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Análise: The World Ends With You: Solo Remix (iOS)

Depois de receber uma análise no Nintendo DS , um Game Music e até mesmo um Blast Log , já era de se esperar que esta obra-prima da Squar... (por Fellipe Camarossi em 16/12/2012, via GameBlast)

Depois de receber uma análise no Nintendo DS, um Game Music e até mesmo um Blast Log, já era de se esperar que esta obra-prima da Square Enix recebesse uma nova análise com seu relançamento para iOS, não é? The World Ends With You -Solo Remix- foi um dos muitos jogos lançados pela produtora para o iOS, mas este de longe se destaca pela sua jogabilidade única no DS. Será que sua inovação conseguiu ser repetida nos aparelhos da Apple? Acompanhem a seguir e vamos ver!

Sete Dias

O visual é arrojado.
Antes de qualquer coisa, vale relembrar a história desse jogo maravilhoso que, mesmo que tenha sido lançado em 2008, continua sendo atual com sua abordagem crítica. O título se passa em um plano paralelo ao nosso no bairro de Shibuya, em Tóquio, narrando as desventuras de um adolescente antissocial e misantropo chamado Neku Sakuraba. Devido a um determinado trauma, o rapaz não se aproxima mais das pessoas e acredita que pode se virar muito bem sozinho, a ponto de mandar que todos simplesmente se calassem e deixassem-no em paz. Bem, ele conseguiu o que queria; Neku simplesmente desperta no meio das movimentadas ruas de Shibuya e todos o estão ignorando.

A coisa só piora quando ele recebe uma mensagem de texto no celular indicando que deveria executar uma determinada missão num tempo estipulado, e nisso um contador surge na palma de sua mão. A partir deste ponto, diversas criaturas chamadas Noises (ruídos, barulhos) passam a atacá-lo, o forçando a fugir e iniciar suas aventuras pelo bairro, lutando pela própria sobrevivência para sair desse jogo brutal e doentio no qual foi colocado sem nem saber o motivo.

A narrativa de The World Ends With You (ou “It’s A Wonderful World” no original japonês) é extremamente envolvente pelo simples fato de que você pode até não se identificar com o protagonista caótico e reservado, mas acaba querendo saber o destino dele (como quando você pega um livro e não vê a hora de terminar para saber o desfecho da aventura do protagonista). É revelado que Neku foi desmemoriado antes de entrar no jogo e terá de depender da ajuda de uma parceira, Shiki Misaki, para poder sobreviver. O interessante é que a parceira dele é seu completo oposto, uma moça extrovertida e que acredita que a cooperação é a chave para o sucesso. Mas como lidar com duas pessoas totalmente opostas precisando uma da outra para sobreviver? É aí que entra o catalisador desta união: você, jogador.

Dessa vez em uma tela só

O que tornou The World Ends With You possivelmente o jogo mais inovador do Nintendo DS foi que ele permitia a utilização de dois personagens distintos simultaneamente nas duas telas; era preciso controlar Shiki na tela superior do portátil através dos botões e Neku na inferior, dependendo somente da tela tátil. A questão é que os dispositivos da Apple (iPhone, iPod e iPad) não possuem duas telas, então como fizeram para portar o jogo para lá?

A mistura de traços 2D em um mundo 3D fazem desse jogo maravilhoso.
Antes de explicar isso eu devo explicar como funciona o sistema de combate neste jogo. O jogador depende do uso dos “pins” (bottons, broches) para canalizar o seu poder e disparar diferentes tipos de comandos, como conjurar fogo, disparar um raio ou mesmo transformar o próprio braço numa espada. Para ativar cada comando é preciso fazer uma ação distinta na tela inferior, como tocar um ponto da tela, fazer um movimento de corte ou ficar pressionando um local. São mais de trezentos pins diferentes e cada um com o seu poder, o deixando sempre ansioso para testar todos e evoluí-los. Já a parceira de Neku depende da sequência de botões pressionada para executar um combo diferente com o uso de seu ursinho de pelúcia, aparentemente controlado como uma marionete pela garota (embora essa diga que o ursinho tem vida própria). Desta maneira, o jogador pode manipular ambos os personagens ao mesmo tempo.

Só um pouquinho de variedade.
E aí chegamos aos dispositivos iOS. Eu não sei se repararam, mas além de contarem somente com uma tela, eles não possuem botões (exceto o “Home”) para serem pressionados e gerarem o combo. Desta maneira, algumas alterações foram necessárias. Para começar, ambos os personagens lutam na mesma tela e, para acionar os poderes do parceiro, é preciso executar determinada ação – da mesma maneira que são ativados os pins. Assim fica até natural o uso do parceiro após algum tempo de jogatina, já que eventualmente você terá algum pin que necessita do mesmo movimento que o seu parceiro, criando fluidamente combos cooperativos.

Na versão original do game, para facilitar a transição entre as duas telas, existia o Light Puck, uma esfera verde de energia que viajava entre os dois jogadores sempre que um dos dois personagens executava um combo com maestria, trocando entre os parceiros e aumentando o poder daquele que porta a esfera. Como aqui o parceiro deve ser conjurado, o Light Puck surge quando os ataques do parceiro e do jogador atingem o alvo simultaneamente, aumentando gradativamente o dano dos ataques e carregando uma barra de sincronia (utilizada para disparar um poderoso ataque especial). Assim conseguiram transferir toda a jogabilidade inovadora do título para o iOS, inovando mais uma vez e tornando o jogo tão viciante quanto antes.

Uma obra de arte em todos os quesitos

Além do jogo já ser excelente pela sua jogabilidade única, ele também agrada muito os olhos e os ouvidos. Seus gráficos não são em 3D poligonal ou algo do gênero, mas decerto possui um traço carismático e um visual único por abordar assuntos que sempre estão no nosso dia-a-dia da cidade grande; modas, grafite, tendências, música. Shibuya é uma cidade moderna e guiada pelos grandes que ditam a moda, e seu território é conhecido pelas belas artes de rua do artista CAT, cuja obra parece transbordar a mensagem de “viva cada momento como se fosse o último”.

Maravilhoso é pouco pra esse traço.
A parte musical deste título é arrasadora, lembrando que este já inclusive recebeu um Game Music. O jogo mostrou que não é somente de músicas instrumentais que se faz a trilha sonora de um jogo. Sua lista inclui músicas populares japonesas e até mesmo alguns rocks (J-Pop e J-Rock, respectivamente), com vocais inclusive traduzidos para o inglês na versão ocidental. Mas claro, como existem os fãs naturais da música oriental, é possível escutar as versões originais das músicas. Em vez de um modo “Sound Test” como é comum nesse tipo de jogo, as músicas são itens a serem comprados dentro da própria aventura, podendo ser ouvidas a qualquer instante durante a jogatina, acessando seus CDs dentro do menu de itens – algo que deveria ser feito em todos os jogos, na minha singela opinião.

Além disso tudo, recentemente os personagens dessa obra participaram do jogo Kingdom Hearts 3D: Dream Drop Distance para Nintendo 3DS, onde ganharam uma revisagem gráfica para se adaptar a série e algumas músicas remixadas. Estas últimas também estão disponíveis na versão iOS do jogo, para o deleite de jogadores que apreciam uma boa música enquanto enfrenta os oponentes – que é justamente o meu caso.

Neku e Joshua ficaram ótimos nesse gráfico 3D.

As possibilidades são infinitas

Este título apesar de tudo possui algumas falhas, como uma história principal um pouco curta se você for viciado e jogar freneticamente, só poder ter um save por jogo (o que complica caso mais de uma pessoa use o aparelho) e o fato de ter perdido seu estilo único no processo de migração para o iOS, mas isso também acarretou em alguns pontos positivos. Por exemplo, o Game Center dos aparelhos da Apple conta com um sistema de conquistas para os jogos disponíveis no iOS, e esta característica está presente em The World Ends With You, que expande de forma intensa a vida útil do jogo.

Para compensar o problema dos viciados, o jogo criou um sistema que recompensa o jogador por ficar sem jogar (não, você não leu errado: o jogo te recompensa por não jogar). Para evoluir seus pins são precisos PPs (Pin Points), que são adquiridos de três maneiras: a primeira é em combate, ganhando pontos conforme massacra seus oponentes. A segunda é quando você desliga o jogo; a cada hora que se passa você acumula pontos para quando ligar o jogo novamente, podendo juntar até no máximo sete dias.

Conquista Desbloqueada: Duplo Flip Carpado de Costas
Mas e a terceira maneira? Estes são os Mingle Points (MPs), acumulados quando você deixa o jogo inativo e passa perto de outra pessoa com o mesmo jogo, assim trocando informações com ela e pins também. Esse modo era mais simples de adquirir pontos no DS, já que bastava passar perto de outra pessoa com o aparelho para acumular pontos, e não somente com aquele jogo.

O título ainda possui um sistema multiplayer chamado Tin Pin Slammer, jogo que se assemelha ao anime “Beyblade”, onde o objetivo é jogar o pin do oponente para fora do campo de batalha. Este modo de jogo ainda é crucial durante a jogatina – como poderão ver – e é um bom meio de se divertir com os amigos. O melhor de tudo é que além do jogo ser lindo, ele fica ainda melhor na tela enorme do iPad; o jogo fica mais fácil de jogar e enche os olhos ver os detalhes remasterizados no visor do dispositivo.

Divertido do começo ao fim

Sem sombra de dúvidas este é de longe um dos melhores jogos disponíveis na App Store. Mesmo com o preço salgado se comparado a outros títulos na loja de aplicativos (U$ 17,99 no iPhone e iPod e U$19,99 no iPad), o investimento vale cada centavo. O jogo é divertido, com uma narrativa envolvente, músicas belíssimas, jogabilidade única... Eu poderia ficar aqui repetindo tudo que eu já citei nesta matéria e continuar elogiando um dos melhores jogos já criados pela Square Enix, mas não serei capaz de fazer jus ao jogo ainda assim. Se tiverem com dinheiro sobrando pra um título neste fim de ano, presenteiem-se com este. Não irão se arrepender.

Um dos melhores do DS faz o seu retorno - e com estilo.

Requisitos:

  • Compatível com iPhone 4 e posteriores, iPod a partir da quinta geração e iPad 2 e posteriores.
  • Requer iOS 4.3 ou superior.

Prós:

  • Jogabilidade única dentre os jogos do iOS;
  • Gráficos com traços modernos e carismáticos;
  • O sistema de conquistas expandiu a vida útil do jogo.

Contras:

  • Perdeu o estilo clássico de duas telas na migração;
  • Em algumas cenas, no iPad, os gráficos ficam ligeiramente pixelados;
  • Apenas um espaço para save, não podendo ter duas “campanhas” simultaneamente.
The World Ends With You: Solo Remix - iOS - Nota Final: 9.0
Visual: 8.0 | Som: 9.0 | Jogabilidade: 9.0 | Diversão: 10.0

Revisão: Gabriel Toschi

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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