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Análise: Viajar no tempo para procurar doces? Em Cut the Rope: Time Travel (iOS/Android), sim!

As pessoas têm bons motivos para viajar no tempo. Não, sério, de verdade. Umas fazem isso para salvar o planeta Terra, outras para salvar ... (por Gabriel Toschi em 16/05/2013, via GameBlast)

As pessoas têm bons motivos para viajar no tempo. Não, sério, de verdade. Umas fazem isso para salvar o planeta Terra, outras para salvar a vida de alguém, outras pelo bem da ciência e etc. Só que os seres humanos sempre acham motivos... ãhn... fúteis (?) para fazer algo. A ZeptoLab, desenvolvedora da franquia mobile Cut the Rope, conseguiu encontrar um ótimo motivo para causarmos paradoxos temporais e bagunçar as linhas do tempo: alimentar Om Nom com doces.

Ei, espera, esse bichinho verde estar com fome não é um motivo fútil!? É algo fofinho e que pauta a trama de Cut the Rope: Time Travel, lançado para iOS e Android. Procurar doces pelo espaço-tempo para alimentar estas criaturinhas é o terceiro jogo da série (após o original e o Experiments): vamos discutir um pouco sobre o que esta bagunça de ideias se forma na tela do seu celular ou tablet.

Um Om Nom incomoda muita gente, dois Om Nom’s incomodam muito mais...

Cut the Rope tem um nível de inovação bem interessante: as fases são sempre divididas por caixas/experimentos e a cada novo nível que você avança, provavelmente irá aparecer um novo objeto de gameplay para adicionar aos puzzles. Isso continuou em Experiments sem muitas alterações, mas em Time Travel foi uma mudança total. Sabe o que você aprendeu jogando os outros jogos? Multiplique por dois: agora você tem dois Om Nom’s para alimentar, em vez de apenas um, como antes.

Por mais que não pareça, isso muda (e muito!) a jogabilidade e te dá uma experiência nova. Se antes você tinha que pensar “como eu pego essa estrela?”, agora você ganha uma nova pergunta: “com qual doce eu irei pegar essa estrela?”. A interação entre os próprios doces acaba sendo um novo elemento de gameplay, já que, ás vezes, é necessário que uma bata na outra para alcançar o Om Nom, por exemplo.

E, sim, a ZeptoLab foi inteligente o bastante para colocar toda essa mudança dentro de uma história. Simples, claro, já que um puzzle mobile não necessita de tudo isso, mas bem pensada. Já que a história sempre foi baseada em caixas, tudo começa quando uma máquina do tempo em forma de caixa aparece após uma viagem temporal e rouba o doce de Om Nom. Ele, já que não é diabético e gosta de um docinho, foi atrás e acabou caindo em uma sucessão de viagens temporais em busca de doces.

Om Nom, até o momento, percorre seis épocas históricas: Idade Média, Renascimento, Navio Pirata (certo, sabemos que não é uma época e sim um lugar, mas tudo bem), Egito Antigo, Grécia Antiga e Idade da Pedra. Em cada época, a nossa criatura encontra um de seus antepassados e sua missão é alimentar tanto o representante do presente quanto o do futuro. A História, além de guardar mais trabalho, também guarda algumas novas surpresas. E é claro que estamos falando...

As seis épocas em que acompanhamos Om Nom

...dos novos elementos de gameplay!

Querendo ou não, por mais que a mecânica de cortar as cordas seja fundamental, é dos elementos de gameplay que Cut the Rope: Time Travel vive. Como já disse, a curva de aprendizado dele é bem natural, algo que a ZeptoLab sabe fazer bem. Somado à mecânica de dois doces, temos novos elementos nesta viagem no tempo:
  • Correntes e lâminas giratórias: direto dos tempos da Idade Média, veio um novo contraponto às cordas originais, as correntes, que só podem ser cortadas com lâminas giratórias - estas, sim, seguradas por cordas. Você tem que começar a pensar que corda vai cortar para saber qual lâmina vai cortar qual corrente. Sim, é um fluxo de pensamento bem maior;
  • Botão de parar o tempo: aparecendo pela primeira vez nas viagens pelo Renascimento, este botão acaba por congelar todos os elementos da tela, exceto estrelas. Isto é quase um botão amigo, que te dá todo o tempo do mundo para pensar, mas que se torna um botão necessário, já que ele, ao ser usado, quebra toda a trajetória que o doce poderia percorrer;
  • Bombas piratas: descobertas nos armazéns do Navio Pirata, estas bombas explodem ao tocar nos doces, e o melhor é que eles não quebram, apenas são impulsionados, abrindo um novo leque de pensamentos a se fazer. Muitas vezes, eles precisam ser usados com os dois doces ao mesmo tempo - obrigado ZeptoLab por mais zilhões de probabilidades;
  • Doces voadores: uma mágica famosa do Egito Antigo de Om Nom é fazer com que um dos doces do jogo tenha asas e repita exatamente os mesmos movimentos do doce com cordas que você controla, como se fosse um espelho, te obrigando a sempre pensar em dois movimentos exatamente iguais;
  • Portais giratórios gregos: tudo bem que o pessoal da Grécia Antiga era bem inteligente, mas fazer portas giratórias já é demais, não? Cada Om Nom fica em uma porta, quando um dos doces passa pelo ativador, as duas giram, escondendo uma das criaturas e mostrando o outro - logo, apenas um estará a mostra de cada vez;
  • Relógio de pedra: nada melhor do que uma tecnologia da Idade da Pedra ser de... pedra? Um relógio pode ser usado para mover e girar determinados objetos nas fases (como estrelas e trampolins) apenas girando os ponteiros. Aliás, um jogo sobre viagem no tempo ter um relógio de pedra na fase da Idade da Pedra foi uma ótima ideia;

Viagens no tempo são tão rápidas assim?

Certo, falar de duração de alguma coisa quando se trata de viagem no tempo não é tão fácil, admito. Porém, Cut the Rope: Time Travel acaba por ser um jogo menor que seus antecessores, pois tem apenas 15 fases em cada época, ao contrário das 25 em cada caixa nos outros títulos. Aliás, é o jogo que contém menos grupos de fases, já que Experiments tem 7 e o título original tem 14. A promessa de mais épocas ainda se mantêm na esperança de atualizações, mas, por enquanto, o jogo é realmente mais curto que os outros.

Talvez para compensar o quanto de neurônios você teria de queimar para entender os paradoxos temporais por trás do jogo, eles tenham deixado ele mais fácil. Não é algo “mamão com açúcar“, mas foram poucas fases que realmente me fizeram quebrar a cabeça como os títulos anteriores. De toda forma, continua bem divertido, mas poderiam ter complicado um pouco mais. Não sei se para um número de 15 fases seria bom ter níveis mais difíceis, mas talvez com as vinte e cinco originais pudesse ser mais desafiador.


De todo modo, o jogo está bem bonito, segundo a linha gráfica dos seus antecessores e combinando com toda a temática. O menu principal está bem colorido e cheio de espirais, dando a ideia de viagem no tempo. As músicas acabaram por ser um pouco repetitivas, um problema constantemente enfrentado por puzzles mobile que não foi bem trabalhado. Porém, são ótimas de ouvir e o tema principal me lembrou “Back to the Future”.

Sabe aquela viagem que você nunca quer esquecer? Time Travel não chega a ser assim, mas quem jogar provavelmente vai se divertir bastante com Om Nom e seus antepassados. O game está disponível na Apple App Store para iPhone ($0.99), iPad ($2.99) e na Google Play Store nas versões normal (grátis) e HD (R$ 2,00). E se bater a vontade de ter apenas um pouquinho de fofura, a série animada da franquia, Om Nom Stories, tem seus últimos episódios baseados nas viagens temporais de Time Travel.

Prós

  • O melhor da essência Cut the Rope foi mantido;
  • Nova mecânica de dois doces e duas criaturas;
  • Evolução constante do gameplay com novos objetos;
  • Gráficos bonitos, seguindo o estilo da série;
  • Ótimo custo-benefício (sendo até gratuito para Android);
  • Fala de viagens no tempo (pra mim, isto é um pró).

Contras

  • Diminuição de níveis por época: de 25 para 15;
  • O jogo é um pouco mais fácil que os antecessores;
  • Músicas legais, porém repetitivas com o tempo.
Cut the Rope: Time Travel - iOS/Android - Nota: 8,5

Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Daniel Silva

sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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