Manual do mestre: Como criar um bom herói

No processo de desenvolvimento de um jogo, poucas coisas são mais importantes que o estabelecimento de personagens icônicos. Você já confe... (por Unknown em 06/07/2013, via GameBlast)

No processo de desenvolvimento de um jogo, poucas coisas são mais importantes que o estabelecimento de personagens icônicos. Você já conferiu aqui como criar um bom vilão, e agora está pronto para dar mais um passo em sua jornada de game designer: criar um verdadeiro herói.

Comece pela aparência

Ainda que seu personagem tenha uma origem humilde (teoricamente desprovida de bens materiais e roupas legais), sua imagem será a figura central na capa do jogo e nas CGs que atrairão seu público juvenil, por isso, é muito importante que eles compreendam a grandiosidade de seu personagem por seu destaque visual. A regra é simples: mais do que servir sua pátria, o dever de todo bom soldado é ser badass. Esqueça aquelas mocinhas de cores apagadas dos shooters genériCoD... digo... genéricos.

Camuflagem é para fracos, verdadeiros heróis andam pelo campo de batalha com trajes de cores vivas, que servem para impelir medo no coração de seus inimigos. Capriche na coloração, insira algumas faixas rasgadas e cicatrizes de batalha – mesmo que seu herói tenha recém saído de casa - Figuras como Markus Fenix e seus colegas chegam a usar verdadeiros holofotes de néon em suas armaduras para mostrar que mandam.

Acima de todos, entretanto, o melhor exemplo de visual para o seu herói é, sem sombra de dúvidas, Duke Nukem. Do topete ao charuto (outro acessório que é regra entre heróis), somados à regata vermelha: Duke é o exemplo do que todo herói gostaria de ser. Nada de capacetes, coletes de kevlar ou full plates, apenas a cara e a coragem. Always bet on duke.


Hail to the king baby

Uma história de superação

Além de bravo, todo grande herói é também um notável ser humano. Capriche na história de seu capitão, lembre-se que mesmo Rambo tinha seus fantasmas. Na lista de eventos interessantes da vida de seu guerreiro podem constar grandes traumas de infância; a perda de um ente ou superior muito querido; encontro com uma entidade alienígena extremamente poderosa; ou até uma grande fuga das garras de seres intergalácticos, usando apenas um pé de cabra.

Reparou no denominador comum destas histórias? Exato: nenhum. Vale o que você quiser, o elo com o enredo do jogo pode ser tanto uma busca por vingança e sangue, quanto paz espiritual, alcançada, naturalmente, pela morte de zilhões de inimigos. Um bom exemplo pode ser Gordon Freeman. De cientista a salvador da humanidade num piscar de olhos.

Gordon Freeman, na TV chamado de Dr. House.

Digno de nota: seu herói pode estar também apenas em busca de salvar e paquerar mulheres, vale tudo.

O poder da voz

Muitas vezes subestimado (principalmente pela Nintendo), a voz sempre fala muito sobre seu protagonista, e assim como seu herói, ela também deve ser épica. Não importa se ele tem setenta ou quinze anos, seu guerreiro deve falar sempre com a voz do Batman, ou, na falta do dublador do homem morcego (muito requisitado para todos os jogos de ação), qualquer outro que fale como se tivesse um tumor na garganta.

Ainda no quesito voz, é importante que as falas de seu personagem reflitam com sua marcante personalidade e carreguem sempre as palavras que se passariam pela cabeça do próprio jogador (se este estivesse em seu lugar). Incontestavelmente, o cara mais icônico neste quesito continua sendo Duke Nukem. Fazer o que se ele é o grande referencial? De qualquer modo, você pode ainda optar por seguir a linha de Solid Snake, Raiden ou até Kratos, que também servem como bons exemplos.

Death before Disco!

Lock’n’Load

Tão importante quanto todo o resto é o arsenal a ser carregado por seu espartano. Esqueça o padrão de duas armas dos shooters, todos grandes guerreiros não carregam duas, mas dez armas ou vinte armas. Para personagens modernos, podem constar no arsenal: duas variações de lança mísseis (ou vacas); três metralhadoras; duas escopetas; um revolver; um canivete e uma arma alienígena que faz "ZING".

Isso sem falar nas granadas e apetrechos diversos. Caso seu herói seja um imponente cavaleiro medieval, opte pelas espadas de tamanho desproporcional, martelos gigantescos, arco e flechas, bestas, correntes, ganchos e tudo mais que puder ser usado para destruir qualquer coisa. Lembre-se: armas nunca são demais, seu herói deve poder carregar todas elas em seus bolsos sem nenhum problema.

Quanto ao visual das armas, este pode ser bem variado. Enquanto alguns heróis carregam armamento moderno, outros preferem as boas e velhas espingardas pré segunda guerra mundial, espadas enferrujadas e armas de visual oriental (ainda que seu herói viva na Grécia antiga...). Armas que misturem e se trabalhem com o visual Steampunk também estão em alta, e podem ser utilizadas sem nenhuma contra-indicação.

Aqui, para mostrar grande variedade, podemos usar como dica o equipamento de Link, Leon ou até mesmo Dante (lembrando que retiramos Duke deste tópico devido a sua vergonhosa última aparição, pro raio que a parta GearBox).

Criando uma personalidade

De nada adianta dotar seu herói do melhor equipamento disponível, emprestar a voz de um rouco senil e caprichar no visual mais descolado se o personagem continuar agindo como um emo sem chapinha. Deixe os conflitos sentimentais para os filósofos (mesmo que eles sejam parte da vida de seu herói). Na hora da ação ninguém estará interessado em ver o cara se lamentando, a função exclusiva de seu campeão deve ser chutar bundas.

Para isso, garanta a maior dose de apatia universal possível. É preciso muito sangue frio para ignorar o fato que podem existir vidas humanas dentro do prédio que deve ser derrubado, ou da vila a ser queimada quando seu herói invocar uma chuva de meteoros. Digo mais: é extremamente necessário, afinal, para manter a fama de herói é preciso apagar toda pessoa que possa testemunhar que quem ateou fogo na vila foi você enquanto invocava o Ifrit.

Lighting seguiu todas as dicas deste manual.
Na lista de grandes personalidades apáticas - ainda que pudéssemos citar novamente o sacrossanto Duke Nukem - existe o glorioso cast da série Final Fantasy, muito bem representado pelas emblemáticas figuras de CloudStrife, Squall Leonheart, Lighting e tantos outros protagonistas.

Como podemos ver, são os apáticos que fazem sucesso. Deixe as personalidades fortes e marcantes para os personagens secundários, que precisem aparecer a qualquer custo. Outros bons exemplos podem ainda ser encontrados nas figuras de qualquer soldado de Call of Duty e Battlefield, sempre de bom humor para explodir qualquer coisa.

Para finalizar

Juntando tudo isso, você pode perceber que certos aspectos ficam um  tanto quanto dissonantes. Um guerreiro complexado em trajes vermelhos com duas katanas, várias metralhadoras, granadas e que só fala besteira enquanto mata pessoas? Sem problemas, Deadpool prova que isso é possível.

No mais, agora que você, amado leitor, já definiu seu herói e seu vilão (se não aprendeu ainda, confira aqui!), restam poucos passos para a vitória. Um mundo interessante, um enredo de cair o queixo, talvez um anti-herói? Fique ligado para o próximo manual do mestre, neste mesmo Blastcanal.


Alguma dúvida, sugestão, comparação quanto a magnanimidade de um herói? Escreve aí embaixo.

Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Daniel Machado

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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