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Análise: NBA Playgrounds (Multi) mostra a cara do basquete de rua nos games

Título traz de volta um pouco das experiências com jogos de basquete de rua anteriores, mas inova pouco para os tempos modernos.


Títulos esportivos têm geralmente uma fórmula bem definida, graças à influência dos esportes da realidade no que diz respeito à jogabilidade e ao estilo do jogo. Porém, ora ou outra, títulos de caráter mais casual e cômico são lançados, pensando que nem tudo nessa vida precisa ser levado tão a sério. Com uma temática voltada para o basquetebol jogado nas ruas do mundo todo, NBA Playgrounds (Multi) pontua com um visual autêntico e uma jogabilidade simples, mas esbarra em alguns problemas que atrapalham nossa empolgante jogatina.

O basquete de cada dia

O mais novo título de basquete do mundo dos games, desenvolvido pela Saber Interactive e distribuído pela Mad Dog Games, foi fortemente influenciado por títulos passados que conferiram ao esporte um tom mais casual e informal. Porém, em alguns momentos, parece que o jogo não criou uma identidade muito própria, recorrendo a diversos aspectos apresentados em jogos do passado.

Antes da primeira partida, após as longas e exaustivas telas de carregamento, o jogador é apresentado aos pacotes de Player Cards, cartões colecionáveis correspondentes a cada um dos esportistas presentes no jogo com seus respectivos visuais cartunescos engraçados. Os pacotes são obtidos de diferentes maneiras, seja subindo de nível em sua carreira ou terminando diferentes torneios. No primeiro caso, recebemos pacotes prateados e, no segundo, pacotes dourados. A diferença está na chance de se obter jogadores do tipo Legend (ou lendários), que possuem atributos e habilidades melhores do que jogadores normais ou do tipo Epic. E falando dos jogadores que dão as caras por aqui, podemos citar grandes nomes do basquetebol americano, como Shaquille O'Neal, Carmelo Anthony, LeBron James e até mesmo o inesquecível Magic Jonhson.



Inicialmente, mesmo com o tutorial inicial e as dicas que aparecem na tela de carregamento, é comum ficar confuso com as mecânicas do jogo, já que games de esporte são bem dinâmicos e exigem muita atenção, principalmente daqueles não acostumados com o gênero. As regras são baseadas no basquetebol de rua, ou seja, são permitidos empurrões, a quadra não tem limite de saída, e os jogadores podem fazer jogadas combinando pulos, piruetas e enterradas. As equipes de 2x2 são uma característica de seu antecessor espiritual NBA Jam (Multi) e colocam o jogador em xeque-mate consigo mesmo na hora da escolha dos protagonistas de cada partida.

Como cada jogador tem atributos diferentes, é importante analisar, após certo tempo de jogo, quais as melhores combinações para seu estilo de jogo. Priorizar jogadores com boa defesa e capazes de realizar bloqueios com facilidade é a estratégia daqueles que preferem jogar na defensiva, porém atacar e pontuar também é muito importante. Por outro lado, jogadores que pontuam bem em lançamentos de dois e três pontos farão diferença no seu ataque, mas deixarão uma brecha considerável na defesa.

Diferentes maneiras de jogar

O jogo tem modos para todo tipo de gosto, que vão desde amistosos casuais até campeonatos mais desafiadores. Em qualquer um dos modos, você escolhe seus jogadores baseando-se no nível em que se encontram e em suas habilidades. No caso de partidas amistosas, pode-se escolher também seus adversários, o local onde a partida será sediada, o modelo da bola, a dificuldade, e o tempo de jogo ou número de pontos a serem atingidos para o fim da partida. Novos modelos de bola e diferentes locais espalhados pelo mundo são desbloqueados no modo Torneio, quando finalizamos um desafio de fase ou vencemos a partida final, respectivamente.



No modo Torneio, enfrentamos duplas de jogadores previamente escolhidas pelo jogo, em diferentes locais do mundo, porém todos ao ar livre e no melhor estilo da série NBA Street. Nesse modo, não escolhemos a dificuldade, local, tempo de jogo ou nossos adversários, características que fazem desse modo a campanha oficial do jogo. Desafios individuais a cada uma das quatro fases do torneio aquecem ainda mais a partida, fazendo, muitas vezes, com que deixemos de pontuar para nos preocuparmos com bloqueios, tomadas de posse de bola, ou até as lottery picks – "poderes" temporários que são sorteados no meio da partida e conferem à equipe um bônus de pontuação ou uma habilidade extraordinária.

Os modos multiplayer são divididos em local e online. No modo online, você pode criar sua partida ou entrar em uma partida anteriormente criada. Alguns problemas de quedas de framerate são frequentes nesse modo, já que dependemos da internet para sincronizar a jogatina tão dinâmica. No multiplayer local, há algo um tanto quanto frustrante que ocorre na versão do Switch: não há a opção de jogar com dois Joy-Cons, principalmente porque há comandos demais no jogo para serem suportados por um único Joy-Con. Algum tipo de adaptação para esse console poderia ter sido feita, talvez simplificando um pouco os controles para permitir o multiplayer local com o par de Joy-Cons. Portanto, se você tem interesse no título para essa finalidade, providencie um Switch Pro Controller ou um par extra de Joy-Cons.

Arremessando contra a própria cesta

Apesar do visual autêntico e da dinâmica de jogo presentes, alguns aspectos deixaram a desejar. A música repetitiva no menu do jogo poderia ter sido substituída por uma playlist mais variada, com estilos musicais que combinem com a atmosfera do basquetebol. A música durante as partidas muda de acordo com cada local, ressoando acordes e simbolizando a harmonia do estilo musical particular de cada local, como os arranjos românticos do torneio de Paris.



Os controles nos menus são ruins e, muitas vezes, respondem com atraso ou não respondem ao nosso comando. Isso ocorre com menor frequência durante as partidas – e também é mais difícil de notarmos, já que, durante o frenesi vivido a cada jogada, pressionamos diversas vezes o mesmo botão esperando que a ação interventiva ocorra o mais rápido possível. Sobre os arremessos, é importante saber o quanto pressionar Y (botão de arremessar na versão do Switch) para que sua chance de arremesso seja convertida em pontos. Porém, após muitas partidas, é notável que há uma parcela considerável de "sorte" para cada arremesso, o que diminui ainda mais o fator competitivo por habilidade.

Por fim, há algumas considerações a serem feitas sobre a narração do jogo, fator muito importante em games de esporte. As piadas e comentários são de criatividade ímpar, e certamente são bem propícios para um jogo desse tipo. Porém, é o fato das jogadas e do comentário serem geralmente dessincronizados que atrapalha a experiência divertida de cada partida.

A interação entre o público espectador de cada partida e os jogadores é praticamente nula, e também poderia ter sido explorada com um pouco mais de criatividade. Mesmo assim, NBA Playgrounds é um título autêntico e que vale sim algumas horas de piruetas no ar seguidos de enterradas explosivas.



Prós

- Animações divertidas durante as partidas;
- Variedade de jogadores reais da NBA;
- O sistema de cartões colecionáveis recompensa o jogador com XP e novos membros para a dupla.

Contras

- Mecânica inicialmente confusa;
- Habilidade é ofuscada pela sorte durante os arremessos;
- Carregamento de telas demorado e monótono.


NBA Playgrounds – Multi – Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch


Revisão: Pedro Vicente

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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