Análise: Nunca varrer o chão foi tão divertido com Dustforce (PC)

Jogo criado pelo estúdio indie HitBox permite encarnar zeladores habilidosos que tem a missão de salvar o mundo... uma vassourada de cada vez.

Uma das melhores coisas que percebemos ao nos aventurar com os jogos independentes é a criatividade que se manifesta em muitos desses títulos. Seja em aspectos técnicos como uma jogabilidade diferenciada, seja em formas de enredo e narrativa diferentes do convencional ou mesmo com um misto desses e de outros atributos, os indie games são responsáveis por dar sangue novo a uma indústria tão cheia de sequências e franquias infinitas desde o início da geração passada.


Dustforce é um desses belos achados. Desenvolvido pela HitBox e disponível para diversas plataformas, o jogo das aventuras do esquadrão de faxineiros prima pela jogabilidade dinâmica — apesar de algumas falhas — ao mesmo tempo em que encanta nossos olhos e ouvidos. Recentemente este jogo chegou ao Xbox 360, PlayStation 3 e PlayStation Vita sob as asas da Capcom, mas hoje vamos conhecer a versão original desse belo indie game, que saiu para Windows, Linux e Mac OS X em 2012.

Quem foi que sujou isso aqui, hein? Eu acabei de limpar!

Em Dustforce você assume o controle de quatro zeladores especiais que lutam para limpar o mundo da sujeira e da desordem. Ao longo de suas cerca de 50 fases, os zeladores devem usar suas habilidades acrobáticas e suas fiéis ferramentas de trabalho para livrar-se de folhas secas, poeira, lixo tóxico e outros detritos que transformam animais e objetos inanimados em bestas malvadas.

Seus antagonistas são os responsáveis por toda essa sujeirada e cabe a esse grupo de valorosos trabalhadores limpar cada cantinho sujo das forças do mal.

O jogo em si não tem um enredo muito rebuscado e sequer tenta fazer uma narrativa durante seu desenrolar. O que é até uma boa coisa, já que ele se propõe a ser meramente uma tradicional e simples coleção de desafios a serem vencidos pelo jogador.

Sujeira pra todo lado

Dustforce possui um estilo bem tradicional e ao mesmo tempo bastante singular: trata-se de um jogo de plataforma em 2D, com características que lembram bastante os consagrados N+ e Super Meat Boy, em especial devido a agilidade e reflexos rápidos exigidos por sua competente jogabilidade. Seus gráficos suaves, coloridos em tons pastel e com animações muito fluidas e agradáveis de se ver dão uma identidade artística única ao jogo, quase como se estivéssemos controlando um desenho animado.
Seu objetivo é percorrer cada uma das fases, limpando todas as trilhas de sujeira e combatendo os monstros de sujeira pelo caminho no menor tempo possível. À medida que se limpa o cenário uma barra de combo aumenta, permitindo (quando cheia) desferir um ataque que elimina todos os inimigos da tela ao se pressionar os dois botões de ataque ao mesmo tempo. A pontuação é obtida com base na limpeza total da fase e na “finesse”, que é a habilidade de manter a barra de combo cheia o máximo de tempo possível e o quão rápido o jogador consegue chegar ao final da fase. Dependendo da pontuação obtida, o jogador ganha chaves para abrir fases mais difíceis do jogo.

Tá bom de passar um paninho nesse chão, né?

Cada um dos quatro protagonistas possui habilidades e estilo únicos: O zelador azul é o mais equilibrado, contando com pulos duplos e ataques rápidos. A zeladora vermelha é um bocado semelhante ao azul, porém aparentemente um pouco mais lenta, mas com golpes mais fortes. A pequena zeladora púrpura é a mais rápida e ágil, além de ser a única capaz de executar pulos triplos e o velho e sisudo zelador verde é o mais lento, porém o mais forte de todos. Seja qual for o personagem escolhido, todos os zeladores são bastante ágeis em campo e o design das fases, com suas rampas, ladeiras e plataformas, contribui para que os personagens possam atravessá-las rápida e acrobaticamente, como se os simpáticos zeladores fossem praticantes de Parkour.

Para deixar as fases um brinco da forma mais estilosa possível, a jogabilidade procura ser bem diversificada e dinâmica: segure para baixo ao cair em uma rampa para escorregar rapidamente, tomando um impulso na hora de saltar em uma eventual rampa no fim da descida. Segure para cima ao pular contra paredes para andar nelas alguns passos, possibilitando alcançar lugares altos ou facilitando o uso de wall jumps. Segure para cima ao pular em um teto para andar por ele de cabeça para baixo por alguns instantes e limpar qualquer sujeira que esteja lá no alto, entre outras possibilidades. Além disso, os zeladores podem desferir ataques rápidos com o botão X, ataques fortes com o botão Z, dar um curto dash com o botão Ctrl e, é claro, desferir o ataque especial que mata vários inimigos de uma só vez pressionando os dois botões de ataque.

Mas para que o jogador atinja a perfeição é necessário apelar bastante para a tentativa e erro em um primeiro momento. Dustforce tem como um defeito bastante chato a carência de instruções detalhadas para que o jogador se habitue com sua jogabilidade diferenciada. Em uma época na qual antigos paradigmas de game design podem não se sair tão bem ao serem expostos ao público gamer atual, um simples tutorial faria toda a diferença aqui. O fato de o jogo até hoje ter um suporte fraco a joysticks ainda torna o ato de jogar com o teclado bem desgastante. Mas felizmente os comandos disponíveis são poucos e rápidos de se aprender e, com um pouco de prática, qualquer jogador conseguirá se aventurar sem maiores problemas.

O som do trabalho duro é doce como um dia de descanso...

As músicas de Dustforce são bem relaxantes e discretas, sendo composições que flertam com o estilo chiptune, mas que são suaves o bastante para não serem enjoativas ou grudentas. Os mais aficionados por game music encontrarão um excelente trabalho, que cai bem até mesmo fora do jogo, para ter em seu tocador de mp3 e curtir onde quiser.


A trilha sonora de Dustforce foi composta pelo músico conhecido como Lifeformed e está disponível para venda por download em sua página do Bandcamp. É possível inclusive apreciar o álbum — intitulado Fastfall — gratuitamente, antes de decidir pela compra.

Hora da limpeza!

Poucos jogos trazem tão pouco em seu conteúdo e mesmo assim cativam tanto, prendendo o jogador em seus desafios cada vez mais exigentes e complexos. Dustforce é um desses grandes títulos que infelizmente não teve a repercussão que merecia, mas que agora pode ser apreciado por mais jogadores, graças à sua recém-chegada a mais plataformas, como o PS3 e o PSVita.


Apesar de suas falhas de jogabilidade, Dustforce será uma agradável experiência e um desafio formidável a qualquer um que quiser se dedicar a explorá-lo e apreciá-lo. Sem dúvidas, será bastante divertido bancar o super faxineiro por algumas boas horas!

Prós

  • Visual belo e com forte apelo artístico;
  • Boa dose de dificuldade e fases em abundância;
  • Trilha sonora de alta qualidade.

Contras

  • Suporte a controles/joysticks ineficiente;
  • Um tutorial faz bastante falta neste jogo.
Dustforce — PC (Steam ou site oficial) — Nota: 7.0
 Revisão: Jaime Ninice
Capa: Stefano Genachi

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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