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Análise: Jettomero: Hero of the Universe (PC/XBO) — crônicas de um robô desajeitado

Esse indie se destaca pelo visual único e jornada simultaneamente interessante e meditativa.


O herói de Jettomero: Hero of the Universe, título independente lançado para PC e Xbox One, é um robô indestrutível que tem como missão vagar pelo universo e livrar a humanidade de ameaças. A tarefa é até simples, porém o gigante de ferro é estabanado e até mesmo um pouco depressivo. Com mecânicas fáceis de entender e direção de arte incrível, a experiência é um misto de contemplação e exploração.

Salvando o universo

O ciclo de jogo de Jettomero é bem simples. No controle do robô, exploramos planetas localizados em diferentes galáxias em busca de respostas sobre o passado do gigante. Nesses locais, andamos erraticamente em busca de algum monstro, células de combustível e novas partes para o robô. Quando encontramos alguma criatura hostil, acontece um minigame no qual temos que apertar botões em sequência para vencer.


Jettomero é invencível, logo não há senso de urgência ou tensão. Sendo assim, o jogo é sobre explorar o universo e aproveitar o passeio. O mais legal é a personalidade do robô: ele é extremamente desajeitado, característica essa refletida nos controles. Além disso, o gigante se afeiçoa profundamente pelos humanos e faz de tudo para salvá-los, por mais que, na maioria das vezes, seja recebido com mísseis, tanques e lasers (como ele é indestrutível, nada grave acontece). Por ser desengonçado, é um pouco difícil controlar o robô, fazendo com que pisemos por acaso em prédios e outras construções — O robô se sente culpado e pede desculpas efusivamente.

Uma característica que me chamou bastante a atenção é o visual do jogo. Os gráficos apresentam alto contraste, resultando em uma apresentação impactante e muito bela. O mais legal é a presença de um modo  fotografia repleto de filtros e opções interessantes, sendo possível, inclusive, jogar a aventura com os filtros ativados. A trilha sonora relaxante, minimalista e repleta de sintetizadores reforça o visual marcante.


Relaxando e tirando fotos

A experiência proporcionada por Jettomero é bem curiosa. Mesmo bem simples, gostei de acompanhar o robô em sua jornada por respostas. É divertido, e até mesmo relaxante, explorar os planetas e enfrentar os vários monstros. Confesso, inclusive, que em muitos momentos pisoteei cidades de propósito para ver o protagonista sentir-se culpado e se desculpando. Entendemos o motivo do robô ser assim por cenas de história contadas por painéis que lembram histórias em quadrinhos.

Os universos do jogo são gerados proceduralmente, o que traz alguma variedade de situações. Em um planeta, por exemplo, os humanos são pacíficos e podemos andar sem preocupações. Já em outro lugar, somos recebidos por tanques e naves de guerra. Aparecem também algumas situações inusitadas para Jettomero resolver — minha favorita foi um incêndio em uma floresta na qual o robô decide apagar por meio de pisadas, porém ele acaba destruindo tudo. Contudo, a variedade de situações é bem pequena e limitada, o que significa fazer basicamente a mesma coisa o tempo todo.


Algo que ocupou boa parte do meu tempo  no título foi o modo de fotografia. Não sou muito fã dessas opções, porém não resisti a ela nesse jogo. Gostei demais de criar composições e de testar os filtros, o visual elaborado e belo contribuem bastante para a ação de tirar fotos. É, facilmente, um dos maiores destaques do título.

Jettomero é um título não convencional, ou seja, o foco é na experiência quase meditativa, análoga aos walking simulators (simuladores de caminhada). Isso é claramente evidenciado pela simplicidade das mecânicas e pela quantidade reduzida de situações — a combinação dessas características faz com o que o jogo seja um pouco repetitivo. A aventura dura por volta de três horas e há várias partes para customizar o robô espalhadas pelo universo.


Uma aventura diferente

O visual excepcional e as mecânicas relaxantes são os motivos que fazem Jettomero: Hero of the Universe um ótimo jogo. É inusitado controlar um robô desengonçado que, em suas tentativas de salvar a humanidade, acaba destruindo tudo por acaso — e se sente culpado por isso. Além disso, é muito divertido montar cenas no modo  fotografia. Jettomero é recomendado para aqueles que procuram uma experiência diferenciada.

Prós

  • Visual e ambientação impactantes;
  • Mecânicas simples e relaxantes;
  • Ótimo modo de fotografia.

Contras

  • Pequena variedade de situações.
Jettomero: Hero of the Universe —PC/XBO — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Leon Costa 

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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