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Análise: Mega Man Legacy Collection (Multi), um museu de uma grande franquia

Coletânea de jogos Mega Man para NES é uma porta de entrada para quem quer conhecer a franquia ou de retorno para quem já a experimentou.

Termino o download e começo a jogar. Uma versão remixada da música de abertura de Mega Man 3 começa a tocar e lá estão as opções. As novidades seriam um tocador de música, com a trilha sonora dos seis jogos presentes na coletâna e uma seleção de desafios. Optei por jogar da forma tradicional, mesmo, uma rotina anual minha que esperou o lançamento deste jogo. Começo por Mega Man 4, meu favorito e o primeiro que joguei, ainda no NES.



Ao contrário dos detonados que você vai ver por aí, eu gosto de começar pela fase do Dust Man. Acho as fases de Toad Man e Bright Man mais fáceis de passar com o Rush Jet e acho o Ring Man um dos chefes mais irritantes de toda a franquia. Além disso, curto bastante o level design instrutivo da fase, um dos mais didáticos da “escola Inafune”.


Como disse anteriormente, jogo estes seis jogos anualmente. Por causa disso, os conheço relativamente bem. A fase de Dust Man é dividida em três macroblocos, sendo que, no segundo deles, existe um desafio de esperar com que os blocos se formem para poder pular e ultrapassar os espinhos assassinos. Para dar mais dificuldade, esta fuga ocorre enquanto somos perseguidos por Taketentos, um nome que só fui aprender porque existe uma base de dados como a da figura abaixo, nos explicando a natureza de cada inimigo.
A quantidade de dados era excessiva para o processamento do NES, o que causava uma queda de frames considerável neste trecho. Essa queda de frames está presente em Mega Man Legacy Collection, mesmo se tratando de um remake, em termos de desenvolvimento. O objetivo da equipe era reviver o passado de Mega Man e, mais do que trazer um filtro de televisão de tubo, era preciso trazer os defeitos antigos do jogo também. Não sei se não haver opção de retirar estes filtros foi uma decisão inteligente, mas é coerente com a proposta nostálgica da coletânea.
E foi nesta fase do Dust Man que eu comecei a dar uma jogadinha rápida só para me distrair um pouco e do nada já estava no Dr. Wily. Claro que a opção de tiro automático e a opção de salvar, recursos novos e internos à coletânea (ao contrário das versões de Virtual Console no 3DS, por exemplo, na qual o recurso é possível graças à emulação) ajudam horrores, mas os jogos em si foram o fator mais relevante para que eu não quisesse parar nunca.

Imagem com o filtro de televisão aplicado

As consequências da coleção

Eu realmente poderia fazer um texto imenso analisando minuciosamente os seis jogos da coletânea, afinal, eles têm muito a oferecer para aqueles que os jogam. Porém, mais importante que isso é notar as consequências relevantes do lançamento de Mega Man Legacy Collection para o mundo dos videogames.

Primeiramente, os desafios abrem portas inéditas ao mundo das speedruns. Muitos jogos de Mega Man estão presentes anualmente em eventos como o Awesome Games Done Quick e agora os jogadores terão uma gama imensa de novos desafios para colocar suas capacidades em prática, todas elas de excertos dos jogos de Mega Man, como trechos de fases, combates diretos contra chefes dos castelos e boss rush, isto é, enfrentar os oito inimigos de um dos jogos de uma vez. Ainda nesse escopo, é possível que os consoles novos sejam o novo hardware para se jogar essas speedruns, dada a semelhança com as versões utilizadas atualmente.
Segundo, ela abre espaço para que uma nova leva de amantes de videogame tenham a oportunidade de conhecer como começou uma das franquias mais influentes da história dos videogames, fonte de inspiração de muitos jogos de plataforma independentes lançados atualmente. Como amante do gênero, já perdi a conta de quantas entrevistas de desenvolvedores li nas quais eles afirmavam que Mega Man era uma grande inspiração para seus jogos.


Mas a mais importante das consequências é uma que está intimamente ligada à segunda. Mega Man Legacy Collection dará à Capcom a capacidade de avaliar se um novo Mega Man tem espaço com o público atualmente. Embora seja minha franquia favorita, acho que as dúvidas a respeito dessa decisão são bem razoáveis. A Capcom passou por dificuldades financeiras e não pode dar bola fora. Além disso, a equipe responsável por produzir Mega Man não está mais presente na empresa. Por fim, Mega Man possui um design velho. Não é uma crítica negativa. Machado de Assis atualmente é velho, tecnicamente falando, e continua sendo excelente como sempre. A dúvida é se o público está disposto a comprar esta excelência.

Ausências sentidas

Por todos estes fatores, a minha grande crítica a esta coletânea é a ausência dos cinco títulos que complementam a fase clássica: Mega Man 7, 8, 9, 10 e & Bass. Seu valor é tão grande quanto o dos demais, e um espaço deveria ser dado a eles.

Não sei se Mega Man Legacy Collection vai ser tão boa para o público geral quanto está sendo para mim. Minhas experiências recomendando os jogos para pessoas que nunca os jogaram dizem que sim. Se você se enquadra neste grupo, aproveite a oportunidade.
O que poderia ser o Rush

Prós

  • Seis jogos históricos na coletânea;
  • desafios que dão sobrevida aos jogos;
  • opção de filtros de televisão;
  • documentação interessante para a fanbase.

Contras

  • Ausência dos demais títulos da fase clássica.
Mega Man Legacy Collection — Multi — Nota: 8.5
Versão utilizada: PC.

Revisão: Alberto Canen
Capa: Guilherme Kennio

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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