Jogamos

Análise: Trials Rising (Multi) te mostra o mundo por uma perspectiva radical, mas meio travada

A sequência aproveita grandes cartões postais, espalhados por diversos países, para criar circuitos surreais.

Após um hiato de cinco anos, uma das séries mais insanas e divertidas da Ubisoft está de volta. Trials Rising (Multi) consegue melhorar tudo que seu antecessor já fazia muito bem. Infelizmente, alguns deslizes também foram herdados de Trials Fusion (Multi).

De volta à terra

Logo de cara o que chama atenção é que a temática futurista foi abandonada totalmente. Agora as pistas estão localizadas em diversos lugares pelo mundo, dando aquela sensação de um piloto que viaja por cada país em busca de novos desafios. Se torna muito mais convidativo fazer manobras na Torre Eiffel ou na Grande Muralha da China, do que em uma localização distópica.

Entretanto, as provas não abandonaram seu nível de surrealidade. Além dos eventos em lugares característicos, como a prisão de Alcatraz, existem outros que se passam dentro de um avião, sobre um trem em movimento, um cargueiro e até mesmo durante a gravação de um filme de ficção científica.

Outro elemento importantíssimo para te colocar no clima é a trilha sonora. Os temas que misturavam synthwave e melodias eletrônicas deram lugar a uma bela coleção de canções de rap, rock, heavy metal e punk. Entre as bandas mais famosas estão Motörhead, Anthrax, Jurassic 5, Sum 41 e Trivium.

Loucura 101

Alguns obstáculos mais avançados podem se tornar chatos e tediosos. Para isso existe a Universidade Trials, um tutorial que explica detalhadamente como proceder, desde as técnicas mais básicas, até as mais avançadas.

Para garantir que o jogador aprendeu, as lições podem ser repetidas, sempre com novos objetivos, para acumular pontos de experiência e desbloquear novos itens. São um total de 12 lições, em que o professor FatShady dá notas que variam de D até A+.

Mais objetivo com mais objetivos

O modo campanha está bastante diferente. A linearidade de liberar uma área com um conjunto de fases foi deixada de lado. Agora, as pistas são liberadas no mapa à medida que corridas são ganhas e o nível do jogador sobe. Ao atingir um número determinado, também são liberados torneios que consistem em três circuitos, no sistema eliminatório.

A primeira possui oito participantes, na segunda o número é reduzido pela metade e na última sobram apenas os dois melhores. Ao vencer esses campeonatos, a dificuldade dos novos trajetos liberados aumenta, com obstáculos mais elaborados.

Por falar em dificuldade, no geral ela consiste em uma mistura do nível do trajeto com os objetivos a serem cumpridos. É comum revisitar um percurso muitas vezes, mas com diferentes focos. Isso aumenta a vida útil das fases, pois nenhuma corrida é igual a outra.

O patrocinador também influencia no que será feito em cada corrida. Enquanto progredimos, os responsáveis de cada marca nos pedem diversas proezas em troca de partes customizáveis.

O desempenho do jogador é avaliado de duas maneiras. Além de cumprir com as missões, o tempo feito na corrida determina qual será sua medalha entre bronze, prata, ouro ou platina. Porém, um fator não interfere no outro. É totalmente possível conseguir ouro em uma pista, mas falhar nos objetivos ou cumprir tudo que foi pedido sem conquistar medalha alguma.

Quem também está de volta são os infames esquilos dourados. Em cada trajeto existe uma estatueta para ser achada. Porém, diferente do título anterior, encontrá-los é uma atividade muito mais amistosa e divertida. A medida que vamos achando cada, ganhamos itens únicos e nozes, que são uma espécie de moeda especial dentro do jogo.

Os fantasmas se divertem

Com exceção dos torneios, em que vemos nossos oponentes lado a lado, cada trajeto conta com fantasmas da comunidade. A projeção deles mostra o caminho mais rápido a ser seguido, a fim de economizar alguns segundos e conseguir uma medalha de ouro. Em tese isso funcionaria muito bem, mas na prática isso falha as vezes.

Quando a pista tem uma dificuldade baixa, é muito fácil deixá-los para trás. Já em alguns trajetos mais complicados, eles disparam muito rápido, deixando o jogador sem uma referência. Isso pode dar uma travada nos que nunca se aventuraram com um título da série antes.

Pilotando com estilo

Uma atração à parte é a customização do piloto e da moto. A cada nível de experiência atingido, uma caixa com três itens é obtida. Ela pode conter adesivos, peças para a moto ou incrementos para o piloto.

A personalização tem infinitas possibilidades. Cada parte do vestuário pode ter a cor alterada e ser editada com até 200 stickers, na disposição e tamanho que o jogador achar melhor. As criações podem ser compartilhadas entre os outros membros da comunidade.

Além desses, existem os trajes patrocinados. Cada marca, após algumas missões, lhe oferecem corridas valendo partes de um uniforme completo. Essas provas tendem a ser um pouco mais difíceis, mas vale a pena para ter uma roupa completa de FOX, KTM, Red Bull e até da própria Ubisoft.

Marcha lenta

Como nem tudo são flores, Trials Rising também comete seus pecados. Além de alguns lags constantes, que dão aquela sensação de “travada”, o jogo precisa estar constantemente conectado à internet.

Quando a conexão fica instável, os loadings se tornam extremamente lentos. Mesmo após achar os fantasmas que o acompanharão na pista, a espera continua.

Vale citar que apenas algumas missões exigem que um fantasma seja derrotado, tornando a presença deles em todos os momentos dispensável. Mesmo assim, é impossível fazer compras e customizar peças sem estar conectado.

Outro erro referente a rede foi uma falha de carregamento logo na tela de início. O jogo demorou mais que o normal para carregar e ao começar, os itens customizados voltaram ao seu estado sem edição. Além disso, era impossível tentar editar eles novamente e alguns outros acessórios foram duplicados.

Isso aconteceu mais de uma vez, e o próprio sistema do PS4 identificou um arquivo de inventário corrompido. Entretanto, mesmo após o restauro esse problema persistiu.

Mais uma falha incômoda é a demora da renderização em certos momentos. Ao iniciar a corrida, alguns dos elementos de fundo da pista não tomam forma e parecem borrões. Isso também ocorre na tela final, em que cada piloto aparece com seu tempo de prova.

Chegando no pódio

Caso o jogador se canse das corridas já existentes, existe um modo de criação de pistas. Ele conta com mais de oito mil itens para criar um trajeto que seja sua cara e compartilhá-lo na rede. Além disso, pode-se experimentar os percursos criados por outras pessoas também.

Mesmo com alguns problemas, e ainda sem ter sido lançado um pacote de correções para possíveis falhas e bugs, Trials Rising melhorou em muito tudo o que seu antecessor trouxe para essa geração. Se diversão rápida e descomprometida é o que você procura, esse jogo pode ser sua resposta.

Prós

  • Pistas com visuais bacanas, inspiradas em diversos lugares do mundo;
  • Grande variedade e possibilidade de customização do personagem;
  • Trilha sonora combina bastante com a vibe do jogo;
  • Tutorial muito útil para quem está chegando na série agora.

Contras

  • Diversos momentos com lags;
  • Algumas vezes os loadings demoram demais;
  • Os fantasmas não ajudam tanto quanto deveriam;
  • Falhas no carregamento do inventário fazem itens duplicarem, reverterem suas edições e até sumirem.
Trials Rising — PC/PS4/Switch/XBO — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Análise feita com cópia cedida pela Ubisoft

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google