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Análise: Overcooked (Multi) é loucura multiplayer na cozinha

Controle cozinheiros e tente salvar o mundo nesse ótimo título cooperativo para até quatro jogadores.

Pode não parecer, mas as cozinhas dos grandes restaurantes são bem movimentadas e até mesmo caóticas. Overcooked, título independente para PlayStation 4, Xbox One e PC, foca justamente na ação de preparar pratos culinários. Misturando controles simples e algumas situações bem malucas, esse jogo oferece multiplayer incrível e muita diversão.

Cozinhando para salvar o mundo

O conceito básico de Overcooked é bem simples. Os jogadores controlam cozinheiros que precisam preparar inúmeros pedidos. Os controles são bem descomplicados: há um botão para pegar itens e outro para realizar ações (como cortar alimentos ou lavar pratos). Sendo assim, bastam alguns minutos para entender tudo e já sair detonando na produção de pratos culinários. Há também a opção de duas pessoas jogarem com um único controle: cada cozinheiro é controlado por uma das alavancas e pelos botões de ombro.

O mais curioso é que o jogo tem uma história. Tudo começa quando uma almôndega gigante maligna e faminta está destruindo o mundo. Para acabar com essa ameaça, alguns cozinheiros do Reino da Cebola tentam saciar a fome dela. Por não serem habilidosos, os heróis não conseguem dar fim na criatura. Eis que o Rei Cebola (que é uma cebola imensa, literalmente) decide mandar esses cozinheiros para o passado por um túnel do tempo (!) para que eles possam melhorar suas habilidades e, assim, derrotar a almôndega. É uma ambientação bem divertida e maluca.


A aventura é dividida em fases e em todas elas o objetivo é preparar a maior quantidade de pratos possível. As receitas começam simples, como sopas que basicamente só exigem cozinhar alimentos cortados. Conforme se avança, os pratos vão se tornando mais complicados e em um mesmo estágio os clientes pedem variação deles. Um exemplo é o hamburger: O prato completo exige pão, carne, alface e tomate, contudo há variações sem vegetais.

Outros equipamentos de cozinha aparecem, cada qual com suas particularidades. Há frigideiras, fornos, panelas e outros utensílios, cada qual com uma função. Também é importante lavar os pratos e prestar atenção em coisas no fogo: caso não fique atento, as coisas podem começar a pegar fogo e se espalhar rapidamente pela cozinha.

Caos na cozinha

Coisas pegando fogo é só uma das preocupações. A experiência de Overcooked é bem intensa, pois há sempre muita coisa acontecendo. Imagine a seguinte situação: quatro cozinheiros correndo freneticamente enquanto tentam cortar alimentos, observar os detalhes dos pedidos, entregar as receitas prontas, lavar os pratos sujos, acabar com incêndios… Quando você percebe, o tempo do estágio já está quase no fim e quase nada foi feito. É justamente essa bagunça que deixa o jogo divertido.


Há grande variedade de situações, pois os estágios são bem únicos e apresentam mecânicas novas o tempo todo. Os mais comuns têm situações como uma cozinha de corredores estreitos (o que atrapalha a mobilidade dos cozinheiros) ou um local separado por bancadas com esteiras (só é possível passar alimentos de um lado por outro por meio dessas esteiras). Cada um funciona como um pequeno puzzle a ser resolvido.

Rapidamente as coisas ficam bem loucas, com estágios e situações inusitadas: uma cozinha está no convés de um navio, sendo que as bancadas mudam de posição conforme o movimento do mar; uma fase que consiste em dois caminhões em movimento que se afastam de tempos em tempos; outra localidade é um vulcão, com partes com lava e assim por diante. Os cozinheiros visitam também geleiras, mansões mal assombradas e até mesmo estações espaciais, cada qual com suas peculiaridades. Por conta disso, é necessário repensar sempre as estratégias para conseguir se dar bem.

Uma pequena reclamação vem dos controles: tem vezes que eles não são precisos, o que dificulta o preparo de certos pratos. Por exemplo, foram várias as vezes em que meu personagem andava sozinho. Também aconteceu de eu não conseguir pegar os itens com a agilidade que eu gostaria, precisando apertar os botões várias vezes. Por sorte isso não acontece com frequência, mas não deixa de incomodar. Também acredito que poderia ter mais variedade de receitas, com mais variações e possibilidades de preparo. Depois de um tempo você percebe que os passos são extremamente parecidos, mudando um ou outro detalhe.

Contando com a ajuda de amigos

Overcooked é claramente pensado para o multiplayer cooperativo. O título comporta até quatro jogadores simultâneos localmente — não há multiplayer online. Sendo assim, chamei alguns amigos para me ajudar na difícil tarefa de derrotar a almôndega maligna. Por conta dos comandos simples e das mecânicas fáceis de entender, todos entenderam rapidamente como jogar.

A experiência de jogar com outras pessoas é caótica, contudo muito divertida. A parte mais legal é tentar coordenar as ações de todos os participantes para conseguir fazer as coisas de forma eficiente. No começo das fases isso é bem possível, mas rapidamente a coisa desanda e tudo vira bagunça por conta das mil variáveis das partidas, como os pedidos diferentes e as maluquices de cada estágio. O resultado são loucuras como sanduíches sendo montados no chão, hambúrgueres pegando fogo na grelha, pratos feitos de maneira incorreta, clientes irados cancelando pedidos e jogadores completamente perdidos.


Simplesmente reagir ao que acontece até funciona, mas a pontuação não é das melhores. Depois de muitos resultados pavorosos, eu e meus amigos desenvolvemos uma maneira de fazer as coisas. O primeiro passo consistia em jogar uma fase uma primeira vez para entender suas particularidades. Em seguida, montávamos uma estratégia e definíamos quem fazia o que. Com isso, conseguimos classificações melhores, por mais que tudo era sempre frenético — e toda vez alguém se perdia e começava a atrapalhar os outros. Trabalho em equipe é essencial e é muito recompensador quando tudo funciona direitinho.

Não há espaço para afobamento em Overcooked. Depois de alguns sucessos, nós começávamos uma nova fase pensando “agora já somos experts!”, contudo sempre há alguma mecânica nova que bagunça todo o planejamento (e faz o caos reinar). Por conta disso, o processo recomeçava. Parte da diversão era ver qual era a próxima maluquice e como contorná-la.


Por fim, testamos também o modo versus. Nele, duas duplas se enfrentam em arenas para tentar definir quem são os melhores cozinheiros. A modalidade competitiva é interessante e ajuda a trazer variedade, por mais que a campanha cooperativa seja mais variada e elaborada.

As dificuldades de se jogar sozinho

Overcooked também conta com um modo para um único jogador. Nele, o jogador alterna entre dois cozinheiros enquanto tenta fazer as receitas. Até funciona, mas confesso que achei um pouco cansativo: é chato ficar alternando o tempo todo tentando dividir tarefas claramente pensadas para serem feitas simultaneamente. Chega um momento também que fica difícil de conseguir boas pontuações e avançar na aventura, pois não há agilidade suficiente para preparar as receitas rapidamente. Uma opção ao jogar sozinho é usar cada uma das alavancas para controlar os personagens simultaneamente — achei essa opção bem mais ágil, por mais que exija um pouco de coordenação motora.

Receita de diversão

Overcooked tem todas as características necessárias para um bom título multiplayer. O jogo conta com controles e mecânicas simples de entender, o que o torna bem acessível. É interessante e recompensador contar com a ajuda de amigos para tentar resolver os desafios das fases, até mesmo quando tudo dá errado. Por fim, há grande variedade de situações, complementada pela temática curiosa. Overcooked é mais um daqueles jogos para chamar os amigos e passar a tarde toda se divertindo.

Prós

  • Mecânicas simples e acessíveis;
  • Grande variedade de situações;
  • Modo multiplayer robusto e divertido.

Contras

  • Pequenos problemas com os controles;
  • Modo single player desinteressante.
Overcooked  — PC/PS4/XBO — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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