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Análise: Among the Sleep (PC) é uma aventura aterrorizante pelos pesadelos de uma criança

Volte aos seus tempos de criança e enfrente seus maiores medos em uma aventura surreal.


Jogos de terror voltaram com tudo nos últimos tempos. Muitos já se aterrorizaram com o suspense e com os sustos de Amnesia e com certeza muitos já deram alguns gritos jogando Outlast ou mesmo encontrando um cara bastante esquisitão em Slender Man: The Eight Pages. Normalmente em perspectiva de primeira pessoa, essas tramas colocam o jogador na pele de um jovem explorador que precisa resolver mistérios e escapar de monstros e perigos ao mesmo tempo. Among the Sleep vira essa ideia de cabeça para baixo e cria um conceito inovador no gênero do terror. Neste jogo você vai descobrir como o mundo visto pelos olhos de uma criança pode ser horrivelmente assustador.

Nas profundezas da imaginação

Lançando um projeto ambicioso no Kickstarter em 2011, a Krillbite Studios conseguiu em pouco tempo arrecadar sua meta necessária de US$200,000 para iniciar o desenvolvimento e lançamento de Among the Sleep, um game de terror com uma proposta inovadora. Os patrocinadores se entusiasmaram com um título que prometia colocar o jogador na pele de uma criança pequena enquanto ela enfrentava seus piores pesadelos ao lado de seu ursinho de pelúcia.
Mais uma noite tranquila de sonhos com meu ursinho!... Infelizmente, não.

Com essa premissa básica, mas que é capaz de mexer muito com o psicológico do jogador, Among the Sleep traz uma experiência completamente diferente de qualquer jogo de terror que você já tenha jogado. Deixar uma trama de suspense nas mãos de uma criança de 3 anos, que não pode correr muito e que precisa engatinhar às vezes, é um elemento de decisão completamente novo no gênero. Além de trazer essa experiência mecânica diferenciada, Among the Sleep consegue perturbar a mente do jogador ao levá-lo a um mundo de formas surreais que somente poderiam sair da mente de uma criança amedrontada.
Um simples corredor se torna algo assustador na imaginação de uma criança.

Esse terror psicológico que o protagonista reproduz é capaz de criar cenários com formas distorcidas que fazem até mesmo roupeiros se transformarem em labirintos assustadores quase infinitos. Todo esse mundo de horror está repleto de obstáculos que, como em qualquer game de terror, podem ser ultrapassados se o jogador tiver uma veia investigativa.  Caminhos são desbloqueados quando ele conseguir encontrar uma chave, pressionar um botão ou mesmo quando ele imaginar que, para uma criança, as gavetas de uma cômoda podem se tornar escadas para alcançar uma maçaneta.
Tudo é surrealmente horripilante.

Não se esqueça do seu ursinho!

Durante boa parte do game, Teddy, o adorável e inteligente ursinho de pelúcia do protagonista, assume o papel de guia do jogador. Graças a isso, é muito difícil se sentir totalmente perdido ou confuso durante o gameplay, pois basta alguns momentos de silêncio constrangedor para que Teddy fale algum comentário aleatório, mas que sempre tem uma dica importante escondida sobre o próximo passo a ser tomado. Além disso, quando a escuridão parece avassaladora e não dá mais para enxergar nada, basta abraçar Teddy com força para que uma luz reconfortante envolva o jogador, e ilumine seu ambiente ao seu redor.
Teddy é seu melhor amigo e sua maior proteção.

Além do visual surpreendentemente surreal e ao mesmo tempo assustador, a interação com Teddy é provavelmente o detalhe que foi desenvolvido com mais cuidado pelos criadores do game. Isso fica ainda mais claro quando se analisa a mecânica de movimento e de interação do protagonista com o ambiente. Infelizmente, esta parte deixa muito a desejar e, em certos momentos, a impressão que fica é a de se estar controlando uma marionete por causa dos movimentos pouco articulados que o jogador pode realizar. É certo que temos que levar em conta que estamos lidando com uma criança de apenas 3 anos, mas mesmo assim a movimentação poderia ter sido melhor desenvolvida.
O mundo é maior e mais assustador do que se imagina.

Outro problema do jogo fica por conta de uma certa falta de clareza dos objetivos que o jogador deve realizar. Felizmente, a relativa confusão que se pode vivenciar ao ficar imaginando qual o próximo passo a ser tomado consegue ser atenuada pelo clima quase constante de tensão que permeia o game. Pena que essa sensação de suspense muitas vezes é frustrada, já que não se pode dizer que Among the Sleep oferece um leque muito grande de sustos. Contudo, em algumas ocasiões você certamente vai sentir um frio na barriga e um certo nervosismo ao tentar descobrir onde se esconde o terrível monstro que raptou sua mãe, mesmo que ele nunca revele sua presença.
Prepara-se para alguns sustos e muita tensão!

Prós

  • Conceito inovador;
  • Terror psicológico ao máximo;
  • Visual aterrorizante e surrealista.

Contras

  • Objetivos podem ficar confusos;
  • Mecânica de movimentação mal desenvolvida.



Among the Sleep - PC - Nota: 7.0

Revisão: Samuel Coelho
Capa: Stefano Genachi


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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