Analógico

Quando board games se misturam aos videogames

Será que os jogos de tabuleiro estão se fundindo com os videogames?

No que parece ser uma onda tecnológica reversa, os jogos de tabuleiro estão se popularizando intensamente. Não estamos falando dos conhecidos Banco Imobiliário ou Jogo da Vida, mas títulos pouco conhecidos pelo público em geral, como Colonizadores de Catan ou Zombicide. Cerca de cinco anos atrás, seria quase impossível encontrar um jogo destes localizado para nosso idioma.

Além dos títulos originais, as adaptações dos nossos queridos videogames também estão marcando presença neste formato. Através de alguns exemplos, vamos mostrar uma das primeiras adaptações populares no Brasil, passando por outras adaptações lançadas mundialmente e encerraremos com uma adaptação que promete abalar o funcionamento e integrar tradição com tecnologia em uma caixa.

Em 1999, os Pokémon invadiam os tabuleiros

A primeira adaptação de grande relevância que tivemos por aqui foi o Pokémon: O Mestre dos Treinadores, que transportou a aventura do desenho dos monstrinhos para o tabuleiro. Ao invés de estratégias mirabolantes e horas infindáveis de jogo para derrotar a liga, dessa vez a disputa levava por volta de 45 minutos e dependiam de estratégia e sorte nos dados para conquistar o título de Mestre Pokémon.

Atualmente, uma cópia usada deste clássico dos tabuleiros custa entre R$ 200 a R$ 350 em sites de vendas como o Mercado Livre. Se eu soubesse disso, nunca teria deixado minha mãe se livrar do jogo. Não que eu fosse vender, mas bate uma saudade de vez em quando.

Assassinos, robôs azuis e uma homenagem à era 8-bit

Com a explosão do mercado dos jogos de tabuleiro, muitas produtoras e fãs se lançaram a criar adaptações de franquias sólidas dos videogames para este formato. Enquanto isso, outros não perderam tempo e com suas criações próprias homenagearam a “era de ouro” dos games

A Ubisoft bancou o lançamento de Assassin’s Creed: Arena, um jogo de gato e rato com ações baseadas na utilização de cartas. Seu tabuleiro representa a cidade de Constantinopla e cada participante assume o papel de uma personalidade conhecida do modo multiplayer de Assassin’s Creed: Revelations. Mas este é apenas um dos exemplos de adaptações lançadas nos tabuleiros, dentre elas Sid Meier’s Civilization e Age of Empires.
Mesmo com o grande número de adaptações lançadas, sempre há espaço para mais. Uma rápida navegada pelo Kickstarter e não é difícil encontrar algum entusiasta vendendo seu projeto para a criação de um jogo de tabuleiro inspirado em videogames. Entre eles, destacamos o Mega Man: The Board Game, que recebeu quase meio milhão de dólares em financiamento, enquanto solicitou apenas $70,000.

Nele, cada um assume a carcaça do azulzinho e deve vencer todos os desafios até o embate final com o Dr. Wily, assim como fizemos na série original. Até aí não há nenhuma novidade, mas o que tornam as coisas interessantes é que cada jogador também possui um turno no papel dos Robot Masters e deverão atrapalhar a vida dos outros Mega Man na mesa.

Acabe com os heróis

Mesmo não sendo uma adaptação direta de algum clássico dos games, vale a pena citarmos Boss Monster. O jogo de cartas faz referências a clássicos da era 8-bit, além de menções a outras obras modernas da cultura pop, como o seriado Game of Thrones. Todas as cartas foram desenhadas em pixel-art e apresentam dinâmica inspirada em títulos, como Metroid e Castlevania.

Como um vilão dos games 8-bit, você deverá construir sua própria fase e seduzir os pobres guerreiros a explorarem os terrores de seu calabouço. Ao invés de recorrer a um típico jogo de heróis contra vilões, cada um dos participantes é um algoz que deve ser eleito como “o maioral” ao dizimar dez almas heroicas. Como são todos vilões, vale tudo na hora de prejudicar seus colegas ao lado para abocanhar a partida.

Boss Monster também foi financiado através do Kickstarter, mas tem sido um sucesso de vendas tão grande que até mesmo uma expansão já foi lançada. Seus criadores voltaram ao portal de financiamento coletivo com um novo projeto, trazendo Boss Monster para o formato digital, compatível com tablets Android e iOS, com a possibilidade de uma versão para PC.

E o que muda?

Para o mercado de videogames, muito pouco. Para os jogos de tabuleiro, as adaptações são uma forma de atrair mais simpatizantes para esta maneira desplugada de jogar, utilizando a base de fãs de franquias estabelecidas. Outra maneira é a criação de títulos originais inspirados nos jogos eletrônicos.


No entanto, uma destas adaptações de franquias promete dar um salto além da barreira física e digital. Trate-se de XCOM: The Board Game, um jogo cooperativo que reunirá quatro jogadores para defender o planeta de uma invasão alienígena, da mesma maneira que fazemos nos títulos da série.
Este será o primeiro jogo de tabuleiro que será integrado a um aplicativo para smartphones que não servirá apenas de apoio, mas será o responsável por ditar seu ritmo, controlando o tempo de cada rodada e lançando novos desafios aos líderes da resistência humana. XCOM: The Board Game está programado para o quarto trimestre deste ano na terra do tio Sam, mas já estamos ansiosos para conferir como a tecnologia irá se mesclar com o formato tradicional dos jogos de tabuleiro.
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Bruno Feltran

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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