Blast from the Trash

Aliens: Colonial Marines (PC) é um lixo espacial

Nem mesmo Ripley se aventuraria em um game tão chato.

Desde que a corajosa tenente Ellen Ripley enfrentou seu pior pesadelo presa em uma nave com um alienígena assassino, muitos imaginaram como seria transportar a história da tela do cinema para o mundo dos games. De 1979 para cá foram várias tentativas. Algumas delas foram interessantes, outras não muito promissoras e uma delas foi algo que criou uma expectativa tão grande que decepcionou amargamente quando foi apresentada à comunidade eletrônica. Voltemos ao planeta Alien, LV-246, na companhia de alguns destemidos soldados espaciais para descobrir por que Aliens Colonial Marines é tão ruim.

In this game, no one can hear one scream…

Antes de começarmos a entender onde Aliens Colonial Marines fracassa, vale lembrar que o título é obra de uma parceria entre a SEGA e a Gearbox Software, a mesma criadora da prestigiada franquia de FPS Borderlands. Mas não coloquemos toda a culpa em cima da última. A Gearbox sofreu muito com os problemas de manejamento da SEGA e sua decisão de colocar outras empresas menores para ocupar funções da Gearbox. O pior mesmo ocorreu quando a SEGA sofreu um processo que acusava a companhia de ter apresentado um trailer de gameplay que não condizia com o produto final. No trailer, gráficos impressionantes e ação constante impressionaram muitos espectadores na PAX e E3. Uma pena que no final o game tinha um visual pobre e uma jogabilidade frustante.
Não se engane pela cena aí em cima. O jogo não se parece nada com isso.


Aliens Colonial Marines tenta explorar a trama do segundo filme da série como uma continuação direta. Como todos os games já baseados nos enredos do cinema, esse é mais um título que tenta explorar um universo cheio de possibilidades, mas falha miseravelmente nessa tarefa. Acredite, quem já viu os filmes sabe muito que a série Alien é cheia de momentos tensos, personagens carismáticos muita ação. É um prato cheio para aquele que souber com que talheres comer. Uma pena que o enredo de Aliens Colonial Marines é algo tão pobre que não consegue prender o jogador em nenhum momento. Desdo o primeiro instante de gameplay, você sabe que tem que fazer apenas uma coisa: matar aliens. Só isso. Ah, e sair vivo, é claro.

Esqueça toda a tensão e suspense característicos da série Alien. O game não tem nenhum momento assustador. Nem mesmo um que valha um sobressalto da cadeira. Os aliens simplesmente aparecem de lugar nenhum mas, ao contrário do que se poderia esperar, a inteligência artificial utilizada é tão deficiente que os bichos ficam um bom momento circulando o adversário antes de começarem a atacar de fato. Como se não bastasse, as batalhas são extremamente repetitivas com o soldado matando e exterminando mais e mais hordas de xenomorfos. Talvez a única coisa que mude seja a arma que você pode utilizar.
Nem mesmo quando você está cara a cara com um alien e com a vida por um fio é possível sentir medo.


Nem mesmo o momento da morte do jogador consegue despertar algum sentimento em quem está detrás do mouse e do teclado. Na verdade, chega até a ser bizarro e engraçado que, toda a vez que o soldado morre, a câmera mude da perspectiva de primeira pessoa e passe para um visão ampla de seu cadáver com o alien próximo em uma pose estranha. O alienígena fica simplesmente como se tivesse sido encaixado naquele cenário como uma figura colada. Isso é mais uma prova da falta de polimento artístico da equipe de desenvolvimento que não se preocupou com esse tipo de detalhe que, em um game como esse, realmente faz diferença.
Apenas atire, atire e... Ah, sim! Atire!

Get away from this game, you b***h!

A presença de bugs é outro item constante durante toda a sua jornada em Aliens Colonial Marines. Quando se está na pele de um Marine, essas falhas passam quase imperceptíveis, mas mesmo assim incomodam. Em várias situações é comum atravessar objetos sólidos ou simplesmente não conseguir atacar o alien. E falando no diabo do alienígena, não existe algo mais estressante do que tentar controlar o movimento do xenomorfo durante um modo do game que lhe permite experimentar a vida de um alien por alguns minutos. É extremamente complicado se movimentar, e entrar em combate com os soldados é algo confuso e sem sentido, com ataques completamente descoordenados.
O alien somente consegue acertar o soldado depois de uma série de tentativas de uma IA deficiente.


Os criadores do game ainda incluíram a trilha sonora original do filme Aliens, que pode ser ouvida em diversos momentos durante a jornada por LV-246 e sua colônia humana dizimada. Esse aspecto consegue atenuar um pouco a sensação de frustração que o game causa, mas mesmo assim o sentimento de nostalgia não é suficiente para fazer o jogador parar de se perguntar por que o game é um FPS que não parece com um filme de Alien que nem de longe lembra algo que tenha saído do cinema.
Nem mesmo a batalha final contra a rainha Alien consegue ser emocionante.

Game over, man!

Aliens Colonial Marines foi mais uma tentativa fracassada de fazer um jogo baseado na famosa franquia de filmes que agradasse tanto fãs quanto jogadores casuais e entregasse uma experiência satisfatória na jogabilidade. Em diversos momentos o jogo se esforça para agradar, mas falha miseravelmente. Mecânicas falhas, a falta de um visual mais polido e uma história que não conveceria nem mesmo alguém que nunca tivesse assistido aos filmes da franquia. Todos esses aspectos negativos se unem para mandar o game diretamente para a lixeira do esquecimento. O título mais recente, Alien Isolation, recebeu ótimas críticas de alguns sites prestigiados, mas mesmo assim não conseguiu alcançar o patamar de “o game” da série Alien. Mas, pelo menos ele é o que chega mais perto até agora.
Não tô com medo. Com nojo sim, mas medo? Nope.


Revisão: Luigi Santana
Capa: Stefano Genachi

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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