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Análise: SteamWorld Heist (Multi) traz ótimos confrontos estratégicos

Comande robôs piratas neste carismático indie repleto de combates táticos divertidos e intensos.

Um grupo de piratas, composto de robôs movidos a vapor, é o foco de SteamWorld Heist. O título é um RPG estratégico em duas dimensões que mistura conceitos como turnos e mira manual na hora de atirar. Lançado até o momento para 3DS, PS4, PS Vita e PC, o jogo oferece uma aventura variada, um universo interessante e mecânicas de jogo bem divertidas. O mais curioso é que Heist é uma espécie de continuação de SteamWorld Dig (Multi): a trama se passa no mesmo universo e até mesmo a direção de arte é similar, mas o jogo em si traz uma experiência completamente diferente.

Pirataria steampunk no espaço

SteamWorld Heist se passa muito tempo depois de Dig. Neste jogo a Terra explodiu por conta de alguma calamidade não explicitada e os robôs a vapor sobreviventes passam a viver no espaço, perto dos restos do planeta. Controlamos um grupo de piratas, liderados pela Capitã Piper, que tem como objetivo saquear naves neste universo sem lei. Naturalmente, eles acabam se envolvendo em problemas que tomam grandes proporções.


A aventura é dividida em missões. Cada uma delas se passa em uma nave diferente e apresentam objetivos distintos: em uma é necessário derrotar todos os inimigos; em outra o alvo é saquear tudo e fugir; em uma terceira situação o alvo é desabilitar os sistemas de segurança. A variedade de objetivos faz com que cada fase seja bem única. A progressão é bem linear, mas há, também, missões opcionais de dificuldade diferenciada.

Saqueando naves

A característica mais legal de SteamWorld Heist é seu sistema de combate, que mistura turnos, estratégia e precisão. Durante as fases, que têm progressão em duas dimensões, você move os personagens pelos cenários e ataca com armas de fogo. O diferencial, aqui, é que é necessário mirar manualmente. O legal é que a maioria dos projéteis rebatem pelas paredes, sendo assim você pode usar isso como recurso para acertar inimigos que estão em locais de difícil acesso — sem contar que é bem estiloso e recompensador destruir um oponente depois da bala ricochetear por vários obstáculos. Também estão disponíveis ataques físicos, mas eles costumam ser fracos e arriscados. Os comandos são simples e elegantes, o que torna tudo bem agradável.


Os estágios têm vários objetos que podem ser utilizados como cobertura (caixas, barreiras e outras coisas do tipo), sendo que os inimigos também se beneficiam disso. Posicionamento inteligente é importante para sobreviver — foram várias as vezes nas quais eu perdi personagens por ter sido afobado ao ignorar os recursos de defesa dos cenários. Os mapas de maior parte das missões é gerado aleatoriamente, enquanto os objetivos não mudam. Além disso, durante as fases costumam aparecer eventos-surpresas que testam a capacidade de adaptação do jogador. A variedade de objetivos é grande, o que faz com que cada fase seja bem única.

Versatilidade nas táticas

SteamWorld Heist oferece muitas opções para criar diferentes estratégias. Os vários personagens apresentam classes diferentes, que definem os tipos de armas que eles podem usar. Além disso, cada herói recebe habilidades únicas conforme sobem de nível. As armas também contribuem para a variedade: há pistolas, metralhadoras, lançadores de granada, mísseis e algumas outras, cada qual com particularidades na hora de mirar e atirar. É muito divertido tentar descobrir que combinações de heróis e itens funciona para uma missão específica.


O jogo é bem acessível e tem opções para todos os diferentes tipos de jogadores. Iniciantes podem usar as armas com mira a laser para ter mais precisão (porém menos ataque), enquanto quem já é mais avançado pode arriscar projéteis explosivos que voam em arco (mas que também atingem os aliados). A punição para a derrota não é muito severa: você perde água (o dinheiro do jogo) e parte dos pontos de experiência. Por fim, é possível alterar a dificuldade a qualquer momento, caso as coisas fiquem difíceis demais.

Como já estou acostumado com jogos de estratégia, escolhi a dificuldade “Experienced” e achei o desafio bem na medida. Claro, tive problemas em algumas missões nas quais eu fui completamente derrotado, contudo em nenhum momento eu precisei treinar personagens ou coisa parecida, só foi necessário retrabalhar minhas estratégias para conseguir avançar. E foi isso o que mais gostei em SteamWorld Heist: ele é daqueles jogos que exige montar táticas inteligentes para superar os desafios, sem esquecer também da habilidade na pontaria. Ser descuidado é pedir para ser derrotado, afinal a quantidade de inimigos costuma ser bem alta.

Universo bem construído

Heist utiliza o mesmo motor gráfico de Dig, mantendo os gráficos coloridos e elaborados. Particularmente gostei muito da direção de arte, que tem uma pegada meio steampunk bem legal. Destaco principalmente os heróis: os robôs conseguem expressar personalidade só com o seu visual. Gosto especialmente da comandante Piper, do peixe-marinheiro Billy e da robô fazendeira Sally. Os diálogos são simples e repletos de humor, complementando a personalidade de cada herói. Por fim, é possível trocar o chapéu dos personagens, o que permite criar visuais bem malucos. O legal é que os inimigos também usam acessórios na cabeça e podemos até mesmo pegá-los: basta fazer um disparo preciso para lançar o chapéu no ar. Foram várias as vezes que gastei um turno só para pegar o chapéu do oponente, mesmo sabendo que eles são puramente cosméticos.


O único problema de SteamWorld Heist é sua música. A trilha sonora é agradável, mas é bem limitada: cada um dos três mundos do jogo conta com uma faixa para o mapa e outra para a batalha. Sendo assim, você ouve as mesmas músicas o tempo todo por horas seguidas, fica cansativo bem rápido. Nos vários bares presentes no universo do jogo são tocadas músicas da banda Steam Powered Giraffe, que combinam perfeitamente bem com a ambientação do título — uma pena que essas composições fiquem restritas a esses locais.

Estratégia tática viciante

SteamWorld Heist é um ótimo RPG tático. O título consegue combinar muito bem várias mecânicas diferentes e o resultado é um sistema de combate interessante e repleto de possibilidades. A experiência é complementada pela grande variedade de situações, personagens carismáticos e com características únicas, e as muitas opções na hora de montar as táticas. Além disso, o jogo também conta com ótimo balanceamento, o que o torna divertido e acessível tanto para iniciantes quanto para veteranos. Fãs de estratégia por turnos, e até mesmo curiosos, não podem deixar de jogar SteamWorld Heist.

Prós

  • Excelentes mecânicas de batalha;
  • Boa variedade de situações nas missões;
  • Muitas possibilidades de estratégia por conta dos personagens e itens únicos;
  • Ótimo visual e direção de arte.

Contras

  • Trilha sonora limitada e repetitiva.
SteamWorld Heist — 3DS/PC/PS4/PS Vita — Nota: 9.0
Versão utilizada na análise: PC
Revisão: Vitor Tibério

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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