Noite de música: veja como foi a Games Classic Show em Porto Alegre

Show que junta orquestra, rock, cosplay e videogames tocou diversas trilhas clássicas.

em 15/03/2014
Na noite dessa sexta-feira, 14 de março, Porto Alegre recebeu a visita da Games Classic Show no Teatro do Bourbon Country. O evento supre a demanda criada pelo vácuo de apresentações do tipo na capital gaúcha, já que o último ano em que a Video Games Live deu as caras por aqui foi 2011. A passagem do show paranaense, em turnê pelo sul do Brasil, foi, portanto, uma grata surpresa. A Games Classic Show surgiu em Curitiba no ano de 2013, através de parceria entre Eruditu Produções Artísticas, Grupo Multiplayers e Sunset Cultural, e é formada por uma orquestra com coral, guitarra, show de luzes, telões e cosplayers. Mas tudo gira em torno da música, trilhas sonoras clássicas, sem todos os adicionais que se encontram na VGL, por exemplo, aproximando muito mais o espetáculo a uma orquestra sinfônica tradicional, o que não é nem um pouco ruim.


Quem chegava ao shopping Bourboun Country, onde fica o teatro, já percebia pela movimentação de pessoas com camisetas temáticas de jogos que algo especial estava acontecendo. Os livros e revistas sobre games estrategicamente posicionados na vitrine da livraria Cultura e uma ou outra publicidade de empresas relacionadas à área também davam o tom.

Do lado de fora da sala, era possível jogar Injustice: Gods Among Us em um PlayStation 4 ou comprar itens como chaveiros e bonecos de diversas séries de jogos. Às 21 horas, com o público já acomodado, o maestro Carlos Domingues, da Orquestra Sinfônica do Paraná, e os músicos abriram a noite com Square-Enix Medley. Este é um ponto interessante da organização da Games Classic Show: as músicas são compostas de medleys temáticos, que concatenam várias obras, e são divididas em “stages”, ou blocos de uma determinada série ou companhia, apresentados por uma breve introdução. O Stage 1, como falamos, foi da Square, com o tema da abertura de Chrono Trigger (SNES, PS), “Scars of Time, de Chrono Cross (PS), o tema clássico da série Final Fantasy e a onipresente em eventos de música gamer, “One Winged Angel”, de Final Fantasy VII (PS), com direito a uma encenação no palco da batalha entre Sephiroth e Cloud. Essa é outra característica do show, a presença de atores fantasiados no palco interpretando personagens, além de dois telões exibindo imagens, trailers e cenas dos jogos homenageados e vários efeitos de luz.
Dragão desfilou pelo teatro enquanto a música tema da lutadora Chun-Li era tocada.
O Stage 2 era da Capcom, começando com “Alexia’s Lullaby”, de Resident Evil: Code Veronica, seguido da abertura de Mega Man II (NES) e dos temas de Chun-Li e Ryu de Street Fighter II, com direito a um dragão chinês desfilando. Na sequência, tivemos o Stage 3 da Bungie, com a execução da música tema da série Halo. Aí houve uma pequena pausa para o maestro apresentar o objetivo do evento, que é levar o gosto por instrumentos e um estilo de música tido como “antiquado” às novas gerações. Ele também mencionou o surgimento de cursos e reconhecimento da área de composição de trilhas sonoras. Como exemplo citou o trabalho desenvolvido por Vinicius Kleinsorgen, um dos co-autores da trilha sonora do jogo indie Toren, que foi tocada logo em seguida — o compositor, inclusive, estava na plateia e foi aplaudido. Esse segmento tem um significado ainda mais forte pelo fato da Swordtales, desenvolvedora do game, ser uma empresa porto-alegrense.

De volta ao programa, tivemos um Stage 4 sobre a Blizzard dividido em duas etapas. A primeira continha os temas de Diablo I, II e III, e a segunda os de World of Warcraft. Os próximos dois Stages, de The Legend of Zelda e Sonic, foram os que conquistaram as melhores reações do público, não sem motivo, dada a qualidade reconhecida das obras. “Hyrule Field”, de Twilight Princess (GC, Wii), “Dungeon”, de A Link to the Past (SNES), “Overworld”, de The Legend of Zelda (NES), “Gerudo Valley”, de Ocarina of Time (N64), “Outset Island”, de Wind Waker (GC), “Saria’s Song” e “Zelda’s Lullaby”, de Ocarina of Time e “Ballad of Goddes”, de Skyward Sword (Wii) arrancaram aplausos enquanto um Link e uma Saria andavam pelo teatro abrindo baús, tocando ocarina e distribuindo brindes.

O segmento do ouriço azul já conquistou o público quando o icônico nome da SEGA saiu dos alto-falantes. Os temas de Sonic The Hedgehog (MegaDrive): “Green Hill Zone”, “Chaos Emerald Bonus Stage”, “Spring Yard Zone”, “Boss Fight Theme”, “Labyrinth Zone”, “Star Light Zone”, “Scrap Brain Zone”, “Final Zone” e “Final Theme” deixaram todos animados, terminando com um Sonic gordinho correndo pelo palco e virando uma placa do Dr. Robotinik. O Final Stage, como não poderia faltar, foi Super Mario Bros., com “Castle”, “Underwater”, “Overworld” e “Underworld”, de Super Mario Bros. (NES), “Overworld 1 e 2”, de Super Mario Bros. 3 (NES), “Overworld” de Super Mario World (SNES), “Fortress”, de Super Mario Bros. 3, “Overworld”, de Super Mario 64 (N64), “Fluffy Bluff Galaxy”, de Super Mario Galaxy 2 (Wii) e “Gusty Garden Galaxy”, de Super Mario Galaxy (Wii).

Ainda tivemos um Bonus Stage, o bis, com a música tema de Top Gear, o clássico jogo de corrida do NES, e um pouco mais da série Chrono, encerrando o show cerca de uma hora de quarenta minutos após seu início. Infelizmente nem tudo foi perfeito. Durante a apresentação ocorreram alguns problemas com o áudio, especialmente nas narrações que antecediam cada Stage, e as luzes eram usadas por vezes de maneira exagerada. Isso não afeta, contudo, a boa impressão deixada pelo show e o prazer de ouvir algumas trilhas fantásticas ao vivo. Se a Games Classic Show seguir se aprimorando, incrementando seu repertório e expandindo suas turnês para outras regiões, o Brasil terá ganho um ótimo espetáculo de jogos.
No geral, o Games Classic Show é um evento imperdível para qualquer pessoa que aprecia trilhas sonoras ou que simplesmente gosta de jogos em geral. Com uma boa escolha de músicas (obviamente é impossível agradar a todos), o espetáculo mostra as histórias das empresas ou sagas dos games, de forma que a apresentação fique muito dinâmica, tornando possível, com o auxílio dos telões, acompanhar a história ou o desenvolvimento das nossas mais amadas franquias. Apesar de alguns problemas com áudio nas narrações, e alguns efeitos de luz bem desnecessários, o show te faz sair do teatro como se fosse aquela criança de alguns anos atrás. Um destaque especial vai para as fantásticas partes que homenagearam Sonic e The Legend of Zelda, e para a lembrança a Megaman, um herói esquecido por muitos mas que sempre será lembrado por seus fãs (maldita Capcom). - João Pedro Meireles
Eventos do gênero são sempre boas oportunidades para aumentar a população da sua Praça Mii!
Nostalgia e emoção poderiam ser as palavras que sintetizavam a noite do evento. Poder relembrar tantas trilhas sonoras de jogos clássicos interpretadas por uma orquestra incrível foi realmente sensacional. É impressionante perceber a legião de fãs dos games que compareceu ao show e também como algumas das composições mais bonitas que já ouvi vem diretamente do mundo eletrônico dos jogos. A divisão de estágios em que o show estava planejado e mais as interpretações especiais no palco de personagens como Sonic, Mario e Link me fizeram sentir dentro um game de verdade (só que com um som de excelente qualidade, claro). A transição suave entre diferentes músicas tornava a experiência muito agradável, embora tenham havido algumas falhas técnicas durante o espetáculo, mas nada que pudesse tirar a mágica do evento. Recomendo o show a todos os amantes de música, games ou de ambos. - Luís Antônio Costa
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Doug Fernandes
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