Das telas para as páginas: os mangás publicados no Brasil que foram adaptados dos games

Quais mangás os gamers brasileiros podem correr atrás para adicionarem à sua coleção?


Nesse último dia 16, em abril, a Panini anunciou na CCXP Nordeste que irá publicar a coleção referente aos mangás da série The Legend of Zelda, composta por cinco volumes. Isso é muito importante para o mercado de mangás nacionais porque dá indícios de que talvez seja possível uma expansão desse nicho, de obras baseadas em games. No entanto, quais foram exatamente os games já que tiveram mangás publicados por nossas terras e o que mais tais franquias ainda têm a oferecer?

The Legend of Zelda

O anúncio da Panini diz respeito à coleção Legendary, organizada em cinco volumes, sendo que cada volume vai, contar com duas adaptações em mangá baseada em determinados jogos da franquia. A única exceção é o primeiro volume, referente ao Ocarina of Time (N64), que conta com duas partes e ocupará um volume sozinho. Os subsequentes se dividirão na dupla Oracle of Seasons (GBC) e Oracle of Ages (GBC) (volume 2), Majora's Mask (N64) e A Link to the Past (SNES) (volume 3), The Minish Cap (GBA) e Phantom Hourglass (DS) (volume 4) e Four Swords (volume 5), sendo que os dois últimos volumes ainda serão lançados nos Estados Unidos.

Apesar de ser uma coleção bem servida, Akira Himekawa, como é denominada a dupla de mangakás responsável por todas as adaptações citadas, também foi responsável pelos mangás de Skyward Sword (Wii), publicado integralmente no artbook Hyrule Historia, e Twilight Princess (GC, Wii), publicado quase dez anos após o jogo original, mas a tempo de acompanhar o lançamento da versão remasterizada para Wii U.


A franquia também conta com outras adaptações um pouco mais obscuras e feitas por outros autores. Yuu Mishouzaki foi responsável por adaptações obscuras do jogo original de 1986 para o NES e de sua sequência, Adventure of Link (NES). Ataru Cagiva também teve publicada sua própria adaptação de A Link to the Past, e Link's Awakening (GB) (que recebeu o título alternativo de "Yume o Miru Shima", "Ilha dos Sonhos"). Wind Waker (GC) também recebeu uma versão em mangá, mas, diferentemente dos outros jogos, foi adaptado em um mangá de comédia num estilo chamado 4-Koma, caracterizado pela estrutura composta por apenas quatro quadros de tamanho igual. Escrito por um autor de mangás adultos (oi?) chamado Oyster, o mangá parodia com piadinhas determinadas situações do jogo em questão.

No entanto, se formos entrar na questão da obscuridade mesmo, saiba que um mangá chamado "Riruto no Chikai" - o juramento de Lilto - foi lançado em 1995 e conta uma história de um garoto que não é Link, embora o protagonista dos games também esteja presente na aventura. Como era de se esperar, ele foi lançado em forma de um doujin, ou seja, é publicação independente e não licenciada, similar às fanfictions.

Pokémon

Pokémon é um fenômeno transmídia que ultrapassa os jogos e consegue fazer sucesso de diversas outras formas, como é o caso do anime, do TCG e, portanto, seria perder dinheiro não adaptar a franquia num mangá também. O mais conhecido é o Pokémon Adventures, cujo nome original é "Pocket Monsters Special", abreviado PokeSpe. Dividido em vários arcos correspondentes aos jogos da franquia principal, o autor, Hidenori Kusaka, trabalha na série desde 1997 e criou uma espécie de universo em constante expansão e lembrado pelos fãs por ter deixado de lado aquela imagem fofa e amigável da franquia para trabalhar um lado um pouco mais visceral, como é o caso do Charmeleon decepando um Arbok logo nos primeiros volumes ou, em um exemplo recente, Zinnia sendo obliterada por um Rayquaza.


No Brasil, a Panini lançou por completo o arco referente aos jogos Black & White (DS) e está publicando o arco referente ao trio da primeira geração, Red, Blue (Green, no Japão) e Yellow (GB). Outro mangá publicado por essas bandas, mesmo que sua publicação tenha sido finalizada, é o Dengeki Pikachu, lançado por essas terras como As Aventuras Elétricas de Pikachu. O mangá é releitura de diversas passagens do anime original, mas causou controvérsia pela sexualização abusiva de determinados personagens e situações.

Saindo da zona de conforto, Pokémon também rendeu uns mangás bem incomuns. Um exemplo clássico e que continua sendo lançado até hoje é o mangá simplesmente chamado de "Pokémon", que, em um tom bem humorado, conta a história de um Red atrapalhado e acompanhado por um Clefairy vulgar e mal educado. Outro mangá, que recebeu relativo destaque quando foi lançado é Pokémon RéBurst, apresentando a ideia de fusão entre os humanos e os Pokémon.

Mega Man

O robozinho azul da Capcom também é outro personagem que protagonizou uma infinidade de adaptações. Embora apenas o NT Warrior tenha sido publicado por essas bandas oficialmente (e cancelado depois de seis edições, o equivalente a três tankoubons japoneses), Mega Man também recebeu uma série de adaptações em mangá licenciadas e oficiais que ainda são inéditas por aqui.


A grande questão é: por que licenciar mangás gringos se podemos produzir os nossos? Eu me refiro especificamente ao Novas Aventuras de Megaman, com o nosso DNA, desenhado à mão e pintado no lápis de cor. A história básica é concentrada num Dr. Wily que se transformou em um ciborgue e tocou o terror enquanto Mega Man e Roll hibernam por trinta anos. O pior é que esse negócio foi licenciado. Não é de hoje que a Capcom não dá um pingo de valor à sua IP.

Blue Dragon

Blue Dragon, lançado originalmente para Xbox 360 e com sequências para o Nintendo DS, teve dois títulos publicados por aqui. O primeiro a chegar foi Blue Dragon: RalΩGrad. Com quatro volumes compilados e ilustrados por Takeshi Obata, de Death Note, a história apenas se utiliza da ideia central do jogo, no caso, as sombras como fonte de poder dos personagens. Blue Dragon ST, por sua vez, conta com um uma aparência um pouco mais amigável, em contrapartida à arte densa do Obata, mas possui apenas um volume, uma vez que foi rapidamente cancelado no Japão. Nesse caso específico, é interessante lembrar que a adaptação em Anime também chegou aqui, mas se destacou pela dublagem de baixa qualidade em Miami e também teve vida curta no ar.


Monster Hunter

A franquia, que é um monstruoso sucesso no Japão, teve lançada por aqui – pela JBC - a adaptação “Monster Hunter Orange”, com autoria de Hiro Mashima, criador de Fairy Tail. A história, dividida em quatro volumes, conta com um contexto muito mais amigável e cartunesco que o dos games originais. No entanto, outra série em mangá baseada na IP, Monster Soul, também foi lançada no Japão e permanece inédita no Brasil.

Inazuma Eleven

Inazuma Eleven, que por aqui fez sucesso entre a criançada como Super Onze, começou nos games e pertence à Level-5, mesma companhia de Professor Layton, cujos jogos fizeram sucesso no Nintendo DS. A forma de publicação que a JBC escolheu para Inazuma Eleven foi singular. Visando o público infantil, os mangás foram publicados com um formato muito mais próximo ao dos gibis, como Turma da Mônica, com volumes bem mais finos, em contrapartida aos mangás mais tradicionais. 

Isso foi suficiente para transformar as dez edições originais em trinta e dois formatinhos lançados por aqui. Inazuma Eleven ainda conta com o mangá “Inazuma Eleven Go”, que ainda não apareceu por essas bandas.

Resident Evil

A Panini lançou por aqui a série “Marhawa Desire”, composta por seis volumes que  servem como prólogo do quinto jogo da Franquia. Resident Evil, no entanto, conta com outras duas publicações em Mangás que ainda não chegaram ao Brasil: Heavenly Island, que liga os eventos do Revelations 2 e de Umbrella Corps. Além disso, também foi publicada no Japão uma adaptação em duas edições do jogo Umbrella Chronicles (Wii).

Yo-Kai Watch

A adaptação do jogo de sucesso do Nintendo 3DS e também produzido pela Level-5 começou a ser publicada por aqui pela Panini em 2016. No entanto, além dessa série inicial que hoje já conta com 11 volumes publicados no Japão, Yo-Kai Watch também possui outras serializações, como Yo-kai Watch: Exciting Nyanderful Days, com uma pegada mais feminina (Shoujo), duas séries em 4-Koma (a exemplo do mangá de Wind Waker) uma intitulada 4-Panel Yo-kai Watch: Geragera Manga Theater e a outra chamada Yo-kai Watch 4-Panel Pun Club. Yo-Kai Watch também rendeu mangás de volume único, como Yo-Kai Watch Busters e A Time for Fireworks and Miracles, todos inéditos por aqui.

Visual Novels

Dentre as visual Novels que tiveram mangás publicados por aqui está Steins;Gate, lançado pela JBC e dividido em três volumes e Fate/Stay Night, da série Fate/ e ainda em publicação pela Panini, mas que no Japão conta com vinte volumes. Muv-Luv chegou a ser anunciado pela Nova Sampa há alguns anos, mas até hoje não viu a luz do dia por problemas com o licenciamento no Japão. 


É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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