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Análise: Street Fighter V: Arcade Edition (PS4/PC) a verdadeira luta começa agora

Nova edição de Street Fighter V é a atualização que o jogo tanto precisava.

Para começar essa análise, é preciso falar um pouco da história que a precede. Em fevereiro de 2016 a Capcom lançou o muito esperado Street Fighter V. As expectativas em relação ao título eram altas, dado o grande sucesso que SFIV (e suas várias atualizações) atingiram, sendo responsável pelo renascimento dos jogos de luta para o grande público. No entanto, o que parecia ser uma aposta certa virou uma grande bagunça.


Com um jogo que mais parecia um beta do produto final, o mais recente capítulo da série mais errou do que acertou — você pode ler a análise do Blast sobre o game se quiser refrescar a memória. Mesmo as inúmeras atualizações mensais, com novos conteúdos sendo adicionados, não foram suficientes para resolver os problemas, que residiam nas estruturas do projeto.

Esses problemas também se estenderam ao cenário competitivo. Não foram poucos os jogadores profissionais que criticaram o jogo por suas mudanças mecânicas e balanceamento de personagens, colocando Street Fighter V longe der ser uma unanimidade entre os pro-players. Posto tudo isso na mesa, a Capcom fez uma das coisas que sabe fazer de melhor para tentar restaurar a glória de SFV, lançou uma nova edição do jogo: Street Fighter V: Arcade Edition.



A primeira coisa a se falar dessa nova versão é sobre os novos modos implementados, especialmente o saudoso modo Arcade, uma das faltas mais marcantes do lançamento original. Para compensar, a Capcom não inseriu somente um mas seis formas diferentes dele. Cada um remete a um dos cinco jogos numerados da série desde o primeiro Street Fighter, mais o de Street Fighter Alpha.

Em cada modalidade há um número de lutas e personagens diferentes. Ryu e Ken estão em todos, mas M.Bison, por exemplo, não aparece nas campanhas referentes a SF e SFIII, já que não estava nesses jogos. Algumas adaptações são feitas, como Laura em Street Fighter III, representando seu irmão Sean.

Tela de seleção do Modo Arcade do primeiro Street Fighter.
Todos esses modos apresentam três níveis de dificuldade e finais distintos, que são ilustrações que resumem o desfecho do personagem — e que podem ser vistos depois na galeria. Assim, Ryu tem um final diferente para cada versão de Street Fighter. Também existem ilustrações especiais que são desbloqueadas ao se cumprir objetivos específicos, como terminar sem continues ou na maior dificuldade com um personagem específico.

No geral a introdução dos modos arcade é simples, mas bem feita. Temos até a volta do famoso bônus dos barris. Os cenários, que são reedições dos estágios clássicos, são usados mesmo que você não os tenha comprado separadamente, o que é bem bacana. O nível de dificuldade no médio é razoável, progredindo conforme se avança no modo e vai ficando muito distante da facilidade dos pequenos prólogos. Ponto negativo para as telas de seleção de personagem, que de fundo usam um degradê daqueles bem preguiçosos. Parece até que foram feitas faltando 10 minutos para entregar o projeto. Podiam ao menos ter feito umas artes maneiras usando as telas originais.

Algo que também me incomodou foi a falta de possibilidade de ganhar Fight Money (moeda interna usada para comprar personagens, mapas, roupas, etc) de forma similar ao que foi feito com os modos história. Falando nisso, o ganho de FM tanto dos prólogos como do Modo História “A Shadows Fall” foi removido.

Estágio bônus do Barril
Ainda foram adicionados dois novos modos. Um deles é o Extra Battle, desafios semanais que premiam o jogador com roupas alternativas para os personagens. Para lutar nesse modo, é preciso pagar uma quantia em Fight Money. O outro é o Team Battle, que consiste em montar dois times de três a cinco jogadores que se enfrentam em uma pequena disputa. As regras podem ser definidas dentre o “quem ganha fica”, vencendo o time que eliminar todos os oponentes, ou batalhas separadas, ganhando o time que obtiver mais vitórias. Tal modalidade só pode ser jogada off-line e, embora seja ótimo para aquelas festas ou reuniões da galera, também pode ser jogado sozinho, com o CPU controlado o time adversário.


No que diz respeito às lutas em si, além dos ajustes de balanceamento e correções que sempre são feitos, a grande novidade é a adição de um segundo V-Trigger para todos os lutadores. Antes da luta, o jogador pode escolher entre um dos dois golpes especiais para usar na partida. Essa inclusão não revoluciona os combates de SF V, mas certamente traz um pouco mais de variedade a eles. O vídeo a seguir mostra todas as novas técnicas para os personagens lançados até a segunda temporada.



Falando em personagens o lançamento da Arcade Edition também dá início à terceira temporada de lutadores, começando pela Sakura, já disponível no game. Os outros personagens que ainda virão são Blanka, Falke, Cody, G e Sagat. E um detalhe importante, aqueles que comprarem a versão Arcade Edition recebem todos os personagens lançados nas duas primeiras temporadas. Quem já tinha o jogo e só atualizou não terá esse bônus.

Por fim, a interface do jogo ganhou uma nova aparência, com novos esquemas de cores, mas nenhuma mudança drástica. Gráficos, música e efeitos sonoros mantêm a qualidade do jogo original e não houve alterações significativas nesses quesitos.

Na parte on-line o jogo também parece continuar com a mesma estrutura. Um dos problemas antigos de Street V era o lag input (atraso entre o comando no controle e a ação do personagem na tela). Usando um controle de Xbox One ligado via USB não senti esse problema, mas pesquisando alguns comentário de jogadores, parece que essa questão ainda atrapalha consideravelmente.

A eterna busca pelo mais forte

Sendo bem sincero, Street Fighter V: Arcade Edition é o jogo que deveria ter sido lançado há dois anos. Os vários modos arcades, que prestam homenagem ao passado da série, são uma ótima adição e completam o buraco significativo que havia nas bases do game. Os novos modos também são interessantes especialmente o Extra Battle que, num primeiro momento, parece tem um bom potencial para divertir jogadores.

Mecanicamente, ainda é o Street Fighter V de sempre em sua essência, com o novo V-Trigger tornando as coisas um pouco mais interessantes. A Capcom também parece preocupada em continuar refinando a jogabilidade para não tornar SFV um jogo raso, especialmente no competitivo. Mas isso só o tempo poderá nos responder.

Street Fighter V: Arcade Edition não se livrou totalmente de outros problemas que existiam na versão anterior, mas é uma melhora substancial, especialmente para quem chega agora. Para aqueles que já haviam desistido do game, talvez valha a pena uma nova chance, até porque a atualização é gratuita para quem possuia o jogo base.

Prós

  • Modo arcade com seis variações;
  • Novo modo Team Battle;
  • Novos V-Triggers.

Contras

  • Telas de seleção dos modos arcade muito simplórias;
  • Falta de mais opções off-line para ganhar Fight Money;
Street Fighter V: Arcade Edition  — PC/PS4 — Nota: 8.0
Versão usada para análise: PC
Revisão: João Pedro Boaventura

Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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