BGS 2017: Conhecendo Skydome (PC), um tower defense competitivo e totalmente nacional

Apresentando qualidade bastante elevada, projeto do estúdio paulista Kinship chamou a atenção dos visitantes da feira.



Deixando de lado os espaços aglomerados próximos da Sony e Microsoft na BGS, os corredores menos concorridos reservam surpresas até mais interessantes do que aquelas apresentadas pelas produtoras internacionais. Foi em uma dessas caminhadas que a equipe do GameBlast encontrou um estande bastante grande e movimentado, onde o estúdio responsável exibia seu novo projeto multiplayer, realizando campeonatos entre os visitantes da feira. Tentando entender melhor o que de fato acontecia naquela área, nos deparamos com um game visualmente interessante e, para nosso deslumbre, totalmente nacional.


Trata-se de Skydome, um tower defense que está sendo desenvolvido pela Kinship, empresa sediada na cidade de São Paulo. “Curtimos bastante o gênero e achamos estranho que ninguém vem apostando nesse estilo de jogo”, conta Matheus Zanetti, um dos profissionais do estúdio. Para avaliar se o projeto seria bem aceito pelo público, essa não foi a primeira vez que a Kinship participou da BGS. Na edição do ano passado, a empresa ocupou um dos estandes da área indie e apresentou o primeiro protótipo de Skydome. “Em quatro meses fizemos o protótipo e, na feira, recebemos feedback bastante positivo. Saímos com o conceito validado e com o moral lá em cima. Tivemos a certeza que esse era o caminho”, comenta.

Depois do sucesso conquistado na BGS do ano passado, a equipe da Kinship cresceu. O estúdio, que nasceu em abril de 2016, contava inicialmente com seis pessoas e funcionava em um coworking — ambiente de trabalho compartilhado por diferentes empresas. Porém, ao ter certeza que o projeto apresenta futuro promissor, a equipe foi crescendo e hoje já tem 18 membros, além de sede própria. “O protótipo de 2016 foi jogado no lixo e o projeto recomeçou do zero. Isso porque não estava preparado para a estrutura de um jogo online. Já os conceitos permaneceram, passando apenas por um processo de refinamento”, relembra Zanetti.
Matheus Zanetti, um dos profissionais da Kinship
Passado um ano da primeira participação na BGS, o estúdio voltou ao evento como expositor. Só que desta vez, ao invés de estande na área indie, a Kinship montou uma grande estrutura de fazer inveja a muitos estúdios internacionais que também estavam na feira. “Queremos mostrar que o Skydome está sendo bem feito, pois estamos realizando tudo com muito capricho e carinho aos detalhes. O pessoal não acredita que se trata de projeto 100% nacional. O Brasil tem em seu coletivo de que qualquer coisa que vem de fora é melhor do que as nossas. Mas, não é verdade e queremos ajudar a mudar um pouco isso, puxando para cima o nível dos games nacionais”, destaca Zanetti.

É mais um MOBA?

Skydome nasceu visando expandir o gênero tower defense. “A galera chega aqui pensando ser um MOBA, mas não é bem assim. Preferimos chamar de action tower defense. Existem alguns jogos assim no mercado, mas nenhum pensado desde o início para ser multiplayer”, conta Zanetti. Durante a BGS 2017, foi apresentada a versão mais recente do game e o público foi convidado a manifestar sua opinião sobre o jogo. “Queremos críticas negativas agora, pois é o momento de solucionar possíveis problemas”, diz. O título também vem chamando a atenção de profissionais de eSports, como a CNB e INTZ. “Recebemos deles um feedback qualitativo”, complementa.
O estande da Kinship na BGS

Conhecendo Skydome

O conceito do jogo são duas arenas separadas, onde competem duas equipes de quatro integrantes cada. O jogador escolhe uma criatura que terá a missão de atacar o artefato adversário, que fica no final do campo inimigo. Também é preciso determinar quais serão os caminhos percorridos pelos monstros. Tanto a estratégia de criaturas como a de rotas pode ser alterada a qualquer momento. Além disso, há também os personagens controláveis que armam a defesa contra os seres enviados pela equipe adversária.

Cada personagem tem um estilo e função diferentes, sendo que sua força vai crescendo a cada nova onda. Há ainda as habilidades chamadas de intervenção, que são skills que acertam o território inimigo, atrapalhando as defesas deles. “A briga é essa, ajudar suas tropas a chegarem ao objetivo e não se descuidar da própria defesa, tudo ao mesmo tempo, causando um excelente nível de profundidade estratégica”, detalha Zanetti.
Pôster e chaveiros do game estavam à venda no evento
Atualmente, está aberto o cadastro para o beta de Skydome. “Agora, garantimos que todos os inscritos participarão, mas daqui um tempo não existirá essa certeza. Pode ser que o acesso seja liberado ou não. Vai depender de quantos cadastrados realmente participarem”, explica Zanetti, comentando que não há um cronograma fechado para o jogo. “A expectativa é bastante alta, trabalhamos com bastante carinho e atenção aos detalhes. Estamos indo um passo de cada vez. A equipe pode parecer grande para o mercado brasileiro, mas em comparação ao restante do mundo não é nada”, complementa.

A dedicação é tamanha que nomes importantes já marcam presença no projeto. Por exemplo, alguns dos personagens foram dublados pelos mesmos atores que fizeram as vozes de Freeza e Mr. Satan em Dragon Ball Z.
“Tem um pessoal que bate o olho e pensa que é um jogo tipo League of Legends. Mas não é assim, não tem porque eu tentar competir com uma empresa como a Riot. Por isso, estamos fazendo algo completamente diferente e original”, finaliza Zanetti.
Um dos banners que enfeitavam o estande

Conferindo o game

Nossa equipe se dividiu e pudemos aproveitar a oportunidade para conhecer mais sobre o jogo da melhor maneira possível: testando. Havia oito computadores (quatro para cada lado), equipados com periféricos muito confortáveis e de boa qualidade, e cada estação era acompanhada de um técnico — que faz parte da equipe de desenvolvimento.

Seu primeiro passo em Skydome é escolher um herói — havia quatro opções, distinguíveis entre si pelas categorias e pelas habilidades que poderiam ser conquistadas e utilizadas. Os visuais pareceram-me bem originais, seja na aparência física, vestimentas ou equipamentos de combate. Como o jogo ainda está em desenvolvimento, não é plausível criticar a falta de variedade de heróis na versão apresentada ao público.


Apesar de depender de trabalho em equipe e das escolhas de um herói, Skydome não é um MOBA — mesmo que pareça. O seu herói é forte o suficiente para destruir torres e lacaios hostis, mas a base inimiga só pode ser alcançada e atingida com seus minions. É sua obrigação, portanto, gerenciar o tipo deles e em qual corredor eles irão se posicionar para o combate. Cada um dos quatro jogadores escolhe uma estratégia de combate de perto, combate distante ou defesa, estudando também os padrões de inimigos que atravessam a ponte em direção ao seu Nexus.

As habilidades dos minions geralmente são estáticas, mas as do herói são bem dinâmicas e podem ser carregadas a partir da quantidade de dano causado nos inimigos. Jogando de DPS (categoria que prioriza ataques rápidos e inviabiliza mecanismos de defesa), consegui me movimentar rapidamente e destruir muitas hordas de lacaios inimigos com uma das habilidades que tinha tempo de refresh menor. As habilidades são basicamente do tipo dano físico, mágico e cura, possibilitando abordagens táticas muito distintas.
As novidades sobre Skydome podem ser acompanhadas pelas redes sociais do game.
Colaboração: Arthur Maia

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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