Blast from the Past

Blast from the Past: Vampire: the Masquerade - Bloodlines (PC)

Um dos sistemas de RPG de mesa mais aclamados das últimas décadas foi, certamente, o Storyteller , que conseguiu se sobressair ao lado de ... (por Ok em 04/01/2013, via GameBlast)

Um dos sistemas de RPG de mesa mais aclamados das últimas décadas foi, certamente, o Storyteller, que conseguiu se sobressair ao lado de titãs como D&D e Gurps. E, dentro do sistema, um dos cenários mais populares foi o de Vampiro, a Máscara. Pensando nisso, a Troika Games, em parceria com a Activision, desenvolveu um jogo para PC baseado no sistema, que também foi um grande sucesso na época de seu lançamento.
Atenção: Este artigo contém diversos spoilers a respeito da história do game.


Um Mundo de Trevas

No game, você pode alternar entre a
visão em primeira ou terceira pessoa.
Ambientado no Mundo das Trevas, antigo cenário de RPGs criado pela White Wolf, tendo sido hoje substituído pelo Novo Mundo das Trevas, Vampire: the Masquerade - Bloodlines possui uma atmosfera constante de terror, suspense e mistério. Com uma história envolvente e cheia de reviravoltas, este game serve como uma ótima fonte de inspiração para Narradores com falta dela.

Logo no início do jogo, após preencher uma espécie de ficha virtual de seu personagem, você é levado a uma cena um tanto quente envolvendo seu personagem e seu futuro senhor ou senhora que, após um picante "There's something I must show you" ("Tem uma coisa que eu preciso te mostrar", em tradução livre) o transforma em vampiro só para ser surpreendido com uma estaca no coração - tanto seu criador quanto seu personagem. Mas não se espante pois, neste mundo, as estacas servem apenas para paralisar os vampiros, e não os matam por si só. Quando seu personagem acorda, ele está em meio a um julgamento, devido ao Abraço ilegal cometido por seu senhor ou senhora, isso é, o ato de transformar um ser humano em um vampiro. Seu criador é condenado à morte, e seu personagem também o seria, não fosse pela intervenção do líder do movimento Anarquista, Nines Rodriguez.

Parece um pouco confuso ter essa infinidade de informações atiradas sobre você de uma vez só, e pode ser mesmo para quem nunca jogou o RPG de mesa, mas mesmo este tipo de jogador não demorará a se acostumar com as novas regras, que o game apresenta de uma maneira muito interessante no desenrolar da história, conforme seu próprio personagem aprende as regras do novo mundo.

A História e as Missões

Jeanette Voerman, uma das muitas
vampiras que você encontrará
(e a mais lunática, também).
Como já foi dito antes, a história de Vampire: the Masquerade - Bloodlines é impressionantemente bem construída para um game baseado em um RPG de mesa. Ao invés de simplesmente colocar o sistema em meio a um caos aleatório, o game te coloca em meio à Los Angeles do submundo vampírico, com direito a diversas missões e submissões empolgantes. Conforme você explora o mundo vai descobrindo novos aliados - e novos inimigos.

Uma das missões mais longas e arrepiantes do jogo, por exemplo, começa assim que você bota os olhos no jornal que entregaram em seu apartamento, através de uma notícia de um assassinato brutal, com requintes animalescos. Só bem mais tarde você descobre que o tal assassino é ninguém menos que um vampiro Gangrel, enlouquecido por sua Fome de sangue. Pelo bem da Máscara, você acaba incumbido de dar um fim a esta não-vida de mortes e banhos de sangue.

E uma das missões mais apavorantes começa no distrito cinematográfico de Hollywood, através de uma fita de terror B muito realista e assustadora, envolvendo criaturas de pesadelo e monstros aterrorizantes. Enquanto tenta encontrar o esconderijo dos Nosferatu da cidade, você acaba descobrindo o esconderijo das tais criaturas de pesadelo, que eram reais, tendo sido criadas por um Tzimisce.

E o próprio Tzimisce já é, por si só, uma criatura de pesadelo.

Sim, decorar tudo o que cada clã vampírico representa pode parecer difícil para quem não está interessado em continuar jogando o RPG de mesa em seguida, mas isso também não é necessário para aproveitar o jogo ao máximo. Claro que, a título de curiosidade, é algo interessante ao menos para se ter uma noção do que exatamente está acontecendo em cada momento mas, como já foi dito, não é necessário.

De modo geral, a história gira em torno de um misterioso sarcófago que está sendo transportado para um museu da região, a fim de ser examinado. Sarcófago este que teria sido descoberto milhares de anos atrás pela Igreja, e reenterrado para ser redescoberto nos dias atuais pelo arqueólogo norueguês dr. Johansen. É crido pela comunidade vampírica que dentro do sarcófago reside um vampiro antediluviano em estado de torpor que, como o próprio nome já indica, é uma poderosa criatura que vive desde os tempos anteriores ao dilúvio bíblico. A maioria acredita que é melhor manter o sarcófago fechado, já que, se o rumor fosse confirmado e o antediluviano fosse acordado, este poderia ser um sinal da Gehenna, o fim dos tempos vampírico, mas alguns querem se aproveitar de tamanho poder para fortalecer a si mesmos, o que acaba criando uma imensa disputa de poderes envolvendo os maiores figurões do Mundo das Trevas e o próprio protagonista.

Como um RPG de mesa

Como já foi dito, assim que o game começa o jogador é instigado a preencher uma ficha de personagem virtual que, assim como no RPG de mesa Vampiro, a Máscara, representará tudo aquilo o que o seu personagem pode ou não fazer no mundo do jogo. As regras, em sua maioria, são as mesmas do jogo físico, mas algumas sofreram mudanças e adaptações que, cá entre nós, encaixaram muito melhor no jogo eletrônico do que se tivessem sido mantidas inalteradas.

Para começar, o jogador deve escolher o sexo e o clã de seu personagem, podendo fazer isso por si mesmo ou preencher um rápido teste, quase um teste vocacional, para decidir em qual clã ele se encaixa melhor. A escolha do clã pouco ou nada influi na história em geral, mas alguns clãs concedem escolhas e diálogos que não seriam acessíveis por outros clãs, além das habilidades de cada um.

Quase como preencher uma ficha de papel.

É possível escolher qualquer um dos sete clãs da Camarilla. São eles: Brujah, os rebeldes, Gangrel, os selvagens, Malkaviano, os lunáticos, Nosferatu, os ratos de esgoto, Toreador, os degenerados, Tremere, os feiticeiros, e Ventrue, os nobres. Cada um com um visual único e diferente para cada sexo. Infelizmente, não é possível customizar a aparência de seu personagem, devendo aceitar a aparência padrão de cada clã.

Depois, serão concedidos alguns pontos a ser distribuídos nas habilidades e características do personagem, bem como nas disciplinas de seu clã. Conforme você vai completando as missões, mais pontos são concedidos, desta vez baseados na experiência obtida, e podem ser gastos livremente na ficha virtual, a fim de melhorar ainda mais o personagem.

De forma geral, Vampire: the Masquerade - Bloodline é um excelente jogo, especialmente considerando as limitações da época de seu lançamento. Cada personagem do game (com exceção, talvez, do seu próprio) conta com animações faciais impressionantes, que só não tornam o game tão envolvente graças às parcas expressões corporais. Quem já jogou o RPG de mesa não deve deixar de conferir o jogo, e mesmo quem nunca jogou poderá se divertir com uma das histórias mais fascinantes já montadas em um game baseado em um sistema de mesa. 

Revisão: Leandro Freire 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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