Os 30 anos de De Volta Para o Futuro nos games

Aproveitamos o aniversário de 30 anos para viajar no tempo e rever os jogos da série


Hoje é 21 de outubro de 2015, uma data muito especial. Há exatamente 30 anos chegava aos cinemas Back to the Future (De Volta Para o Futuro), o primeiro filme da trilogia de ficção científica estrelada por Michael J. Fox e Christopher Lloyd. No entanto, a comemoração ficou em segundo plano, para dar espaço para um fato ainda mais importante. Quando Marty McFly (Michael J. Fox) viaja para o futuro em Back to the Future II, ele vai precisamente para 21 de outubro de 2015, mais conhecido como Back to the Future Day.


Não podíamos perder um dia tão especial, então ligamos o capacitor de fluxo do DeLorean para viajar ao passado e revisitar a história da série nos videogames – vamos deixar de fora as participações especiais, como em Jetpack Joyride e Lego Dimensions, senão a lista ficaria ainda maior.

O que eu te disse, 88 milhas por hora!

Começamos nossa viagem no tempo com Back to the Future para Commodore 64, ZX Spectrum e Amstrad CPC. Nesse adventure, controlamos Marty McFly enquanto ele ajuda seu pai George McFly a passar mais tempo com sua mãe, Lorraine. Para isso, o jogador procura por itens e interage com outros personagens do filme, como Biff.


O progresso era monitorado por uma foto da família no canto direito da tela. A imagem começava a sumir para indicar que o jogador estava perto de perder, ou ia melhorando para mostrar que estava no caminho certo. Apesar de ser uma ideia interessante, o jogo é muito ruim e foi massacrado pela mídia e pelo público.


Ainda em 1985, a gigante japonesa do entretenimento Pony Canyon aproveitou a licença e lançou dois games diferentes. O primeiro é um jogo de plataforma para MSX e NEC PC-8801, onde ajudamos Marty a reunir seus pais e leva-los para baile. Sim, é só isso em todas as fases. Você pula sobre policiais e outros inimigos enquanto anda pela tela, coleta sapatos (o equivalente a vidas) e, às vezes, encontra um skate que te deixa invencível, mas o objetivo é sempre o mesmo.


Já o segundo jogo é um visual novel para PC-8801 e Fujitsu FM-7. Fotos digitalizadas do filme aparecem na tela e temos que escolher as opções certas para seguir a trama.

Isso é barra pesada, doutor!

O segundo filme da série foi lançado em novembro de 1989. Dois meses antes, a franquia chegava ao NES em uma adaptação do primeiro filme, publicada pela LJN. É um desastre completo e costuma aparecer com frequência nas listas dos piores games já lançados para o console da Nintendo.


É tão ruim que até Bob Gale, um dos criadores do filme, disse em entrevistas para as pessoas não comprarem o jogo. A monstruosidade é um side-scrolling vertical e Marty tem que pegar relógios para continuar vivo enquanto atravessa a fase, o que não tem nada a ver com o filme.

A LJN atacou novamente em 1990 com Back to the Future Part II & III para NES. Quase tão ruim quanto o primeiro, a sequência ao menos tentou se aproximar um pouco mais dos filmes. A jogabilidade mudou para um side-scrolling horizontal com puzzles. Marty tem que matar inimigos pulando em cima deles (alguns parecem que saíram direto do Super Mario Bros.) e juntar chaves para acessar as salas com puzzles e encontrar os itens que o jogo pede.


Ir até o final é uma tarefa árdua, pois as fases são enormes e o game não fornece nenhuma maneira de salvar o seu progresso, nem mesmo por passwords. A única maneira de avançar é um código que te leva direto para a segunda metade da trama.

1.21 jigowatts?!?

Os outros consoles não se salvaram de ter um jogo ruim. A Probe Software criou Back to The Future II para Amiga, Atari ST, PC, Commodore 64, ZX Spectrum, Amstrad CPC e Sega Master System. Lançado em 1990, o jogo era praticamente igual em todas as versões, com diferenças apenas nos gráficos.


Desta vez, Marty está em cima do seu hoverboard e precisa atravessar a fase, recolhendo itens para que a prancha continue funcionando. Em algumas versões, como a de PC, ao menos temos a opção de lutar contra outras pessoas, enquanto na de Master System só podemos fugir – se encostar em um inimigo, já era.

A Probe não melhorou muito quanto trouxe Back to the Future III no ano seguinte. Foi lançado para os mesmos consoles que o jogo anterior, mas com uma novidade que muitos gamers brasileiros mais velhos conhecem: uma versão para o Sega Mega Drive. A última fase do game volta e meia era usada na prova final do Playgame, programa do SBT apresentado por Gugu Liberato.


Tinha quatro fases diferentes: Doc Brown em um cavalo, desviando de obstáculos para salvar Clara; Marty participando de um tiro ao alvo; Marty novamente, atirando pratos contra Buford e seus capangas; e, por fim, Marty atravessando o trem e recolhendo lenhas para fazer o trem atingir 88 milhas por hora. Muitos jogadores nem chegavam a ver a última tela, de tão difícil e mal balanceado que era.

Foram tantos jogos ruins que talvez fosse até melhor que os libaneses tivessem desistido de matar o Dr. Brown e tivessem ido atrás das produtoras. Enquanto isso, em 1993 o Japão recebia Super Back to the Future II para Super Famicom (SNES), o primeiro game da franquia que não era ruim. Infelizmente, a Toshiba EMI não o trouxe para o ocidente.


Da mesma forma que o jogo da Probe, controlamos Marty em cima do hoverboard. As semelhanças acabam aqui. Com gráficos mais animados e personagens cabeçudos (o bom e velho Super Deformed, ou SD), o side-scroller criado pelos japoneses é muito mais agradável. McFly pula sobre os inimigos, junta moedas para comprar mais vidas e powerups, e ainda faz uso do Mode 7 para algumas animações.

Great Scott!!

Em 2005, a Telltale lança Back to the Future: The Game, adventure dividido em cinco partes para Microsoft Windows, OS X, Nintendo Wii, PlayStation 3 e iOS. Até que enfim um jogo tentou se aproximar direito da franquia: Bob Gale participou da produção do roteiro, usando algumas ideias que foram descartadas da trama do segundo filme; e chamaram os atores para dublarem seus personagens. Michael J. Fox fez apenas uma participação especial nos dois últimos capítulos, por um conflito de agenda – como o ator tem Mal de Parkinson, ele levava mais tempo para conseguir gravar suas falas. A.J.  Locascio assumiu o papel de Marty, um trabalho muito elogiado por possuir o mesmo tom de voz e entonação.


Mesmo com a dedicação da Telltale, o game não está livre de falhas. É melhor ser coberto de estrume como Biff do que controlar Marty pela cidade, os comandos são confusos e nada intuitivos, e é muito fácil. Se ainda assim o jogador ficar travado em algum puzzle, o jogo fornece dicas que acabam dizendo exatamente o que fazer. Todos esses defeitos fariam que fosse outra marca negra na franquia, mas o enredo consegue superar cada ponto negativo.

O aniversário deixa um sabor agridoce, pois a chance de sair um jogo baseado na franquia é muito baixa. Bob Gale e Robert Zemeckis são contra um remake da série e, com a doença de Michael J. Fox, a possibilidade de gravar mais um filme é praticamente zero. Apesar do adventure da Telltale não ser considerado canon, Zemeckis declarou que é o mais perto que vamos chegar de um quarto filme (da mesma forma que Ghostbusters: The Video Game é considerado o terceiro filme da franquia Os Caça-Fantasmas).

Quer celebrar o Back to the Future Day? Aproveite que a Telltale remasterizou o jogo e lançou para PlayStation 4, Xbox One e Xbox 360 no dia 13 de outubro. Se não for o seu estilo de jogo, talvez seja melhor fazer aquela maratona básica dos filmes.


Jornalista formado na FIAM-FAAM, escreve sobre suas três paixões: games, carros e cultura pop. Assinou textos para Nintendo World, Banana Games, Car and Driver, iG Carros e agora passa os dias falando de carros no Motor1.com Brasil.
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