatizar com eles. Muito disso acontece na parte escolar do jogo, nas pequenas interações e diálogos.

Sobre isso e já entrando nas mecânicas, o jogo é dividido em capítulos que, via de regra, começam em algum pós-aula. Assim que assumimos o controle de Tokisaga, podemos andar livremente pela escola conversando com outros alunos, professores e funcionários. Também podemos ir a outros locais, como o centro da cidade, o bairro de comércio, etc. Essa parte é o tempo livre, quando podemos realizar missões secundárias, de afinidade, comprar e vender itens ou somente explorar o mundo disponível. Embora trabalhe com o conceito de passagem de tempo (tornando missões e diálogos restritos a certos trechos), o “tempo” não avança até o jogador ir diretamente para o ponto da missão principal.

Um último detalhe nesse quesito que gostaria de mencionar é facilidade de locomoção. O sistema de mapas e viagem rápida é bem prático, não obrigando o jogador a gastar muito tempo só andando de lá para cá, ainda mais em um jogo onde você vai revisitar os mesmos lugares diversas vezes.


Colocando o Soul Device para funcionar

Para aqueles acostumados com jogos da Falcom, o sistema de combate não deve ter muitos segredos, já que o mesmo segue as linhas gerais dos outros jogos da empresa, o que por si só não é nenhum defeito.

Sempre que entra em uma Eclipse, você pode montar um grupo de três personagens (usamos um por vez, mas pode-se alternar entre eles a qualquer momento), cada um com seu tipo de arma, habilidades específicas e, algo muito importante, um elemento especial: Fogo, Espírito, Vento, Aço, Sombras e Luz. Esse último atributo é importante porque todo monstro tem uma fraqueza específica e saber explorar esse artifício ajuda muito dentro dos calabouços.


Sobre os monstros, Tokyo Xanadu ex+ não é um jogo que traz hordas de criaturas para você esmagar os botões de seu controle. São menos criaturas, mas que te atingem com certa facilidade. Assim, é preciso saber a hora de atacar e recuar. Seu único recurso defensivo é a cambalhota que, se aplicada no momento certo, anula o impacto de dano. No entanto, se o inimigo te atacar no meio de uma animação de ataque, já era, algo que eu levei um tempo para entender. A mesma coisa vale para os chefes.

Minha crítica aqui vai para dois pontos: a câmera e o sistema de travamento de mira. Por padrão, a câmera sempre segue atrás do personagem, o que se torna um problema em salas onde aparecem inimigos de todos os lados ou contra chefes que se movimentam muito. Isso fica pior com a trava de mira. No controle do PS4, o analógico direito é usado tanto para movimentar a câmera quanto para trocar o alvo.Assim é comum o jogo travar em outro inimigo enquanto o jogador só queria reposicionar a visão. Há alguns momentos também em que a mira simplesmente some, como quando damos um golpe especial, por exemplo.

Curiosidade: em 2010 a Falcom lançou para PSP Ys vs. Trails in the Sky: Alternative Saga, um jogo de luta entre as duas séries.
Visualmente, temos que lembrar que falamos de um jogo lançado originalmente para Vita. Não digo que Tokyo Xanadu ex+ é feio, longe disso, mas não espere por um jogo que use o máximo da capacidade do PS4. Ainda assim, a direção de arte fez um bom trabalho, com os personagens e cenários do mundo real. Destacam-se as animações e artworks dos personagens que são belíssimas, como ilustrado pelo vídeo no começo da análise.

Para encerrar essa análise, vale comentar as adições que ex+ trouxe em relação ao original do Vita. Além dos gráficos em alta definição rodando a 60 quadros por segundo, foram adicionadas missões paralelas, que se passam entre os capítulos principais e exploram mais as relações entre os personagens, novos calabouços, monstros, e um novo personagem jogável, o White Shroud. Também foram adicionados os modos Time Attack e Boss Rush.

Existem diversas referências a outros jogos da Falcon. O mascarado da parte de baixo é de Zwei: The Ilvard Insurrection.


Aproveite o Dia

Tokyo Xanadu ex+ é um grande RPG de ação ao mesmo tempo que investe em interações entre personagens, que acabam resultando em diálogos e até missões únicas. Sua jogabilidade nos combates é bem interessante, que traz vários recursos e habilidades diferentes, dando bastante diversidade aos combates.

É um jogo longo e deve consumir facilmente umas quarenta horas, ainda mais se você quiser fazer 100% dos eventos e investir em um New Game+. No entanto em nenhum momento ele se torna cansativo, mantendo um bom equilíbrio entre as diferentes seções do game. Também existem várias atividades paralelas interessantes e o fato do jogo não te apressar a andar com a história é um ponto positivo.

Tenha você jogado ou não a versão de PS Vita, essa edição definitiva de Tokyo Xanadu vale muito a pena, cumprindo muito bem a maior parte das coisas que se propõe.

Prós

  • Combate com várias opções de estilo;
  • Personagens carismáticos;
  • Narrativa que desenvolve os protagonistas e suas relações;
  • Animações e direção de excelentes;
  • Conteúdos extras da versão de Vita.

Contras

  • A câmera pode atrapalhar em alguns momentos;
  • Sistema de trava de mira não é muito preciso.

Tokyo Xanadu ex+  — PC/PS4 — Nota: 9.0

Versão usada para análise: PS4
Revisão: João Pedro Boaventura


Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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