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Análise: Poltergeist: A Pixelated Horror (Multi) é um ótimo puzzle de humor

O jogo da Glitchy Pixel inverte os papéis e coloca o jogador na função de fantasma, com o objetivo de assustar os moradores de uma mansão.

Dar sustos nos outros é uma brincadeira comum e que diverte muitas pessoas. Se você se encaixa nesse grupo, provavelmente se identificará com a premissa de Poltergeist: A Pixelated Horror, que é justamente a de espantar moradores de uma mansão. Lançado para PC e PS Vita em 2014, e recentemente para o PS4 (com direito a cross-buy com o Vita, mas não cross-save), o jogo estilo puzzle é criação da Glitchy Pixel, uma pequena desenvolvedora colombiana composta por apenas duas pessoas, mas que mostrou ser muito eficiente.

Nem que a morte os separe

O enredo é bem simples, você é o fantasma de Henry B. Knight, falecido dono de uma mansão que não quer vê-la sendo utilizada por mais ninguém, mesmo depois de sua morte, não importando em que época. Para garantir isso, você deve espantar todos os moradores, utilizando diversos "poderes sobrenaturais típicos", como derrubar e lançar móveis, possuir pessoas e invocar um espectro sombrio no recinto. Ao contrário do que possa parecer pela temática mórbida, trata-se de um jogo todo voltado para o humor.
Com uma aparição dessas, só correndo.

Toda a história é contada através de textos e imagens, com a vantagem de estar completamente localizado para o nosso idioma. Mesmo que sejam poucos momentos em que algo é narrado, é sempre bom saber que a nossa língua foi levada em consideração na produção do jogo, além de estar praticamente sem erros perceptíveis.

O título é todo ambientado na mansão de Henry, mostrando os quartos e salas por uma visão isométrica. Como o nome indica, o visual é em pixel art, criando um cenário que remete à época dos bits. São quatro períodos retratados dentro da casa: Era Clássica, Década de 80, Era Moderna e, por fim, Era Escritórios. Cada uma conta com 12 níveis normais, além de outros três com chefes, totalizando 60 fases.
Tudo começou na Era Clássica.
As diferenças entre os períodos, além da progressão em relação aos poderes que vão sendo liberados, é apenas cosmética, com alterações nas roupas, móveis e penteado dos moradores. Considerando que se trata do mesmo ambiente, a sensação de repetição acaba sendo um problema, pois há apenas um rearranjo de personagens e cômodos para montar quebra-cabeças diferentes, sem grandes alterações no restante do cenário.

As músicas, por outro lado, são bem apropriadas e variadas, combinando bem com o tema de contos de horror, mas pode ser bastante repetitivo caso você demore muito para resolver determinado puzzle e se veja preso a um looping incessante. O mesmo não pode ser dito dos efeitos sonoros, que são reutilizados durante a jogatina, com os idênticos gritos e barulhos de móveis.

Poderes sobrenaturais

Para assustar esses inquilinos indesejáveis, Henry conta com poderes sobrenaturais especiais: mover objetos, lançar móveis de um cômodo para o outro e fazer barulho para atraí-los para um determinado local são exemplos dos poderes iniciais. Com o avançar do jogo e das eras, mais poderes serão utilizados e até mesmo um vórtex poderá ser criado. Entretanto, os poderes são limitados por fase, tendo apenas uma quantidade exata para usar: se você conseguir espantar todos os moradores (incluindo cachorros) utilizando os recursos disponíveis, você vencerá o nível; caso fique sem opções e ainda tenham moradores, você perderá e deverá repetir a fase. Dessa forma, há apenas uma ou duas soluções possíveis por nível, deixando poucos motivos para uma nova partida depois de encontrada a solução de cada enigma.


Um complicador a mais é a "barra de vidas" de cada inquilino, que indica o número de vezes que ele deverá ser assustado para fugir da mansão. Vale notar que o morador apenas se assustará se estiver no cômodo que ocorreu o susto para poder presenciá-lo por si mesmo. Há ainda personagens "distraídos" — assistindo à TV, lendo ou dormindo — e que estão usando algum objeto, como uma cadeira ou mesa, que serviria para sustos. É preciso espantá-los para chamar a sua atenção e retirá-los do objeto.
Distraída, ocupando a cadeira.
Há ainda dois tipos de personagens: os especiais, como caça-fantasmas e bruxas, que têm poderes de bloquear determinados poderes, impedindo que os utilizemos no mesmo cômodo em que eles se encontram; e os chefes, que bloqueiam quaisquer poderes — para derrotá-los, é necessário assustar todos os outros moradores, sempre os evitando para não ter os poderes bloqueados. Cada era conta com três "níveis de chefia" e cada um deles deve ser vencido para que o chefe seja derrotado definitivamente.


O trailer com gameplay demonstra bem como o jogo funciona

Deixando de lado a temática de filmes de terror, Poltergeist trata-se tão somente de um jogo de puzzle bem casual. Ele não recompensa quem termina mais rápido ou tem mais habilidade, e sim os que têm uma melhor estratégia. Sequer é necessário seguir uma ordem, ficando à escolha do jogador qual dos níveis irá desbravar primeiro — menos os chefes e períodos seguintes, que exigem um número mínimo de fases desvendadas para acessá-los.

Apesar de justo e simples na maior parte do tempo, algumas vezes os problemas são resolvidos somente na base da tentativa e erro, na medida que alguns poderes não são tão precisos como poderiam ser. Por exemplo, ao tentar atrair um certo personagem para um cômodo, nem sempre irá aquele que supostamente deveria encaminhar-se para lá, o que certamente levará o jogador a falhar naquela tentativa.
Cães e personagens especiais são os primeiros a responderem a chamados.
Outra situação estranha é a curva de dificuldade. Ainda que o nível de complexidade aumente conforme se avança no jogo, com mais poderes e personagens, às vezes passamos por uma fase realmente complicada de ser resolvida e, na sequência, ao esperar por uma ainda pior, aparece uma banal se comparada com a anterior — nada que atrapalhe a jogatina, naturalmente.

Humor sobrenatural

Apesar de o nome sugerir o contrário, Poltergeist: A Pixelated Horror não se trata de um game de terror, e sim de muito humor. O visual em estilo pixel art e os diversos puzzles são um ótimo passatempo e, ainda que não seja nenhum candidato a indie do ano, certamente merece algumas horinhas do seu tempo, caso resolver enigmas seja o seu estilo.

Prós

  • Ótimos puzzles para resolver;
  • Belo visual em pixel art;
  • Localizado em nosso idioma;
  • Poderes criativos e divertidos de usar.

Contras

  • Alguns poderes não respondem como deveriam;
  • Cenários repetitivos, mesmo em período diferentes;
  • Puzzles são parecidos entre si.
Poltergeist: A Pixelated Horror — PC, PS4, PS Vita — Nota: 7.5
Versões utilizadas: PS4 e PS Vita.

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Migueis

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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