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Análise: Tales of the Orient: The Rising Sun (PC) é para você, gafanhoto

Para reconstruir uma vila do Japão feudal, você tem toda a liberdade para escolher como juntar os elementos iguais.

Alguns jogos de puzzles se tornam clássicos ao ponto de servirem como modelo para vários outros títulos. A mecânica de trocar as peças para formar combinações de três (o famoso Combine-3) vem de Bejeweled e não dos doces que você está pensando. Entretanto, Tales of the Orient: The Rising Sun, jogo brasileiro disponível no Splitplay, conseguiu trazer o melhor deste tipo de puzzle em um único jogo.

Do jeito que você quiser

The Rising Sun é um game para todo mundo que gosta de puzzle e não importa qual destes você prefira. São 100 níveis feitos para serem jogados de três formas distintas e à escolha do jogador: troca (como em Candy Crush), bolha (como em Collapse, clicando em conjuntos de peças iguais no tabuleiro) ou cadeia (juntando sequências de objetos iguais próximos). Qualquer fase pode ser jogada de qualquer forma, ficando a sua escolha qual utilizar.

Além disso, você tem um número limitado de movimentos em cada nível, transformando-o em um desafio de paciência e estratégia. Você não pode gastá-los apenas para fazer pontos (pois, na verdade, eles pouco importam durante o jogo), já que cada um é muito precioso para cumprir os objetivos do estágio. Geralmente, você deve fazer tantas combinações de um certo objeto ou destruir um determinado número de obstáculos ou Gold Tiles (responsáveis pela sequência do modo história).


Vários novos elementos de jogabilidade são inseridos de acordo com as fases, dificultando cada vez mais. Caixas que só são destruídas quando uma combinação é feita do lado delas ou peças congeladas que só voltam ao normal quando elas são combinadas: sempre você terá algo novo a aprender. Quatro habilidades especiais ainda ficam disponíveis com o tempo e são carregadas com a combinação de certos objetos, permitindo tirar uma peça ou linha do tabuleiro, por exemplo. Para fechar, girar o tabuleiro também é uma outra opção, pois possibilita preencher alguns espaços em branco que ficam e formar combinações sem gastar jogadas.

Essa liberdade toda na hora de jogar tem vários louváveis prós, mas traz os contras da facilidade e do potencial perdido. Como você pode jogar do jeito que quiser sempre, não existem desafios em ter de passar de uma fase. Afinal, se você não consegue daquela forma, tente de outra. Forçar o jogador a finalizar certos estágios com um determinado modo ou sem usar certa habilidade especial, criando objetivos extras, aumentariam muito o fator replay. Pena que não existe isso.

Uma geixa, um samurai, uma vila

Se você sempre quis entender o porquê de ficar trocando peças para juntar iguais, Tales of the Orient traz um plano de fundo ambientado no Japão do período Edo para isto. Uma vila foi destruída e as sobreviventes, um grupo de geixas liderado por Satsu, decide ter esperança e reconstruir seu lar. Com a ajuda dos samurais e de seu líder Miyamoto (referência, alguém?), você deverá partir em busca dos Gold Tiles para conseguir ouro suficiente para as construções da vila. A cada nova parte feita, você ganha apenas Extra Moves (movimentos extras para serem usados quando acabarem os disponíveis pelo estágio) e, nas primeiras, as habilidades extras.


Aqui temos mais um potencial inexplorado, pois a construção da vila poderia agregar muito mais ao gameplay, como uma expansão da história ou até o desbloqueio de novos modos de jogo, como a personalização de alguma parte. Talvez uma deixa para uma próxima atualização?

O Japão feudal é lindo (e em inglês)

The Rising Sun traz desenhos muito bem feitos, com toda a atmosfera mística que o Japão feudal pede, para contar a história por trás do título, qualidade que também se repete nos menus e, principalmente, nas peças do tabuleiro, que são realmente bonitas. Infelizmente, às vezes, elas se confundem com a quantidade de obstáculos em um único espaço no tabuleiro, tornando a visão muito confusa.


A trilha sonora não se destaca como uma coisa espetacular, mas é bem bonita, trazendo o relaxamento necessário para resolver os estágios. Entretanto, como são poucas, elas podem se tornar repetitivas depois de muitas fases resolvidas. Bom, continuam boas, de toda forma. O que não é bom é a língua do jogo: mesmo sendo brasileiro e falando da cultura japonesa, ele é totalmente em inglês, sem outras opções.

Um verdadeiro conto do Oriente

Mesmo com seus defeitos, Tales of the Orient: The Rising Sun tem um ótimo custo-benefício. Trazer várias fases de puzzle, todas focadas na estratégia, para poderem ser jogadas de três formas diferentes agradam a gregos, troianos, geixas e samurais. Um produto bem feito, com uma jogabilidade diferenciada, bonito e por menos de 10 reais no Splitplay, não é para qualquer um. O que está esperando para construir sua vila japonesa feudal?

Prós

  • Jogabilidade tripla de puzzle: troca, bolha e cadeia;
  • Alto nível de estratégia;
  • Novos elementos de jogabilidade aparecem com o tempo;
  • Mais de 100 níveis;
  • Visual e trilha sonora bonitos.

Contras

  • Plano de fundo pouco explorado;
  • Certa facilidade pela quantidade de opções de jogo;
  • Potencial inexplorado;
  • Trilha sonora um pouco repetitiva e visual confuso às vezes;
  • Disponível apenas em inglês.
Tales of the Orient: The Rising Sun - PC - Nota: 7,5
Revisão: Catarine Aurora
Capa: Felipe Araujo

sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
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