Análise: Way of Samurai 4 (PC/PS3) — a ressurreição de uma franquia

Desde a 5ª geração de consoles, é comum termos a presença de jogos desenvolvidos pela Acquire no mercado de games. Dentre seus inúmeros títulos, destacam-se as séries Tenchu, Shinobido e Way of Samurai. Apesar de continuar na ativa, na nova geração, infelizmente, a desenvolvedora até então não tinha nos contemplado com nenhum grande jogo, dedicando-se apenas a fazer games para portáteis e mobiles. Entretanto, em 2015, ele nos surpreende com o relançamento de um dos seus melhores títulos.

Way of samurai 4 (PC/PS3), também conhecido como 侍道4 ou ainda Samurai Dou 4, foi publicado originalmente pela Spike no começo de 2011. Inicialmente, o game foi lançado apenas no Japão com exclusivamente para o PS3. Mais tarde, no ano seguinte, ele foi distribuído para a América e Europa, pela XSEED e NIS América, respectivamente. E, finalmente, em julho de 2015, é feito uma versão para PC distribuído pela Ghostlight, acabando de vez com sua exclusividade.

A Era Ansei

O game se passa na fictícia cidade portuária de Amihama em 1855, na era Ansei. Para aqueles que não conhecem a era Ansei, como o próprio nome diz, ela foi marcada por um período de paz, mas, ao mesmo tempo, também marca a chegada dos Kurofune (barcos negros), os primeiros navios ocidentais que aportaram no Japão, ou seja, o primeiro contato dos japoneses com os ocidentais. A história do jogo se passa alguns anos depois desse contato, quando os britânicos já começam a marcar sua presença, inclusive convertendo um dos bairros centrais de Amihama e fundado a chamada Little Britain (Pequena Bretanha). Apesar das negociações de paz entre o governo local e os britânicos e do desenvolvimento que estes trouxeram para a cidade, nem todos estão felizes. Como o Pranja, uma força anti-estrangeiros, luta para preservar os costumes e a tradição japonesa, seus objetivo é eliminar os estrangeiros a qualquer custo e, muitas vezes, aos próprios compatriotas que têm algum contato com esses.

Você assumirá o papel de um ronin, um samurai errante, que mal chegou a Amihama e já se depara com um ataque do Pranja a uma negociação entre o governo local e a marinha britânica. Você irá tomar decisões portanto, é questão de tempo até que você escolha uma facção ou seja morto por uma. Sendo assim, faça algo antes que seja tarde demais.

A honra e a espada

Way of Samurai 4 é um jogo de ação, em terceira pessoa, com alguns elementos de RPG e desenvolve-se em um mundo aberto. O game permite que você customize a face, cabelo e roupas de seu samurai, porém, no início, as opções são muito limitadas, mas é possível adquirir novos itens de customização através de compras, quests in game e também através da compra de dlcs.
O sistema de combate não é muito complexo, baseando-se em cinco movimentos: golpe fraco, forte, bloqueio, pulo e especial (quando sua barra estiver cheia). Há ainda a possibilidade de aprender novos golpes e estilos à medida que se progride no jogo e treina no dojo da cidade.

Como já foi dito, o game se passa na cidade de Amihama, que é representada no jogo como um pequeno mundo aberto, onde quase todos os lugares são acessíveis desde os primeiros minutos. Apesar de pequena, Amihama é sustentada por mais de 160 quests. Entretanto, você terá apenas três dias in game, sendo que certas missões só acontecem em certos dias e horários específicos. Ou seja, para completar todas elas será necessário que você termine o jogo mais de uma vez, trilhando diferentes caminhos em cada uma delas.

Para auxiliar sua movimentação dentro deste cenário, são disponibilizadas três opções de mapas, incluindo um mini-mapa e um mapa transparente. Ainda assim, muitos jogadores poderão ficar perdidos, pois, diferentemente de games atuais do gênero, ele não índica exatamente aonde você deve ir para adquirir novas quests ou prosseguir com o plot principal Em outras palavras, é necessário jogar à moda antiga, conversando com todos os personagens e se guiando pela história.

Há três facções principais que exercem influência em Amihama: Foreign Powers (Poderes Estrangeiros), Shogunate Forces (Forças do Shogunato) e Anti-foreigner Forces (Força Anti-Estrangeira). Dentro de cada uma dessas facções há protagonistas, que, dependendo de suas escolhas em jogo, poderão tanto ser seus inimigos como seus aliados. De qualquer maneira, tratam-se de personagens muito importantes para o desenrolar da história, além de serem muito fortes quando em batalha. Você poderá encontrá-los em diferentes lugares, sempre são representados como uma peça vermelha no mapa.

WoS 4 não só permite a livre movimentação dentro de Amihama, como também que você tente matar qualquer um dos personagens do jogo a qualquer momento. Além de adquirir e não pagar pelas armas e comida adquiridas, porém isso traz consequências negativas, que vão desde a má fama à sua própria morte.

Problemas em Amihama

Não podemos esquecer que Way of Samurai 4 foi lançado originalmente em 2011 e, talvez, por causa disso, traga consigo alguns pequenos problemas típicos dos jogos do início da geração passada.

Para começar, nas batalhas, principalmente naquelas que envolvem mais de dois personagens, devido a problemas de movimentação de câmera e de game design, é difícil se focar em um determinando adversário (apesar de ter uma tecla com esta função), o que faz com que, muitas vezes, você erre seus golpes ou, ainda pior, acerte um de seus aliados.

Outra limitação é que a versão de PC não dispõe de qualquer customização em relação aos gráficos, permitindo apenas que você escolha entre o modo janela ou tela cheia e mude a resolução do jogo.

Por fim, temos a polêmica dos DLCs — o caso é que semanas antes do lançamento da versão de PC, a Ghostlight veio a público e disse que, provavelmente, todos os DLCs do jogo estariam inclusos nesta nova versão; porém, um dia antes do lançamento, ela mudou de ideia, colocando a venda dos DLCs à parte. O problema é que o valor de total das dlcs é superior ao do jogo base, apesar destas não adicionarem sequer 10 % das horas de jogo. Em outras palavras, é uma atitude no mínimo estranha em se tratando de um game lançado no começo da geração passada.

Apesar desses pequenos problemas e desentendimentos, o jogo está visualmente muito mais bonito em comparação a versão de 2011. Além disso, suas inúmeras quests e finais favorecem o replay do game. E, por último, mas não menos importante, sua história, apesar de se passar em uma cidade fictícia, tem certa fidelidade com relação aos acontecimentos da era Ansei, além de possuir alguns elementos, como as incríveis cenas de ação e mortes com apenas um golpe, que lembram as grandes obras cinematográficas de Akira Kurosawa, como Yojimbo and Sanjuro.