Análise: Chaos on Deponia (PC)

em 04/02/2013

Quando escrevi a análise de Deponia , minhas maiores críticas foram a duração do jogo e a falta de originalidade dos quebra-cabeças. A des... (por Bruno Grisci em 04/02/2013, via GameBlast)

Quando escrevi a análise de Deponia, minhas maiores críticas foram a duração do jogo e a falta de originalidade dos quebra-cabeças. A desenvolvedora alemã Daedalic Entertainment parece ter sentido o mesmo e corrigiu essas duas falhas do bem-humorado adventure point-and-click na segunda parte da trilogia, Chaos on Deponia, disponível para Windows PC e Mac, com o acréscimo de novos e bizarros personagens e mais locais para explorar.

ALERTA: O texto abaixo pode conter spoilers para quem não terminou Deponia.

De volta a um lixo de planeta

Depois de um tutorial basicamente igual ao do primeiro jogo e um vídeo reprisando os principais acontecimentos de Deponia, podemos começar a aventura. A história inicia onde a anterior nos deixou, com Rufus na companhia de Doc e Bozo e com a bela Goal partindo para a cidade flutuante de Elysium. Apesar da impressão inicial de ter aprendido com seus erros, Rufus logo nos mostra que ainda não está pronto para aposentar sua personalidade desastrada e irritante. Depois de um puzzle inicial bastante irônico, somos apresentados ao novo plano do herói para fugir de seu planeta natal: um estilingue gigante que o lançará preso a uma serra rotatória impulsionada por foguetes.

O Mercado Negro Flutuante, onde a maior parte da história acontece.
Tal como na primeira parte da trilogia, a história principal se inicia com Rufus derrubando Goal em Deponia por causa de mais um plano bizarro que não deu certo. Se no jogo anterior o resultado foi uma protagonista desacordada, dessa vez Goal estará muito mais participativa: o acidente acaba danificando (mais uma vez) os seus implantes cerebrais e a sua personalidade é dividida em três partes complementares, que podem ser alteradas através de um controle remoto: Lady Goal, inteligente, educada e esnobe, Spunky Goal, agressiva e grosseira e Baby Goal, ingênua e infantil.

Saber qual a personalidade correta para cada situação é parte importante da jogabilidade, além de promover uma variedade bem maior de diálogos. Quem se incomodou com a falta de participação da protagonista em Deponia pode esperar por uma Goal muito mais ativa. Durante bastante tempo a narrativa irá girar em torno de diferentes formas do seu personagem conquistar a garota, o que significa mais romance e situações constrangedoras (além de fan service).


Os controles continuam exatamente os mesmos, e a fórmula segue a dos adventures tradicionais. Lembre-se de ativar a opção de acessar o inventário com a roda do mouse, é muito confortável. A maior evolução em Chaos on Deponia é a ambientação. Os belos cenários e desenhos continuam os mesmos (embora as cores pareçam menos vivas agora), bem como as animações travadas. Na verdade, por duas ou três vezes presenciei um bug onde Rufus ficou invisível por alguns minutos na tela. São aquelas coisas que não estragam um jogo, mas afetam a experiência negativamente. Voltando à ambientação, deixamos de lado a pequena cidade de Kuvaq do primeiro game e agora a ação se desenrola no Mercado Negro Flutuante do Mar Vermelho Ferrugem. Essa é uma mudança importante porque o Mercado Negro oferece muito mais personagens com quem falar e locais para explorar, o que aumenta e muito a duração do jogo e a resolução dos puzzles.

Em primeiro lugar, embora encontremos alguns velhos rostos em Chaos on Deponia, a grande maioria dos personagens são novos. Mas não se preocupe, o carisma e o nonsense foram mantidos em figuras como a resistência à opressão dos Organon que se reúne no porão da casa da mãe de seu líder, o crime não organizado, um restaurante fast-food gerido por um demônio que demanda sacrifícios humanos e um especialista em ornitorrincos. Os mamíferos que põem ovos, aliás, estão presentes durante toda a jornada, sendo inclusive peça central de um dos maiores quebra-cabeças disponíveis.

A oferta de novos locais e personagens, como mencionado anteriormente, possibilitou a criação de puzzles bem mais inspirados que os anteriores. Agora temos que lidar com paradoxos temporais, equipar golfinhos com torpedos e lidar com sujeitos de sotaque estranho. Os quebra-cabeças parecem estar bem mais encaixados no contexto do universo onde se encontram, e a curva de aprendizagem é bastante amigável, com os desafios crescendo em dificuldade de modo natural. Além disso, foram adicionados minigames divertidos, mas que podem ser pulados caso não esteja interessado. Essa mudança vem ao encontro de uma história mais bem desenvolvida, tanto nos eventos principais (finalmente é explicado porque os Organon querem explodir Deponia e qual o propósito de Elysium, por exemplo), quanto nos diálogos e piadas.

O nonsense continua o mesmo, mas agora mais afiado e com várias referências à física, como buracos de minhoca e o Gato de Schrödinger, e aos adventures anteriores da Daedalic, especialmente Edna & Harvey. A variedade dos diálogos também aumentou bastante, então não deixe de experimentar todas as falas e ações extras. Há também um modo que substitui todo o texto por incompreensíveis "Droggeljug!". Mas é verdade que não é um humor que agrada a todos, e uma cena onde filhotes de golfinhos são transformados em ração de gato pode ser considerada especialmente de mal gosto. Rufus também está mais irritante do que no primeiro jogo, e aqui é um ponto onde uma maior liberdade de escolha para o jogador faria a diferença. Em mais de um momento me deparei com o protagonista tomando atitudes incômodas, mas os demais personagens seguram bem as pontas.


Lembram do que foi dito sobre as cores serem menos vivas? Não são apenas os gráficos, a história também possui um tom mais negro que a original. O jogo possui uma atmosfera mais tensa, as belas montanhas de lixo de Kuvaq agora dão espaço a cenários que transmitem bem mais a sensação de decadência e temos até mesmo várias cenas de morte. Tudo isso dentro dos limites de uma comédia cartunizada meio nonsense e meio pastelão, é claro.

Na parte final do game, é possível viajar para diferentes pontos do Mar Vermelho, inclusive Porta Fisco, a maior e mais importante cidade da região, agora transformada em fortaleza dos Organon. Embora em seu momento derradeiro a história deixe um pouco a desejar, os novos personagens, os puzzles maiores e mais integrados ao jogo e a expectativa de uma finalização emocionante em Goodbye Deponia, game que completa a trilogia, tornam este um item obrigatório para os jogadores da primeira parte.

Prós

  • O belo visual foi mantido;
  • Puzzles mais originais e integrados à história;
  • Novos personagens divertidos;
  • História mais desenvolvida;

Contras

  • Animações não tão fluidas;
  • Rufus às vezes é bastante irritante;
  • Jogador poderia ter mais liberdade de escolha.
Chaos on Deponia – PC – Nota: 9.0
Revisão: Leonardo Nazareth
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