Resenha

Descubra como um excelente jogo de terror pode render um filme meia-boca com Silent Hill Revelation

Todo bom fã de survival horror já ouviu falar de Silent Hill . Não é apenas uma das franquias mais icônicas de games d... (por Gabriel Gonçalves em 05/02/2014, via GameBlast)


Todo bom fã de survival horror já ouviu falar de Silent Hill. Não é apenas uma das franquias mais icônicas de games de terror; é também o jogo que definiu o conceito de horror psicológico, fugindo dos sustos clichês.


E sendo uma série de sucesso, é claro que em 2006 ela rendeu seu primeiro longa-metragem: Terror em Silent Hill, dirigido por Cristophe Gans. Mudando diversos aspectos, mas ainda mantendo um certo grau de fidelidade com a história do primeiro jogo, o filme se mostrou decente para a maioria dos fãs. 

Em 2012, uma continuação chamada Silent Hill Revelation finalmente veio ao público. Dirigido por Michael J. Bassett e estrelando Adelaide Clemens no papel principal, o filme é uma sequência dos eventos mostrados no longa anterior, sendo baseado no jogo Silent Hill 3. Porém, o resultado fica bem abaixo do esperado e é uma decepção em potencial aos fãs da cidade mais macabra dos videogames.

A atriz australiana Adelaide Clemens interpreta Heather Mason.

A Colina dos Sustos Baratos

Silent Hill Revelation se passa alguns anos após o fim de Terror em Silent Hill. A protagonista agora é a crescida Sharon Da Silva (Adelaide Clemens), que pintou o cabelo de loiro e passou a usar o nome falso de Heather Mason. A razão para isso é que, após ter escapado da maldita cidade,  "A Ordem" ficava mandando pessoas para sequestrá-la, o que a forçou a se disfarçar. 

Por anos, Heather e seu pai Cristopher (Sean Bean) ficaram se mudando de cidade com a finalidade de despistar A Ordem e seus seguidores. Até que, na véspera do seu aniversário de 18 anos, a adolescente nota estranhos eventos acontecendo ao seu redor, como enxergar monstros e outras bizarrices. 

Confusa e assustada, ela tenta voltar para casa, onde descobre que seu pai foi sequestrado, e a única pista deixada para trás é uma mensagem escrita em sangue na parede, que diz "Venha para Silent Hill". Sem pensar duas vezes, ela pega carona com um amigo da escola, Vincent Wolf (Kit Harington), e os dois rumam para a cidade. Isso mesmo, Vincent deixou de ser o tio meio psicótico do jogo e virou a paixão adolescente de Heather. Vai entender.

Heather e Vincent em Silent Hill
O filme vai prosseguindo sua história enquanto os macabros eventos vão ocorrendo em torno da protagonista. Ou pelo menos essa era a intenção dos roteiristas, já que o "terror" do filme é ridículo e acaba se resumindo apenas a sustos atrás de sustos, com monstros fazendo barulhos altos ou aparecendo na frente da tela. Quem jogou algum jogo da franquia vai ficar decepcionado, já que esses "sustos gratuitos" nunca fizeram parte da série.

Nos poucos momentos em que o filme tenta seguir uma linha de tensão mais psicológica, também falha miseravelmente. Os cenários cheios de sangue e o gore forçado que aparecem nessas horas ficaram tão mal feitos que chega até ser cômico. E não é necessário ser sádico para achar isso.

Pyramid Head aparece mais por fanservice do que para progressão da história
A atuação tem seus pontos altos e baixos. Adelaide Clemens e Carrie-Anne Moss, que entraram nas peles de respectivamente Heather Mason e Claudia Wolf, fizeram um bom trabalho e capturaram a essência de suas personagens relativamente bem. Por outro lado, Kit Harington, que interpretou Vincent Wolf, estava vergonhosamente mal no papel, ao ponto de parecer que o ator estava lendo as linhas de seu texto. Nem mesmo Sean Bean consegue se destacar no longa, e seu trabalho é apenas mediano.

Os efeitos especiais acabam sofrendo de um problema parecido. Alguns, como a transição para o Otherworld, são muito bem feitos e captam a atmosfera de desespero mostrada nos jogos. Em outras partes, como alguns dos monstros, fica extremamente óbvio que é uma CG, o que nunca é bom, especialmente em um filme de terror. Fica parecendo que houve um grande gasto e esforço para fazer alguns efeitos, e o resto ficou com o que sobrou do dinheiro. 

Os cenários são uma das únicas partes que não têm pontos negativos. Tal como em seu antecessor, houve um cuidado especial na montagem dos elementos dos cenários. Não só na composição geral, mas também em pequenos detalhes que aparecem nos jogos. Fãs mais atentos não vão poder deixar de sorrir um pouquinho ao notar alguma referência escondida, e são várias.

A trilha sonora também se destaca. Diversas faixas dos jogos, compostas por Akira Yamaoka, foram usadas no filme e se encaixam perfeitamente nas situações apresentadas. Para falar a verdade, a trilha é incrivelmente boa para uma adaptação tão genérica. 

Uma das poucas surpresas legais do filme

Um filme de terror sem terror

No fim, Silent Hill Revelation acaba não sendo um filme completamente ruim, mas também não chega a ser bom, ou mesmo regular. Ele tem seus momentos legais, principalmente para os admiradores da cidade amaldiçoada. Porém, esses acabam ficando ocultos pelos efeitos especiais malfeitos e as tentativas frustradas de tentar causar medo no espectador.

Fãs da franquia de survival horror da Konami podem passar longe, pois não estarão perdendo nada importante. E existem vários outros longa-metragens melhores para quem nunca ouviu falar na série e está simplesmente procurando um filme de terror para assistir. Infelizmente, na melhor das hipóteses, Silent Hill Revelation é um filme esquecível.


Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Rafael Lam

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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