E3 1998: jogos importantes, novos consoles e… temos que pegar

Palco de lendários títulos, o quarto ano do evento trouxe muitas novidades e até mesmo um pouco de ostentação para Atlanta.

em 19/04/2015
Há poucos dias relembramos a importante E3 de 1997 aqui no GameBlast. Um evento arrebatador que deu espaço para pequenas e grandes produtoras mostrarem seus jogos. Foi também lá que três empresas continuavam travando uma feroz batalha pelo coração dos jogadores: Nintendo, Sega e Sony.




Em 1998 a feira voltou a acontecer na cidade da Atlanta, mas desta vez no Georgia World Congress Center, dos dias 28 a 30 de maio. Desta vez, o cada vez mais colossal evento foi visitado por mais de 70 mil pessoas. Pode parecer muita gente, mas ao lembrarmos os títulos que foram apresentados na feira, não dá para não sentir inveja destes 70 mil sortudos que estiveram presentes.
Folder do evento.

Uma Nintendo, um portátil e dois títulos lendários

O evento começou com a Nintendo elevando ainda mais o nível de ostentação. Para a sua festa de abertura da E3, a Big N chamou uma famosa banda nos anos 1980, os B-52s. Mas muita pompa sem jogos seria um tiro no pé, e a nossa querida empresa trouxe alguns dos títulos mais importantes da história dos games.

Mas antes de falar de coisa boa, é interessante relembrar o anúncio de que o 64DD não chegaria mais em 1998 para o N64. O periférico seria utilizado para que o console pudesse suportar jogos maiores e com maior quantidade de dados. O atraso levou muitos jornalistas a acreditar que o 64DD jamais seria lançado. O conturbado acessório seria publicado no ano de 1999.

Tendo aparecido na E3 1997, o fantástico The Legend of Zelda: Ocarina of Time voltou à feira, desta vez com uma versão muito próxima da que seria lançada. Muitas pessoas ficaram maravilhadas com o jogo, e acho que nem preciso relembrar aqui do tamanho sucesso que ele alcançaria, e muito menos de sua importância para a história dos games.

Engana-se, entretanto, quem acha que a Nintendo estava tranquila com apenas um lendário jogo. Aproveitando o anúncio do Game Boy Color e seu sucesso na feira, a empresa apresentou ao Ocidente, pela primeira vez, um joguinho que já era uma febre no Japão.

Nada mais, nada menos que Pokémon Red e Pokémon Blue, jogos que mudaram a vida de (quase) todos vocês que estão lendo essa matéria. Foi o início do amor também dos jogadores ocidentais com a importante série. Como já não fosse suficiente, a Big N também trouxe outros títulos para a E3: Banjo-Kazooie, Perfect Dark, Bomberman Hero e F-Zero X.

SEGA pulando de um barco para outro

Enquanto sua eterna concorrente fazia história em 1998, a SEGA patinava com seu Saturn. Muitos jornalistas afirmam que a E3 daquele ano foi o momento em que ficou claro que a empresa estava largando o Saturn.

O maior indício disso foi a apresentação do Dreamcast. Isso mesmo, em 1998 a SEGA já estava anunciando seu próximo console, inclusive com o nome definitivo. Trazendo uma capacidade gráfica nunca vista antes, os jornalistas que puderam ver a famosa demo “Tower of Babel” ficaram impressionados.

Porém, não houve demonstração de nenhum jogo para o Dreamcast, e a impressão que ficou foi que havia muita pouca informação sobre o novo brinquedo disponível para o pessoal que estava visitando a E3. Para o Saturn, poucos títulos foram mostrados, com destaque para Shining Force III e House of the Dead.

Sony gastando dinheiro para impressionar

Já a Sony, invejosa do nível de ostentação alcançado pela Nintendo, resolveu ir ainda além. Alguns jornalistas de publicações famosas eram buscados por carros do tipo Hummer para serem levados ao evento. Em um momento digno do “Pimp my Ride”, os jornalista podiam ir experimentando o novo título de corrida exclusivo do PlayStation: Gran Turismo.
Os telões mágicos da Sony.
A festa de encerramento da Sony contou com a presença dos Foo Fighters, um ano após o lançamento do segundo álbum da banda, que trazia sucessos como Monkey Wrench e Everlong. Além de diversos títulos third-party, a Sony apresentou alguns jogos interessantes que seriam publicados por ela: MediEvil, Crash Bandicoot: Warped, Twisted Metal 3 e Syphon Filter.


As desenvolvedoras também trouxeram jogos históricos

De forma quase desapercebida, foi apresentada pela VM Labs, uma subsidiária da Atari, uma tecnologia capaz de rodar DVDs em consoles, e de fezer com que aparelhos de DVDs também rodassem alguns jogos. Hoje sabemos da importância que a mídia teve para o PS2 e sua geração, mas naquela época pouca gente deu bola.

Além de Ocarina of Time e Pokémon Red/Blue, a E3 1998 ainda traria outros títulos muito importantes. O primeiro deles, Half-Life, apareceu em uma versão próxima a que seria lançada. Desenvolvido pela Valve e publicado pela lendária Sierra, o game agradou bastante.

Duke Nuke Forever, que já havia aparecido também em 1997, ganhou mais um vídeo mostrado a portas fechadas para a imprensa. O título é um dos games a participar de mais edições da E3, visto que foi lançado somente em 2011. Alguns mais céticos acreditam que The Last Guardian roubará esse infame posto.

Enquanto a Red Orb Entertainment preparava a primeira incursão 3D da série Prince of Persia (muito antes dos remakes da Ubisoft), a Crystal Dynamics mostrou dois jogos: Akuji the Heartless e o viciante Legacy of Kain: Soulreaver. Já a Konami preparou um estande todo voltado para seu maior lançamento: Metal Gear Solid.

A Squaresoft estava sorrindo como nunca por conta do sucesso de Final Fantasy VII. Nada mais inevitável que o lançamento de Final Fantasy VIII, jogo que a empresa trouxe para a E3 de 1998, ao lado de outros grandes títulos que seriam lançados em um futuro próximo: Parasite Eve, Brave Fencer Musashi e Xenogears, o JRPG preferido deste redator até hoje.

Muitos jogos importantes para PC também deram as caras no evento. Títulos como Diablo II, Baldur’s Gate, Grim Fandango e Black & White, o ambicioso projeto de Peter Molyneux.

Os melhores da E3

Pela primeira vez, um conjunto de jornalistas criou o prêmio Game Critic Awards para eleger os jogos mais promissores do evento. É um selo que até hoje vemos nas campanhas publicitárias e capas de jogos. Vamos relembrar os vencedores de algumas categorias.

Melhor jogo para PC e Melhor jogo de ação: Half-Life. O título viria a se tornar uma das mais cultuadas séries dos jogos, dando um impulso importante para a Valve (dona do Steam) chegar onde chegou. Além disso, mods como Counter-Strike fizeram a cabeça da galera por muitos anos, e foi essencial para o crescimento dos e-sports. Half-Life é, sem dúvida, um dos jogos mais importantes na história de nossa mídia e, de acordo com muitos, o melhor título de todos os tempos, ou um dos.

Melhor jogo para console: Você aí deve estar pensando: “certeza que deram para Ocarina of Time esse prêmio”. Então… não deram. O prêmio ficou com Metal Gear Solid. Como vocês sabem a série cresceu demais, elevou Kojima ao status de gênio e hoje é uma das franquias mais icônicas dos jogos.
Solid Snake capturou o amor dos jornalistas.
Melhor adventure: Grim Fandago. Com uma posição histórica delicada (na época de afirmação do 3D e de outros gêneros) o título da Lucas Arts agradou aos críticos. Viria a se tornar um clássico cultuado e o testamento morto-vivo de um dos gêneros mais importantes da história dos jogos. Recentemente ganhou uma versão remasterizada. Continua sendo o adventure preferido deste redator.

Homerworld foi considerado o melhor jogo de RTS (estratégia em tempo real), foi inclusive o primeiro título totalmente em 3D do gênero. O melhor jogo de corrida foi Need for Speed 3, e o melhor jogo de luta, Tekken 3.
Homeworld
O melhor RPG ficou com Baldur’s Gate, um dos mais importantes e seminais da história. Sua influência e a lembrança de sua qualidade permanecem até hoje. Recentemente alguns jogos diretamente inspirados por ele (e outros RPGs clássicos) foram lançados. Não deixe de conferir um dos mais impressionantes: Pillars of Eternity.
E aí, lembram de ler notícias sobre a E3 de 1998? Quais destes jogaços você jogou na época? Não deixe de nos contar.
Nossa viagem a 1998 chega ao fim, por hora. Não deixe de conferir nossa próxima matéria, na qual aterrizaremos na E3 de 1999, ano de retorno a Los Angeles, com shows bombásticos e a preparação das empresas para a próxima geração que viria. Até lá.



Link para a matéria sobre a E3 1995.
Link para a matéria sobre a E3 1996.
Link para a matéria sobre a E3 1997.

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Angelo Gustavo
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