Jogamos

Análise: Invisible Inc. (PC) impressiona na jogabilidade, mas deixa a desejar em sua narrativa

Invisible Inc. é uma mistura de tatics RPG e Stealth em um universo cyberpunk.


Invisible Inc. (PC) é um indie game no estilo Tatics RPG (RPG tático), com movimentação e ataques baseados em turnos. Normalmente jogos do gênero Tatics RPG se focam mais no combate, entretanto Invisible Inc. tem como principal objetivo roubar dados e itens de grandes corporações e escapar, de preferência sem ser notado, em outras palavras, ele se foca na furtividade. O game foi desenvolvido pela Klei Entertainment e lançado oficialmente 12 de maio de 2015 para as plataformas PC, MAC e Linux.

Em um futuro não muito distante...

A história do game se passa no ano de 2074, depois das megacorporações terem derrubado os governos mundiais e tomado o controle. A Invisible Inc. é uma agência de inteligência privada que fornecem serviços às corporações através de agentes infiltrados e de uma inteligência artificial conhecida como Incógnita.

Seguindo a narrativa, é apresentado a nós uma pequena parte da história no formato de um tutorial, onde Decker, um dos agentes da Invisible, está preso em uma sala de interrogatório. O fato foi que o agente acabou sendo encontrado pelo FPM durante a sua folga. Isso, normalmente, não seria um problema, mas ele havia “tomado umas a mais”, por isso foi facilmente capturado. No final das contas, ele consegue escapar com vida graças a ajuda de Central, líder da Invisible INC., e de Incógnita, uma espécie de inteligência artificial que, mesmo não estando fisicamente presente, transmitem-lhes todas as informações necessárias a respeito de seu cativeiro.

No início do jogo, a Invisible Inc. está vinculada a essas corporações, o que leva a perda desde o quartel general bem como a maioria dos agentes e dos bens, restando somente o líder da agência, dois agentes e Incógnita. O grande problema é que Incógnita só pode ser hospedada em um sistema computacional extremamente poderoso e não pode sobreviver fora dele por mais de 72 horas, então se torna tarefa da agência utilizar o tempo para preparar a missão final, onde eles tentarão se infiltrar no quartel general inimigo para acessar o computador e inserir a inteligência artificial.    

Esconda-se ou morra

Após o prólogo da história, o game lhe permitirá escolher dois entre quatro personagens distintos. Cada um deles possui armas, implantes e habilidades diferentes. Há ainda mais seis personagens que poderão ser desbloqueados à medida que você avança no jogo e realiza missões específicas para libertá-los. De qualquer maneira, independente da quantidade de personagens que se tenha acumulado, você só poderá escalar quatro personagens simultâneos por missão.

Antes de iniciar propriamente suas partidas, você também poderá customizar sua campanha, escolhendo entre quatro diferentes níveis de dificuldade e a quantidade de Rebobinadas — o número de vezes em que você pode voltar um turno, refazendo uma jogada que resultou na morte de um personagem ou simplesmente refazendo uma jogada que o jogador considerou ruim. Além disso, você ainda poderá alterar o tanto de dinheiro com que você inicia o game, a quantidade de guardas por fase, o número mínimo de turnos que os guardas ficam desmaiados, entre outra dezena de coisas. Enfim, quase todos os pormenores relacionados à dificuldade do jogo podem ser alterados através dessas opções, fazendo com que o game se torne desde estupidamente fácil à praticamente impossível.

O jogo possui diferentes tipos de missões, cada uma delas focando-se em um objetivo distinto sempre envolvendo roubos, espionagem e resgastes. Lembrando, entretanto, que a escolha destas sempre deve ser bem pensada, baseada na necessidade atual de sua equipe, pois, passado 72 horas, o jogo automaticamente lhe levará à missão final, portanto escolha sabiamente cada um de seus passos.

Como foi mencionado anteriormente, o jogo não se foca em batalhas, mas sim em Stealth: furtividade, roubos e fuga. Para isso você deverá, quando necessário, livrar-se dos guardas que cruzarem o seu caminho e invadir os sistemas. Dessa maneira, você poderá atrair os guardas e desmaiá-los, sem que ninguém perceba nada, inclusive podendo roubar seu dinheiro e itens. O problema é que eles só ficarão adormecidos por alguns turnos, que varia de acordo com a arma usada para atacá-los. E, apesar da maioria das armas não serem letais, é preciso tomar cuidado para não exagerar e acabar matando-os, pois cada um dos guardas possui uma espécie de sensor cardíaco ligado ao monitoramento  de segurança do local, ou seja, matar um guarda faz com que reforcem a segurança do lugar invadido, o que, consequentemente, dificulta a sua movimentação, roubos e fuga.
Outra a ação essecial para o adamento do jogo é o hackeamento dos sistemas, e para isso você terá que adquirir ENR (energia)  através dos consoles. Esse ENR é transmitido automaticamente para a inteligência artificial, Icógnita, que ajuda os agentes de inúmeras maneiras durante as missões: abrindo portas trancadas, desligando câmeras, desarmando armadilhas, abrindo cofres, entre outras coisas.

O nível de segurança será mais um empecilho a ser superado, pois quanto mais tempo os agentes permanecerem em uma determinada missão, mais atenções atrairão para si. Em termos de gameplay, o nível de segurança irá aumentar gradativamente a cada turno passado, de modo a crescer 1 nível a cada 5 turnos. A partir de então serão adicionados novas defesas como: aumento do número de guardas, reativação de câmeras anteriormente desligadas e travamento de portas já abertas.

Um jogo mais punk do que cyber

Apesar do mundo onde se desenvolve o game parecer ser muito fértil em questão de narrativa e possibilidades, o que é nos apresentado efetivamente é uma história rasa com reviravoltas previsíveis. Entretanto, desde o início, o jogo parece deixar claro que o seu foco definitivamente não é a história. Infelizmente, este elemento mal desenvolvido acaba ofuscando parte do brilho e das expectativas com relação game, afinal de contas, se observarmos atentamente nossa realidade atual, sua história nos apresenta um futuro muito plausível. Outro quesito que deixa a desejar é a arte design de cada uma das fases que são muito semelhantes entre si, havendo pouca variação, principalmente quanto a elementos como portas, janelas e paredes.

Apesar de conter alguns elementos mal trabalhados, o jogo ainda vale cada centavo, tanto pela sua jogabilidade quanto pelo seu visual, que se assemelha muito a HQs. Além disso, a possibilidade de uma minuciosa customização e a geração procedural tanto das fases quanto da quantidade e posição dos inimigos, favorecem o fator replay e faz com que o game torne-se uma ótima opção tanto para os amantes do gênero Tatics RPG quanto para os fãs de obra que se passam em universos cyber-punks.

Prós

  • Customização de campanha
  • Belo estilo de arte design
  • Universo (cenário) original

Contras

  • História rasa
  • Fases “esteticamente” idênticas

Invisible Inc. — PC / MAC / Linux — Nota: 7.5
Versão Utilizada: PC

Revisor: Jaime Ninice
Capa: Victor Pereira (Ryo)

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google