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Análise: Guild of Dungeoneering e a arte de brincar de RPG

Largue seu papel e caneta, pois em Guild of Dungeoneering o RPG vai sair do seu caderno

RPG é um gênero que brinca com a imaginação. Tendo suas primeiras versões em jogos feitos completamente em modo texto, desde pequenos estamos acostumados a imaginar mundos fantásticos com as mais diversas criaturas e histórias. E algumas vezes, porque não, rabiscávamos os nossos cadernos criando personagens e aventuras que só existiam dentro de nossas mentes. Guild of Dungeoneering tem como objetivo recriar a mesma sensação, com seu estilo cartunesco e com uma mecânica simples porém criativa. Será que ele consegue?

Brincando de RPG

Primeiramente é preciso destacar o aspecto de Guild of Dungeoneering que mais chama atenção desde que abrimos o game: seu visual. Com um estilo gráfico que remete muito a desenhos feitos em um simples caderno escolar, é possível perceber a proposta leve e divertida do jogo facilmente. Esse clima, que muitas vezes chega a ser cômico, também é refletido em outros aspectos do jogo, como a interação com os personagens e as músicas.

Para mim existiram dois momentos em que isso se tornou mais evidente. O primeiro foi quando pela primeira vez um personagem meu foi abatido em uma quest (chegaremos na mecânica de jogo em breve). Para minha surpresa, ao entrar no menu de minha guilda fui surpreendido com uma música, ao melhor estilo “bardo”, narrando os feitos do meu… fracasso?
É bom lembrar o nome de cada guerreiro que se sacrificou pela sua causa
Outro momento igualmente hilário acontece ao você clicar nos seus personagens em algum momento do jogo. O resultado? Eles quebram a 4ª parede e começam a reclamar e falar coisas do gênero “Por que você está me cutucando?”, enquanto esboçam uma careta de poucos amigos.

Crie sua guilda

Mas afinal, o que é Guild of Dungeoneering? Basicamente trata-se de um jogo de cartas misturado com RPG e pitadas de estratégia. Complicado não? Mas por mais incrível que possa parecer a primeira vista, a jogabilidade é fluida e você não precisará de muito tempo para entender todas as mecânicas do jogo.

A história do jogo narra a vida do personagem principal, que acabou de ser expulso de uma famosa guilda de seu reino, e resolve construir a sua própria para mostrar como ela poderia ser muito melhor que aquela que o recusara (tudo isso sendo narrado em hilários relatos de seu diário). Para fazer isso, entretanto, não bastará apenas a vontade de nosso protagonista, afinal outros aventureiros como guerreiros, magos e até mímicos (sim, mímicos) terão que ser recrutados para lhe ajudar.

Para convocar tais membros é preciso então melhorar a fortaleza de nossa guilda, a tela onde começamos o gameplay. É por meio dela que você conseguirá todos os upgrades, como amuletos ou itens extras, e classes do jogo. Para destravar algo basta ter o número de moedas necessário e adquirir (no caso de itens e classes) a sala que representa essa melhoria. Aí é só “brincar de casinha” e ir montando a sua guilda da mesma forma que você fará nas…

Dungeons de papel

Mas chega de papo furado, afinal o que queremos é explorar grandes dungeons e derrotar poderosos inimigos no processo. Sabe qual o grande diferencial de Guild of Dungeoneering? É que você construirá suas próprias dungeons a medida em que vai explorando-a. Complicado? Vamos com calma então.

Ao entrar em uma dungeon você terá um objetivo principal, seja derrotar um chefe, conseguir um determinado item ou simplesmente eliminar todos os inimigos. Esse objetivo então será posto em um determinado espaço do mapa, cabendo a você construir o caminho para ele, por meio de diferentes cartas, que são distribuídas no começo de cada turno. Mas não basta apenas um caminho para realizar uma jornada correto? Para isso você terá também outros dois tipos de cartas: as de inimigos e as de recompensa.
Escolha com cautela
As cartas de inimgos o permitirão de adicionar adversário no seu caminho. “Mas por que eu gostaria de enfrentar mais adversários?” você deve estar se perguntando, e a resposta é muito simples. Por meio dessas batalhas você conseguirá a experiência necessária para subir de nível e conseguir equipamentos mais poderosos que influenciarão diretamente seu poder nas batalhas (já que seu personagem começa sempre “zerado” a cada quest).
Hmm... essa poderosa espada ou aquele capacete de panela?
A grande sacada é que o elemento da sorte aliado com a estratégia torna cada rodada completamente diferente da outra e permite ao jogador utilizar diferentes abordagens. Um chefe que vai ficando mais forte a cada turno? O que você fará? Tentará ir o mais breve possível ao seu encontro ou tentará ficar ainda mais forte que ele? E se as cartas não te ajudarem? Tudo isso ajuda a construir uma experiência envolvente e que consegue prender o jogador.

É Hora do duelo!

Em um jogo que a customização de sua base e até o jeito que você se desloca é baseado em cartas, como você acha que será o sistema de batalhas? Por cartas, é claro! Com a simplicidade que é marca desse game, cada guerreiro receberá três cartas, sendo que essas podem ser cartas de ataque mágico, ataque físico, bloqueio ou ações especiais (como compra de mais cartas, por exemplo). Essas cartas podem também ter efeitos extras ou misturar dois tipos de ataques, como bloquear dano físico e causar dano mágico ou fazer o oponente descartar uma carta se o ataque mágico for bem sucedido.

Além das cartas específicas de cada classe, é possível adquirir mais cartas através dos diferentes itens que você conquistará durante sua aventura pela dungeon. Com quatro espaços disponíveis (um para cada braço, armadura e capacete), mais uma vez caberá a você a escolha de qual combinação de itens é a mais eficiente para o desafio que será enfrentado.

Tanto o combate quanto a progressão são muito bem feitos e muitas vezes você quebrará a cabeça para decidir entre dois itens, ou para decidir qual carta é a melhor em determinado turno de uma batalha. A dificuldade do jogo, apesar de sua simplicidade nas mecânicas, é bem grande e você não raramente irá perder alguns soldados nessa jornada (então prepare-se para ouvir algumas vezes a referida “musiquinha da morte”).

Em busca da glória

Infelizmente qualquer aventura tem seus percalços e o próprio lançamento de Guild of Dungeoneering não podia ser diferente. Alguns problemas foram encontrados pela equipe durante o beta (algo normal, justamente por se tratar de uma fase de testes) como congelamento de texturas e algumas travadas eventuais. Infelizmente alguns problemas persistiram após o lançamento, fazendo o pessoal da Versus Evil correr atrás e lançar alguns patchs de correção. Por mais que tenha sido bacana ver o empenho e a pressa da companhia em arrumar os problemas, ainda temos a impressão de que o jogo foi lançado um pouco antes do tempo.

Com uma jogabilidade inovadora, marca de jogos independentes, e uma arte fora de série, Guild of Dungeoneering no geral é uma experiência agradável e que vale a tentativa. Se alguns problemas com texturas ou a dificuldade um pouco grande em alguns momentos podem se mostrar pontos negativos na exper, se você é fã de RPG e está, assim como eu, entediado com a "mesmice" do gênero, essa é a sua chance de tentar algo novo.

Prós

  • Visual e trilha sonora muito bem feitos
  • Humor por toda parte
  • Mecânica inovadora

Contras

  • Bugs e alguns congelamentos de texturas
  • Dificuldade um pouco exagerada em alguns momentos
Guild of Dungeoneering —  PC — Nota: 8.5
Capa: Daniel Serezane

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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