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Destiny vs. Mass Effect, uma disputa de proporções astronômicas

Destiny ou Mass Effect, qual deles é o melhor jogo de ficção científica espacial? Está na hora de saber quem se sobressai nesse confronto.

Para os amantes de videogames, o espaço deixou de ser a fronteira final há muito tempo. Através dos jogos, exploramos planetas congelados, lutamos contra nazistas na lua, viajamos para galáxias exóticas e conhecemos seres extraterrestres que, ou querem nos auxiliar, ou nos trucidar. Destiny e Mass Effect, apesar de compartilharem temáticas similares, possuem peculiaridades distintas que os tornam grandiosas experiências no ramo da ficção científica. Entretanto há uma pergunta que não quer calar: qual dos dois é o melhor jogo nesse estilo? É isso o que veremos agora. Que a treta, digo, que a disputa comece!

Checando o enredo

Ambos os títulos têm como foco a humanidade em um futuro distante, envolvendo viagens espaciais, tecnologias avançadas e contato com seres extraterrenos. Embora as propostas desses jogos pareçam idênticas em certos aspectos, Destiny é tão diferente de Mass Effect quanto Star Wars é de Star Trek. Em se tratando de jogos com essas características, a história que serve de pano de fundo é um dos pontos principais que precisam ser levados em conta nessa avaliação.

Começando com Mass Effect. De tão complexa e detalhista é a história que vários livros já foram lançados para enriquecer ainda mais o universo narrativo do game. Fazendo uma sinopse extremamente resumida sobre o enredo, em um futuro não tão distante, quando a humanidade dava seus primeiros passos na exploração espacial, um dispositivo colossal conhecido como Mass Relay foi descoberto perto da órbita de Plutão. Esse aparato alienígena permitiu ao homem realizar viagens interestelares, conhecendo assim novos sistemas solares, o que até então era impossível, além de estabelecer contato com formas de vidas inteligentes, algumas hostis, outras pacíficas. Descobrimos que nossos vizinhos não são tão diferentes da gente, eles cumprem leis, vivem em disputas políticas com outras espécies e até enfrentam dilemas morais. No jogo, a cada passo que seguimos temos que tomar decisões que influenciam no desenrolar do enredo. Além de nos preocuparmos com as missões, tentamos também agradar aos membros de nosso esquadrão, sendo que cada personagem coadjuvante detém seu próprio background, sua história, suas motivações, etc. Chega a ser quase como uma série de TV ou uma novela jogável. Às vezes, você passa a se questionar se tomou a decisão certa em algum evento dentro do jogo.
Por outro lado, a Bungie, estúdio conhecido principalmente pelos jogos da série Halo, tinha como pretensão não apenas criar um enredo para Destiny, mas sim uma mitologia completa que combinasse sci-fi, religião, política e misticismo. Se em Mass Effect fomos até os alienígenas, em Destiny os ETs é que vieram até nós. No futuro, uma entidade cósmica conhecida como O Viajante adentrou em nosso sistema solar semeando vida pelos planetas e espalhando conhecimento, permitindo que o homem desse um salto tecnológico. No entanto, A Escuridão, sua contraparte, perseguiu O Viajante pelo universo, trazendo morte, destruição e seres hostis que quase dizimaram toda a raça humana. Agora, sem o apoio d’O Viajante, cabe a uma força tarefa conhecida como “Guardiões” defenderem o que sobrou da humanidade. Isso que eu acabei de lhes apresentar é tudo que o jogo tem a oferecer de história. Não há uma narrativa complexa, é tudo muito superficial e conceitual, a trama é exposta de maneira muito vaga, sem foco, e os objetivos no decorrer da campanha em nada agregam alguma coisa à história. Enquanto joga, você inevitavelmente vai pensar: “Ah! Que se dane! Eu só quero matar aliens!”.
Mass Effect 1 x 0 Destiny

Analisando a jogabilidade

Mass Effect é um jogo de tiro em terceira pessoa, enquanto que Destiny também é um jogo de tiro, mas a sua visão é em primeira pessoa. Ambos possuem elementos de RPG no qual podemos escolher classes, subir de nível, distribuir pontos de talentos em árvores de habilidade e aperfeiçoar e customizar nosso personagem. Porém, o assunto principal aqui fica por conta do modo como os títulos funcionam.

Destiny foi concebido pensando em ser um game para ser jogado principalmente em multiplayer cooperativo, um MMORPG. É claro que o jogador tem a opção de aventurar-se em uma campanha solo (ainda que haja obrigatoriedade de conexão com a internet), contudo o atrativo principal neste título é se reunir com outros jogadores para cumprir as missões que, diga-se de passagem, são extremamente desafiadoras para quem decida bancar o lobo solitário. Após algumas horas de jogatina, a campanha de Destiny torna-se extremamente repetitiva e um pouco cansativa (matar bicho, pegar loot, matar chefe, pegar loot, subir de nível, pegar mais loot). Mas é a companhia de seus amigos, ou até mesmo de desconhecidos, que torna toda a experiência divertida e prazerosa.
Mass Effect estreou como sendo apenas single player, mas em suas futuras sequências um modo multiplayer foi acrescentado. Ao lado de outros jogadores, era possível enfrentar hordas de inimigos ao passo que se cumpria determinados objetivos. Apesar disso, o jogo realmente foi pensado para se jogar sozinho, sendo que nossos companheiros de equipe eram controlados pela IA do jogo. A campanha se desenrola de maneira mais lenta para permitir que o jogador aprecie a história e os diálogos. Mass Effect é um jogo que possui uma pegada mais aventureira, com ênfase na progressão linear, mecânica bastante comum da maioria dos jogos de tiro disponíveis no mercado, como Crysis, Far Cry, BioShock, etc.
Chegamos então a um impasse. Há quem prefira jogar sozinho, enquanto que outros preferem chamar a galera para se divertir em conjunto. Já que isso depende muito das preferências pessoais de cada um, vamos considerar um empate desta vez.
Mass Effect 2 x 1 Destiny

Examinando o protagonista

Hora de tocar em um assunto delicado. Em Destiny, o protagonista é você, literalmente. Ao começar uma nova partida, o jogador tem a opção em escolher entre três raças: Humano, Desperto (uma espécie de elfo negro futurista, na falta de termos melhores) e androide, mais conhecido como Exo. Após definir a raça e o gênero, customizar a aparência e escolher sua profissão, você recebe um rifle, um Fantasma e automaticamente se alista ao exército dos Guardiões. Não existe um personagem principal na trama, não há um escolhido, um predestinado ou algo do tipo. O jogador é, com o perdão da palavra, apenas mais um zangão defendendo a colmeia. De fato, existem algumas cutscenes no jogo no qual seu personagem aparece em destaque, tentando passar alguma pista de que algo grandioso lhe espera futuramente. Mas o jogo termina deixando essa expectativa no ar. Um ponto positivo é que essa é uma pegada mais realista, na vida real ninguém consegue fazer nada sozinho, sendo que, assim como no jogo, o trabalho em equipe sempre é a melhor solução para superar os desafios que surgem pelo caminho.

Já em Mass Effect o jogador encarna na pele do Comandante Shepard. É possível customizar (um pouco) a aparência do personagem, mudar o sexo e até determinar seu passado antes dos eventos do jogo. Shepard é um militar terráqueo que se vê metido em intrigas, conspirações, traições, invasões de zumbis espaciais robóticos e ainda arranja tempo para paquerar a mulherada a bordo da espaçonave Normandy. Dependendo das respostas que o jogador escolhe durante os diálogos, Shepard pode inclusive construir sua personalidade, podendo ser um bom moço, seguindo o caminho do Paragon, ou ser um bad boy, indo pelo caminho do Renegado. Essas decisões interferem no universo ao redor do personagem. Sim, aqui Shepard se torna o centro de tudo, suas ações intervêm na vida de todos que o acompanham. A responsabilidade pela segurança, não só da Terra, mas de outros planetas também, é depositada nas costas do soldado. Se em Destiny os Guardiões salvam o sistema solar, em Mass Effect Shepard salva a galáxia.
Mass Effect 3 x 1 Destiny

Todos têm um lado sombrio

Os dois títulos são espetaculares, isso é indiscutível. Em todo caso, nenhum dos dois jogos conseguiram se ver livres de alguns problemas e polêmicas que surgiram no decorrer do tempo. Enfim, neste tópico vamos analisar quais defeitos que mais pesaram em cada um.

Mass Effect pode até ser considerado por muitos como o melhor jogo sci-fi da 7ª geração de videogames. Mas muitos concordam que Mass Effect 3, o episódio de fechamento da trilogia, agiu que nem político em época de eleição: prometeu demais e cumpriu pouco. Sem contar com os corriqueiros bugs, o jogo foi duramente criticado por apresentar furos em seu enredo, erros de continuidade, personagens secundários interessantes, introduzidos em Mass Effect 2, descartados sem uma explicação plausível e um final frustrante que estragou toda a experiência do jogo. Eu costumo dizer que Mass Effect 3 é como a série televisiva Lost. A história era espetacular, a trama era instigante, os personagens eram inesquecíveis, mas a última temporada, inclusive o episódio final, acabaram com a reputação da série, deixando um gosto amargo na boca da maioria dos fãs. Não importa o quanto o jogo ou a série sejam bons, todos sempre irão se lembrar do final decepcionante. A BioWare, estúdio responsável pelo jogo, até tentou consertar o erro que cometeu, lançando vários DLCs que adicionavam novos finais e cutscenes inéditas, porém o estrago era irremediável.
Controlar, desistir ou destruir? No final, dá tudo na mesma.
Falando sobre as controvérsias de Destiny, em primeiro lugar devemos mencionar que ele é um jogo incompleto, vendido em parcelas. Ao que parece, a Bungie entrou na onda dos games episódicos, dividiu seu produto final em diversas partes e passou a vendê-las gradativamente como conteúdos adicionais. Após completarem a rasa campanha do título, os jogadores se viram forçados a adquirirem o expansion pass, que fornece acesso aos conteúdos que seriam lançados futuramente, para que assim pudessem usufruir por completo do jogo. Por mais que esses DLCs incluíssem novas armas, novos equipamentos, um novo Pardal e outras coisas, era mais do mesmo, sem nenhuma novidade relevante e com poucos lugares novos a se explorar. Isso passou a pesar no bolso do jogador, que praticamente acabou pagando por dois jogos para poder ter 100% de aproveitamento. É como jogar Super Mario Bros. e, ao chegar no castelo do mundo 3, o Toad lhe falar para comprar um DLC para desbloquear os demais mundos, podendo assim continuar sua aventura.
Apesar das críticas, Mass Effect 3 não arruina a trilogia como muitos fãs têm afirmado por aí. Ele ainda continua sendo um excelente jogo de ação e RPG e prova disso são suas elevadas notas na maioria dos reviews dos sites especializados. Por outro lado, Destiny está seguindo uma tendência de mercado que está se tornando quase banal, de vender dezenas de extras para complementar um jogo que parece não estar finalizado. Dentre esses dois fiascos, fica difícil proporcionar o que mais pesou negativamente. Por via das dúvidas, para não incitar mais discussões, vamos deixar isso no zero a zero.
Mass Effect 3 x 1 Destiny

Resultado obtido

E o vencedor é: Mass Effect, que ganha de Destiny por nocaute. Destiny tem seus méritos; ele é viciante e divertido. Talvez seu principal defeito seja o fato dele ter sido esperado com tanta expectativa, que acabou deixando a desejar em muitos aspectos. Mass Effect marcou sua época, trouxe uma história muito bem produzida e fez a gente se importar com personagens fictícios feitos de computação gráfica. Mass Effect foi um predecessor, seu tempo passou, e esperamos agora que Destiny faça jus ao seu legado. Pois bem, caros leitores, concordam? Discordam? Deixem nos comentários suas opiniões e nos veremos no próximo confronto intergalático. Vida longa e próspera!

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Migueis 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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