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Análise: ABZÛ (PS4/PC) é uma bela jornada contemplativa pelo oceano

Controle um mergulhador e desbrave um mundo submarino deslumbrante.

A primeira impressão que se tem de ABZÛ (PS4/PC) é que ele se trata de um jogo de mergulho. Contudo, bastam alguns minutos para perceber que a aventura é muito mais profunda e interessante do que parece. É fácil entender o motivo: o título foi idealizado pelos criadores de Journey (PS4/PS3) e Flower (Multi). O resultado é uma experiência familiar, porém com várias nuances e qualidades próprias.

Mergulhando num intricado mundo

Em ABZÛ controlamos um mergulhador que explora um vasto oceano. O cenário subaquático é incrivelmente belo e conta com fauna e flora elaboradas e repletas de cores. A combinação desses fatores faz com que nadar na companhia de peixes e outras criaturas seja algo extremamente prazeroso. Foram inúmeras as vezes em que me surpreendi com as belas localidades do jogo, como recifes, corais, florestas aquáticas, cavernas e ruínas.

Simplicidade é um dos focos de ABZÛ. Os poucos movimentos que o protagonista tem a sua disposição são dominados com facilidade. Não há inimigos e o caminho, na maior parte do tempo, é bem linear — os poucos obstáculos são bem tranquilos de superar. De qualquer maneira, controlar o mergulhador é simples e recompensador. Felizmente, não há aqueles problemas comuns de cenários aquáticos de jogos 3D como movimentação lenta, câmera difícil de domar e controles travados.


Existe uma trama, mas ela é críptica e enigmática. Durante o caminho, aparecem dicas sobre as origens do mergulhador e sobre o atual estado deste oceano — aparentemente ele está praticamente morto. Painéis ilustrados estão espalhados pelos ambientes e dão pistas sobre a história. Fica a cargo do jogador juntar todos os pedaços e montar uma teoria, a natureza vaga das informações permite várias interpretações.

Submerso nas belezas subaquáticas

A diversão de ABZÛ vem principalmente por conta de sua imersão. A ambientação cuidadosa é um convite a explorar o belo mundo do jogo — gastei boa parte da aventura simplesmente examinando todos os cantos, procurando por segredos e observando os animais marinhos. Gostei, especialmente, da interação com os peixes e outras criaturas: cardumes reagem aos movimentos do mergulhador e é possível pegar carona nos peixes maiores. Existem até pedras de meditação nas quais o mergulhador pode sentar e observar com calma a fauna subaquática e, com alguma sorte, o jogador consegue ver predadores em ação.

O ambiente marítimo é repleto de situações surpreendentes durante a jornada. Algumas delas são resultado da excepcional direção de arte, como um momento de tirar o fôlego no qual o mergulhador é acompanhado por imensas baleias. Já outras ocasiões brincam com nossa expectativa e apresentam cenários surreais, como locais que mais lembram o espaço sideral repleto de estrelas e outros que desafiam a lógica — há uma parte em que existe uma espécie de rio dentro do oceano. Todas essas cenas ficam ainda mais significativas com a ajuda da bela trilha sonora, que apresenta composições orquestradas e coral de vozes.


Uma experiência diferenciada

É fácil perceber que ABZÛ não é uma experiência tradicional. Assim como Journey, a aventura do mergulhador é contemplativa e focada em sensações. Ao jogar, me senti conectado ao oceano e a sua fauna e flora. Sendo assim, para mim bastou nadar e interagir com o ambiente para me divertir. Também fiquei intrigado com a trama e tentei entender o que se passava, tanto é que fiz questão de explorar novamente alguns cenários em busca de pistas — por mais que, no fim das contas, elas tenham me deixado mais confuso.

Sob esse aspecto, alguns podem achar a aventura curta (por volta de três horas ainda que você explore muito), mas a duração é suficiente e sem exageros. Algo que pode incomodar é que não há muitos incentivos para revisitar os capítulos: existem somente alguns colecionáveis e murais com dicas sobre a trama escondidos pelos cenários, sendo que jogadores mais atenciosos e dedicados podem conseguir encontrar tudo em uma única jornada.

Um oceano excepcional

ABZÛ é uma aventura imersiva e intensa, mesmo sendo fora dos padrões. É divertido controlar um misterioso mergulhador pelo oceano rico e complexo, tão bem construído que parece real. A combinação da flora e fauna, em conjunto com as reações das criaturas, traz a sensação de realmente se estar influenciando aquele incrível ambiente. Não é uma aventura tradicional e o foco é justamente se perder nesse mundo e contemplar sua beleza, por mais que exista uma história enigmática por trás. A combinação de todos esses fatores torna ABZÛ uma experiência única e impressionante.

Prós

  • Experiência simples e imersiva;
  • Belíssima ambientação;
  • Ótima trilha sonora;
  • Mecânicas simples, porém recompensadoras.

Contras

  • Poucos incentivos para revisitar os capítulos.
ABZÛ — PS4/PC — Nota: 9.0
Versão utilizada na análise: PS4
Revisão: Ana Krishna Peixoto

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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