Blast Test

Steredenn (PC) é um shoot 'em up desafiante, porém repetitivo

Com estágios escolhidos aleatoriamente e armas interessantes, este título indie é ótimo para quem gosta do gênero de "navinha".

Títulos do gênero Shoot 'em up, ou “jogos de navinha” como são conhecidos por aqui, tentaram inovar durante os anos com mecânicas inusitadas e outras características. Steredenn, que é um título desse gênero para PC, faz justamente o contrário: foca na jogabilidade básica do estilo. Contudo, ele tenta ser único, com estágios aleatórios e armas interessantes. Jogamos uma versão preliminar desse título que está disponível no programa Acesso Antecipado do Steam e contamos o que achamos da experiência.

Explodindo tudo

A jogabilidade Steredenn foca no básico: destrua tudo o que aparecer no seu caminho. Sua nave consegue carregar até duas armas e é possível trocá-las a qualquer momento. As fases são repletas de inimigos e no final de cada uma acontece uma batalha contra um chefe — a sensação é bem próxima de outros shoot ‘em ups clássicos. O título se destaca com a aleatoriedade das fases. Em uma partida, você pode passar por algumas repletas de asteroides e lasers; já em outra, os estágios podem estar repletos de inimigos com escudos. Por conta disso, cada partida é bem única.


As armas são criativas e bem distintas entre si. Já vi coisas básicas como mísseis, lança-chamas e bots que lançam projéteis de energia, assim como coisas malucas como uma serra gigante e uma espécie de mandíbula metálica que ataca com mordidas. Cada qual exige uma estratégia diferente e funciona melhor em alguns momentos. E é extremamente importante conhecer bem cada arma, já que você conta somente com uma única vida e morrer significa recomeçar tudo desde o início.

Os chefes, ao serem derrotados, deixam melhorias para a nave e você pode escolher uma. Essas melhorias podem mudar significativamente a jogabilidade e trazem variedade ao jogo. Em uma partida, por exemplo, peguei um power-up que me permitia bater em coisas sem perder energia e outra melhoria que aumentava em 50% esse tipo de dano. Com isso eu simplesmente me jogava em cima dos inimigos para derrotá-los. O jogo tem várias possibilidades de experimentação.


Aleatoriedade e reflexos rápidos

Steredenn exige muita habilidade. O primeiro estágio pode ser bem simples e fácil, mas basta chegar ao chefe para as coisas mudarem significativamente: a tela é invadida por projéteis, de maneira parecida ao estilo bullet hell. Quando não há tiros na tela, o problema são os vários inimigos repletos de ataques. Jogadores menos experientes podem se sentir frustrados com a dificuldade acentuada, mas aprender os padrões e conseguir sobreviver é parte da diversão.


A sorte também tem grande influência em Steredenn. Às vezes que consegui chegar mais longe foram justamente as que eu consegui armas boas por acaso e passei por estágios não muito complicados. Mas, na maioria das vezes, eu me sentia azarado por conta de armas ruins ou situações muito complicadas. Claro, é perfeitamente possível sobreviver com a arma básica, mas isso é um grande desafio.

De novo e de novo

Steredenn conta com visual em pixel art, como vários outros indies. O resultado é bem agradável e único, por mais que a resolução seja meio baixa, o que deixa tudo meio quadrado demais — acredito que essa foi a intenção dos desenvolvedores desde o início. Mas é legal ver o cuidado com os detalhes em cada nave, principalmente a do jogador. A trilha sonora é repleta de composições frenéticas e dominada por guitarras, acompanhando muito bem a ação. O único porém é que a quantidade de músicas não é muito grande e depois de algum tempo você vai ter ouvido as mesmas músicas várias vezes.

O problema é que mesmo com vários tipos de fases e situações diferentes, Steredenn pode ficar meio repetitivo. Isso acontece por conta da baixa variedade de chefes e inimigos e também da dificuldade meio alta — ao ser derrotado você perde tudo e recomeça desde o início. Aí lá vai você enfrentar os mesmos chefes de novo e de novo. Até o momento, o jogo conta só com dois modos — Classic e Boss Rush —, o que torna a repetição mais aparente.

A questão da sensação de repetição e a grande influência da aleatoriedade são problemas chatos e podem ser relevados pelo fato do jogo ainda estar no programa de Acesso Antecipado do Steam. Contudo, felizmente, os desenvolvedores parecem estar atentos a isso. O jogo recebe atualizações constantes contendo ajustes e novidades como armas e modos.


No caminho certo

Steredenn é um jogo interessante e promissor. Ele executa bem a fórmula básica de shmups e tem armas únicas, o que deixa a experiência divertida. O visual e áudio também são ótimos. Infelizmente, ele pode ficar repetitivo e cansativo depois de algumas partidas por conta de sua pouca variedade de inimigos e aleatoriedade desbalanceada. Contudo, é importante lembrar que o jogo está em Acesso Antecipado e está recebendo novidades a todo momento — provavelmente a versão final será mais variada e completa. Sendo assim, em seu atual estado, Steredenn é recomendado para os entusiastas do gênero.

Revisão: Alberto Canen
Capa: Daniel Silva

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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