Análise: The Mummy Demastered (Multi) é uma aventura metroidvania de dificuldade intensa

Utilizando como base o universo do reboot cinematográfico de A Múmia, o jogo oferece uma experiência sólida e divertida.

em 30/10/2017

Jogos baseados em grandes blockbusters do cinema costumam não chamar a atenção por conta da qualidade duvidosa de muitos. The Mummy Demastered é um título que quebra essa regra. Lançado para PC, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch, o jogo utiliza o material de origem somente como inspiração, resultando em uma aventura competente e divertida.

Enfrentando um mal ancestral

Na metade de 2017, foi lançado o filme “A Múmia”, um reboot da série cinematográfica de mesmo nome. No longa estrelado por Tom Cruise, uma princesa múmia chamada Ahmanet é libertada e espalha o caos pelo mundo em busca de vingança. Em The Mummy Demastered, controlamos um agente da organização Prodigium, grupo que tem como missão enfrentar criaturas e ameaças sobrenaturais. Sendo assim, o objetivo é investigar o paradeiro dos outros agentes e derrotar a princesa Ahmanet. O jogo não segue a trama do filme à risca, de modo que é possível aproveitá-lo sem ter conferido o longa.


The Mummy Demastered é uma aventura de ação e plataforma 2D com características de metroidvania. A jornada se passa em um grande mapa interligado repleto de monstros, como zumbis, esqueletos assassinos, ratos gigantes e cérebros flutuantes. O protagonista tem à disposição várias armas de fogo e diferentes tipos de bombas, cada qual com forças e efeitos diferentes. Melhorias de energia e de munição estão escondidas pelo mapa.

Pelo caminho, o herói encontra pergaminhos que lhe conferem habilidades, como se segurar no teto, correr mais rápido e saltar mais alto, permitindo avançar e acessar novas partes do mapa (técnicas, inclusive, bem triviais e nada criativas). No início, o agente está equipado somente com uma metralhadora com munição infinita, porém ele encontra várias outras armas poderosas com cartuchos de balas limitados. Fora a metralhadora básica, o herói pode carregar mais duas armas e um tipo de bomba, e só é possível trocar a configuração em locais específicos — o que faz com que seja necessário pensar com cuidado a configuração dos equipamentos de acordo com a situação.


Uma mecânica interessante entra em jogo quando o herói morre. Ao ser abatido, o agente é transformado em um zumbi controlado pela princesa Ahmanet e um novo guerreiro da Prodigium toma o seu lugar na missão. O detalhe é que o novato retoma a aventura só com o equipamento básico; para recuperar as armas e melhorias obtidas anteriormente, é necessário encontrar o zumbi do agente anterior e derrotá-lo.

O Demastered no título do jogo dá uma dica do que  ele pretende ser, ou seja, algo contrário à “remastered” (remasterizado). Não são só as mecânicas que remetem a era 16 bits: o visual conta com pixel art excepcional e o áudio tem composições repletas de sintetizadores. Visitamos locais relacionados ao filme e a representação está ótima  — pode parecer estranho cérebros saltitantes e caveiras assassinas andando no mundo moderno, porém funciona no contexto de uma princesa maligna revivida invocadora monstros. Só gostaria que tivesse alguma mudança no visual do personagem que substitui algum agente morto para ajudar a diferenciá-los entre si.


Jornada complicada

The Mummy Demastered é um jogo difícil por conta da combinação de inimigos e sessões de plataforma. Em muitos momentos, navegar é complicado por conta da posição dos monstros, pois eles normalmente estão exatamente nos locais que precisamos alcançar. Além disso, eles são bem resistentes, logo é importante saber dosar bem a munição para acabar com eles. Por fim, itens de recuperação são escassos, de modo que é necessário ainda mais cuidado na hora de navegar. Todos essas características juntas definem a dificuldade acentuada do título e traz uma sensação recompensadora ao superar as partes complicadas. Uma pena que a quantidade de inimigos seja bem limitada, pois a repetição deles traz uma sensação de cansaço.

A mecânica de ser transformado em zumbi é bem interessante. Ela cria uma sensação de tensão constante, já que se você morrer será necessário caçar e derrotar o zumbi — essa criatura estará mais poderosa em relação ao jogador por ter todas as armas e upgrades. Meu problema com isso, porém, vem do fato de que quando você derrota o zumbi e recupera os equipamentos: praticamente nada da vida e munição são recuperadas. Sendo assim, muitas vezes, precisei ficar voltando em áreas só para matar monstros e me recuperar, principalmente ao morrer para os chefes, e isso não é nada divertido.


Não me senti muito impelido a explorar todo o mapa, pois o principal colecionável, fora as melhorias, são objetos extremamente simples — um simples disco prateado de nome “relíquia”. Seria legal algo mais elaborado, como diferentes objetos com alguma descrição, ao menos. De qualquer maneira, o desenho dos níveis é competente e isso foi suficiente para me fazer avançar na aventura.

Um ótimo exemplo de adaptação cinematográfica

The Mummy Demastered é um título interessante e competente, além de ser também um ótimo exemplo de como produzir um jogo baseado em um filme. A mescla de plataforma 2D, tiro e metroidvania funciona bem por conta do desenho agradável de níveis e da presença bem posicionada de inimigos. De negativo, ele tem alguns pequenos problemas de balanceamento (como na mecânica de zumbi) e carece de características únicas e marcantes. De qualquer maneira, The Mummy Demastered não deixa de ser uma experiência divertida e com ótimos momentos.

Prós

  • Combinação de tiro e plataforma com muitos momentos notáveis;
  • Dificuldade intensa, porém sem exageros;
  • Mecânica interessante de zumbi;
  • Visual e música ótimos.

Contras

  • Características principais sem muita identidade;
  • Desbalanceamento da mecânica de zumbi;
  • Pouca variedade de inimigos.
The Mummy Demastered —PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Bruno Alves
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é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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