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Análise: Plants vs Zombies: Garden Warfare 2 (Multi) é uma guerra botânica frenética

Sequência de Plants vs. Zombies: Garden Warfare traz novidades muito bem-vindas e consegue provar que é possível melhorar o que já era bom.



Há cerca de dois anos, Plants vs. Zombies: Garden Warfare trouxe um novo conceito de guerra entre plantas e zumbis, deixando de lado o tower defense das versões mobile e investindo em um jogo de tiro em terceira pessoa diferente e cheio de personalidade. O game conquistou o coração de jogadores de diferentes idades e, como não poderia deixar de ser, o anúncio inesperado de que o título receberia uma sequência fez a alegria de muitos fãs. Além de contar com lançamento simultâneo para todos os consoles (diferente do que aconteceu com seu antecessor, que foi lançado primeiro nos consoles da Microsoft), o jogo prometeu trazer novos mapas, classes de personagens inéditas e ainda mais diversão. Será que a PopCap Games conseguiu acertar mais uma vez?

Terra de ninguém

Após os eventos do primeiro jogo, os zumbis finalmente conquistaram Suburbia, que agora é chamada de Zumburbia. Mas perder uma batalha não significa perder a guerra, e as nossas heroicas plantinhas não deixariam isso barato. Desta vez, elas precisam lutar para recuperar seu território enquanto os mortos-vivos tentam defender seu novo lar.

Essa premissa justifica todas as novidades do título. As mudanças são bastante significativas, e a primeira delas é perceptível logo que iniciamos o jogo: os menus simples e diretos foram substituídos pelo Gramado de Batalha, um enorme cenário que serve como uma espécie de lobby e que permite o acesso a todos os modos disponíveis e às ferramentas de customização de personagens. O interessante é que tanto plantas quanto zumbis têm sua própria área personalizada, com estatísticas e missões específicas de cada um. Além disso, na parte central do lobby existe um campo aberto onde é possível batalhar contra alguns inimigos controlados pela CPU de forma descompromissada, apenas para ganhar experiência, moedas ou mesmo para testar suas habilidades.

O lobby é uma adição muito bem-vinda ao game, pois, além de deixar tudo mais organizado e bonito, permite que o jogador explore os cenários e interaja com alguns elementos offline, algo inédito em Garden Warfare. Andar pelos ambientes e deparar-se com batalhas esporádicas entre plantas e zumbis, ou enfrentar um monstro enorme e repentinamente receber ajuda de aliados controlados pela CPU, é muito divertido e torna a imersão ainda maior. É como se você realmente fizesse parte daquele universo.

Uma aventura solitária...ou não

Existem também outras funcionalidades bem divertidas para quem gosta de jogar sozinho. Garden Warfare 2 traz uma campanha composta por diversas quests que precisam ser cumpridas pelo jogador. Apesar de serem agradáveis e trazerem inovação ao título, essas missões são bem curtas e acabam ficando um pouco repetitivas com o passar do tempo, já que tanto as de plantas quanto as de zumbis se resumem a atravessar o cenário para buscar um item ou defender territórios de hordas de inimigos.

Algumas delas podem ser concluídas com a ajuda de aliados controlados pela CPU, algo que pode parecer estranho à primeira vista, mas que funciona bem graças à inteligência artificial eficiente. Exceto por um momento ou outro em que você precisa ser curado e o personagem suporte teima em atacar inimigos ao invés de te curar, os aliados não costumam te deixar na mão.

Apesar de a campanha não possuir uma história mais profunda, ela consegue se sustentar bem graças, principalmente, aos personagens. Cada planta ou zumbi que você encontra na aventura se comunica emitindo um som característico, o que garante mais personalidade e carisma a cada um. As falas são legendadas, e cada diálogo mantém o toque cômico que sempre foi marca registrada de Plants vs. Zombies. Destaque também para o ótimo trabalho da Electronic Arts que, ao localizar o game para português, conseguiu manter todas as piadas e expressões do idioma original.

Outro grande atrativo do inédito modo offline é a possibilidade de criar partidas personalizadas e de jogar com um amigo localmente em tela dividida. Enquanto que no primeiro jogo esta função estava limitada ao Xbox One, em Garden Warfare 2 você pode se divertir com um amigo em qualquer modo existente, customizando partidas ao seu bel-prazer. Essa funcionalidade traz muito mais diversão à jogatina: experimente, por exemplo, jogar com um time de plantas composto apenas por Girassóis Flamejantes, em cenários com gravidade baixa e personagens que praticamente voam. É uma pena, porém, que não seja possível jogar online com a tela dividida.

A arte da guerra botânica

De qualquer forma, a jogatina online continua sendo o ponto forte do game. Os diferentes modos de Garden Warfare 2 não apresentam nenhuma novidade em relação ao primeiro jogo: aqui, você também participará de Derrubadas em Equipe (o famoso mata-mata), além de Derrubada Confirmada, na qual você precisa eliminar os inimigos e capturar as orbes que eles deixam para trás; também retornam o Suburbination, em que é necessário capturar os jardins, e o Gnomba, que funciona como um "Capture the Flag"; por último, o Mistureba que, como diz o nome, mistura vários modos diferentes.

A única diferença aqui fica por conta de algumas adaptações que dão maior destaque aos zumbis: trata-se do Ataque Herbáceo, um modo idêntico ao "Jardins e Cemitérios" do primeiro game, exceto pelo fato de que são os zumbis que precisam defender suas covas e impedir que elas sejam dominadas pelas plantas; e do Dominação Territorial, que une o “Ataque Herbáceo” ao “Jardins e Cemitérios”, com plantas e zumbis disputando o controle do mapa.

Apesar de contar com os mesmos modos de jogo, as partidas aqui parecem muito mais frenéticas e dinâmicas. É comum que você se perca em meio a ervilhas de gelo, bolas de energia e feitiços voando para lá e para cá, e toda essa loucura é justamente o maior charme do título. Isso acontece também devido à reformulação nos mapas e nos gráficos. Apesar de usar a engine Frostbite 3, a mesma do primeiro game e de Battlefield 3 e 4, Garden Warfare 2 deixa o seu antecessor no chinelo: os visuais estão mais belos e coloridos do que nunca, com um estilo cartunesco e realista ao mesmo tempo, e as texturas estão belíssimas. Os 12 novos mapas são extensos e detalhados e, mesmo assim, as partidas ficam muito mais fluidas e rápidas.

Zumbi vegetariano e planta carnívora

Se não tivemos grandes novidades nos modos online, o mesmo não se aplica aos personagens. A nova sequência trouxe seis novas classes: três zumbis (Capitão Barbamorta, Zumbinho e Supermioloz) e três plantas (Citrinador, Rosa e Coronel Milho), o que torna o game ainda mais dinâmico e estratégico. Cada um deles, assim como as plantas e zumbis que estavam presentes no primeiro título, apresentam uma jogabilidade específica que pode ser mais fácil ou difícil de dominar, dependendo do estilo do jogador.

Garden Warfare 2 conta também com um recurso que permite importar personagens conquistados no primeiro jogo, o que é ótimo para quem prefere utilizar os personagens tradicionais e não quer ter todo o trabalho de customizá-los novamente.

É possível também evoluir e customizar seus personagens por meio das figurinhas. Esse, apesar de não ser o sistema de progressão ideal por tornar a evolução mais lenta, continua sendo muito divertido e viciante: a cada partida, você ganha moedas que podem ser trocadas por pacotes de figurinhas. Cada uma delas contém alguma melhoria ou até mesmo personagens novos, como uma Disparervilha com poderes de gelo. Acredite: abrir os pacotinhos é tão empolgante quanto na vida real.

Aliados demais e de menos

Este é um game que envolve plantas, por isso, nem tudo são flores (com o perdão do trocadilho). Alguns personagens estão um pouco desbalanceados e acabam fugindo de suas funções. A Rosa, por exemplo, que foi criada com a intenção de ser usada como suporte, acabou tornando-se a planta mais “apelona” do game por possuir ataques que causam danos maiores do que outros personagens ofensivos. Apesar de ser um problema grave para um jogo desse estilo, o diretor Justin Wiebe admitiu ter recebido várias mensagens relatando o problema e declarou que isso será resolvido futuramente através de atualizações. 

Também é possível notar alguns problemas de performance: os travamentos ocorrem com certa frequência e são bastante frustrantes. Tive que reiniciar uma certa missão duas vezes: na primeira, o jogo travou totalmente e, na segunda, ocorreu um erro inexplicável no sistema do console que fechou o game e me obrigou a começar tudo novamente. No multiplayer, esses travamentos também ocorreram durante a transição entre uma partida e outra.

Outro problema é que é um pouco difícil encontrar pessoas jogando online (talvez pelo fato de este ser um título de lançamento recente), e mais difícil ainda é encontrar partidas nos modos menos tradicionais, como Gnomba. Mesmo assim, durante as buscas por sessões disponíveis, o game insiste em inserir o jogador em salas vazias. Aquela alegria que você tem quando encontra uma partida disponível rapidamente transforma-se em decepção quando você percebe que a única pessoa presente na sala é você. Seria bem melhor se o jogo comunicasse que não há jogadores disponíveis naquela modalidade específica, como acontece até com títulos que não focam em multiplayer, como Assassin's Creed IV: Black Flag (Multi).

Uma guerra que não merece ter fim

Plants vs. Zombies: Garden Warfare 2 é uma sequência muito bem-vinda, que conseguiu superar seu antecessor em quase todos os aspectos. O game trouxe alguns pontos que faltavam no primeiro título, como uma maior ênfase aos zumbis, modalidades single player e classes novas que trouxeram mais dinamismo às partidas. Mesmo com pequenos problemas de balanceamento e de performance, o título merece ser experimentado por qualquer um que curta batalhas “doidonas”, como define a própria PopCap.

Prós

  • Diversos recursos offline, algo inédito na franquia;
  • Efeitos sonoros excelentes;
  • Visuais e texturas ainda mais belos;
  • Novas classes de personagens;
  • Batalhas mais rápidas e divertidas.

Contras

  • Campanha repetitiva;
  • Problemas de balanceamento de personagens;
  • Travamentos frequentes.
Plants vs. Zombies: Garden Warfare 2 — PC/PS4/XBO — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Felipe Fabricio 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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